Previsão para janeiro de 2025 em Portugal: “Confirmado. O tempo vai mudar nos primeiros dias do mês”, diz Alfredo Graça
Após um dezembro que terminará com nevoeiro denso e tempo frio numa parte significativa do nosso país, o modelo de confiança da Meteored acaba de atualizar as suas previsões para janeiro. Estará à vista chuva abundante, neve ou até mesmo alguma vaga de frio em Portugal?
O nevoeiro denso e localmente persistente está a ser o protagonista da meteorologia nesta reta final de 2024 em Portugal continental. As altas pressões consolidaram-se nas imediações e sobre o nosso território e já lá vão cerca de duas semanas com estabilidade atmosférica praticamente absoluta. Esta situação é relativamente comum nos meses de inverno, mas já se vislumbram alterações no estado do tempo para os próximos dias.
A verdade é que na geografia continental já não chove desde os dias 18 e 19 de dezembro, quando uma frente fria atlântica atravessou uma parte significativa do país. No entanto, os mapas de referência da Meteored já revelam possíveis surpresas para janeiro de 2025.
Janeiro, o mês mais frio do ano em Portugal continental. E nos Arquipélagos?
Climatologicamente, janeiro é o mês mais frio do ano em Portugal continental, com uma temperatura média no conjunto do país de cerca de 8,8 ºC, embora com grandes diferenças: das temperaturas gélidas das terras altas e montanhosas do interior Norte e Centro passamos aos valores amenos, por vezes primaveris, de algumas zonas da faixa costeira ocidental e Algarve.
Em janeiro, os valores médios são geralmente ligeiramente inferiores aos de dezembro, diferença que é mais notória no extremo sul do país (Algarve). As geadas noturnas são comuns em muitas zonas do interior e nas montanhas. As temperaturas máximas mais amenas concentram-se no Algarve, nos Açores e na Madeira, com uma média de cerca de 16 ºC, 17,2 ºC e 19,7 ºC, respetivamente.
Um dos meses mais húmidos do ano, mas com uma distribuição regional muito desigual
O primeiro mês do ano é normalmente dominado por calmarias anticiclónicas ou pela circulação zonal. É habitualmente um dos períodos mais húmidos e instáveis do ano em qualquer zona das três unidades territoriais portuguesas: Continente, Açores (111,5 mm) e Madeira (74,1 mm).
A precipitação média mensal ultrapassa os 150 mm no Alto Minho, Cávado, Ave e Viseu Dão-Lafões, sendo superior aos 100 mm no Alto Tâmega e Barroso, Tâmega e Sousa, Área Metropolitana do Porto e Região de Aveiro. Por outro lado, em grande parte do Alentejo e no Algarve, a média de janeiro é inferior a 70 mm.
Previsão da temperatura: haverá alguma vaga de frio em janeiro de 2025?
A incerteza é considerável para as duas primeiras semanas de janeiro, mas o nosso modelo de referência sugere que a atmosfera irá apresentar-se muito dinâmica. As temperaturas poderão estar 1 a 3 °C abaixo da média no Nordeste Transmontano, com ligeiras anomalias de frio em quase todo o resto do país. A exceção será o litoral Norte e Centro, onde não se vislumbram anomalias significativas para o início de janeiro (até dia 6).
Quanto ao início de janeiro (até ao dia 6) nos arquipélagos, para os Açores prevê-se mais calor do que o normal (entre 1 e 3 ºC acima da média) e na Madeira também, mas com uma anomalia mais suave. Para o período de 6 a 13 de janeiro, perspetiva-se um cenário radicalmente diferente no Continente: as temperaturas poderão manifestar valores substantivamente acima da média de norte a sul, com especial ênfase na Região Norte e em parte da Região Centro (distritos de Aveiro, Viseu e Guarda) - anomalias entre 3 e 6 ºC.
Nos Açores e na Madeira a tendência de tempo mais quente do que o habitual deverá manter-se na semana de 6 a 13 de janeiro, com valores de temperatura entre 1 e 3 ºC acima do normal. Para o resto do mês, a incerteza na previsão aumenta significativamente, mas as primeiras tendências apontam para a continuidade de um cenário com temperaturas superiores à média climatológica de referência.
As probabilidades de um grande temporal de chuva e/ou neve
Fazer uma previsão da variável de precipitação é uma tarefa habitualmente complexa e que se torna ainda mais complicada na primeira metade de janeiro, quando Portugal fica potencialmente exposto à zona de contacto entre massas de ar polares e tropicais, e até a um possível padrão NAO-, de modo que as depressões podem mesmo vir a aproximar-se da nossa geografia.
Nos primeiros dias (até dia 6), a precipitação poderá apresentar níveis superiores à média da época do ano nalgumas zonas (Alto Minho, Cávado, Ave e Área Metropolitana do Porto), estando dentro da média ou ligeiramente inferiores no resto do país.
De 6 a 13 de janeiro, é possível que a precipitação se intensifique e se expanda geograficamente. De momento, os mapas detetam anomalias de precipitação positivas, isto é, acima do normal, em grande parte do território de Portugal continental e Açores.
As exceções seriam a Madeira, grande parte do Alentejo e Algarve, onde se preveem anomalias negativas (ou seja, tempo mais seco do que o normal) ou valores de pluviosidade dentro do normal.
Para o resto do mês esperam-se alguns períodos húmidos (possivelmente 13-20 janeiro) e outros menos húmidos (de 20 de janeiro para a frente). Mesmo com a provável alternância de estados de tempo, parece que janeiro será muito mais animado do que dezembro, meteorologicamente falando.