O tempo em janeiro: mais frio e chuvoso do que o normal?
Janeiro de 2021 arrancou com temperaturas baixas e alguns nevões. Todavia, espera-nos um mês de contrastes, variável e com elevada incerteza que, por agora, tratará de nos fazer chegar frio intenso. Consulte a previsão!
Janeiro de 2021 começou com frio e alguns nevões irregularmente distribuídos pelas localidades portuguesas de maior altitude, mais abundantes nas áreas montanhosas dos pontos do extremo norte/noroeste e na principal cordilheira continental (serra da Estrela). Além disso, ao longo dos próximos dias, o frio originado pela massa de ar polar ártica e que já nos está a afetar, vai intensificar à medida que se for instalando e solidificando sobre toda a Península Ibérica. Embora as temperaturas não estejam a registar valores extraordinariamente baixos, ainda assim os termómetros vão registar valores muito abaixo da média para os primeiros dias do mês.
Até quando vai durar este frio intenso?
Aparentemente, a resposta mais simples e direta é que não vai durar muito para além da próxima semana, mas, devido à configuração apresentada pelos atuais modelos de médio e longo prazo, parece que temos por diante um mês muito complexo. As temperaturas vão continuar frias de forma geral e persistente nos primeiros 10 dias de janeiro. Somente a partir do dia 11 é que o padrão meteorológico deverá voltar a alterar-se, ainda que neste caso resida alguma incerteza, dada a distância temporal.
Em princípio, prevê-se que o período mais gélido do mês seja entre os dias 3 e 6, e novamente no dia 8. Mesmo assim, esta situação deverá prolongar-se durante mais uns quantos dias, especialmente no interior Norte e Centro do país. De facto, a anomalia térmica negativa prevista pelo ECMWF estima valores de temperatura entre -3 ºC a -6 ºC de norte a sul de Portugal continental. Somente algumas cidades do Algarve registarão um ambiente menos frio.
Em todo o caso, apesar do frio intenso e duradouro dos primeiros 7-10 dias de janeiro, os modelos de previsão estimam um cenário normalizado no que diz respeito aos valores de temperatura para as restantes semanas do mês. Este padrão indica uma elevada probabilidade de configurações atmosféricas distintas da atuais que fazem com que as oscilações térmicas alternem intrusões de ar frio com injeções de ar temperado. De momento, tendo em conta as anomalias térmicas previstas para a segunda quinzena do mês (0 ºC a +3 ºC) acima do habitual em toda a geografia continental, parece que as intrusões de ar temperado vão ganhar a ‘corrida’.
Um mês húmido nalgumas regiões, noutras nem por isso
No que toca à precipitação, os valores previstos variam de região para região. Para já, não se prevê um janeiro extraordinariamente chuvoso. O ECMWF mostra um cenário de pluviosidade muito variável e diverso, com algumas anomalias de destaque.
De facto, os modelos antecipam que o cenário mais provável seja de um mês particularmente húmido no litoral Norte, bem como nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e algumas localidades do Alto Alentejo, especialmente na segunda e na terceira semana do mês. Algumas regiões poderão registar entre 30 a 60 mm acima do normal. No entanto, Lisboa e vale do Tejo, Alentejo, Algarve e uma grande parte da Beira Interior registará um padrão pluvioso que se refletirá num janeiro mais seco que o habitual.
Estes panoramas projetados estão em concordância com um fluxo zonal ausente ou muito fraco, que consequentemente estimulará uma circulação de tempestades e sistemas de baixa pressão muito, muito irregulares. Este ano os valores de temperatura e precipitação deverão ficar próximos ao normal, apesar da variabilidade evidente entre as diferentes regiões.