Previsão para fevereiro em Portugal por Alfredo Graça: é um mês de vagas de frio, chuva e nevões, eis as possibilidades
A chuva e a neve estão a assumir o protagonismo do estado do tempo em várias regiões de Portugal nestes últimos dias de janeiro. Saiba o que revelam os mapas da Meteored para os mês de fevereiro.
Janeiro de 2025 despede-se com um comboio de depressões que descarregou chuva em todo o território de Portugal, incluindo os arquipélagos, enquanto se aguarda a chegada de massas de ar mais frias que trarão neve nas próximas horas e dias às principais serras do país.
A questão que importa agora é saber se estas condições meteorológicas tempestuosas - chuva, neve e frio - irão continuar em fevereiro, pois já não restam muitas semanas até ao final do inverno climatológico. O modelo de referência da Meteored acaba de atualizar a sua previsão para o próximo mês. Mas primeiro iremos detalhar algumas das mais típicas características meteorológicas do segundo mês do ano.
Algumas observações climatológicas sobre fevereiro
O mês de fevereiro é caracterizado pelas mudanças bruscas de tempo que podem ocorrer numa questão de horas. Climatologicamente, é o terceiro mês mais frio do ano em todo o país, depois de janeiro e dezembro. Nas regiões do interior a temperatura média em fevereiro é entre 1 e 1,7 ºC mais elevada do que em janeiro. De facto, é um mês em que já se começa a notar o dia (minutos de luz solar) a ganhar terreno à noite.
Os dias tornam-se cada vez mais mais longos e as temperaturas diurnas têm uma maior margem para subir, mas as noites de fevereiro continuam a ser muito frias em grande parte do país.
As geadas são tendencialmente persistentes e localmente fortes nas zonas montanhosas do Norte e do Centro. Nalgumas regiões com planaltos, tais como o Nordeste Transmontano e a Beira Alta, a temperatura mínima média situa-se entre 1 e 2 ºC. Porém, outras regiões do interior Norte e Centro apresentam, em média, temperaturas mínimas mais elevadas do que as regiões referidas, entre 2 e 5 ºC.
A outra face da moeda encontra-se nas zonas do Litoral Centro e Oeste, Lezíria do Tejo, Baixo Alentejo e Algarve (distritos de Coimbra, Leiria, Lisboa, Santarém, Setúbal, Beja e Faro), nos quais as temperaturas máximas médias oscilam entre 16 e 17 ºC (com registos absolutos de até 26 ºC). O nevoeiro tende a dissipar-se mais cedo à medida que o mês decorre devido à maior insolação, e o vento também tende a desempenhar um papel importante no segundo mês do ano.
Fevereiro é um dos meses mais chuvosos do ano em Portugal continental
O mês de fevereiro possui reputação de ser muito variável do ponto de vista meteorológico. Pluviometricamente, é um dos meses mais chuvosos no conjunto do país (78,7 mm), mas abril, o mês que lhe sucede no ranking de precipitação média mensal, apresenta quase a mesma quantidade (77,9 mm).
Deste modo, numa análise exaustiva às dezoito principais estações meteorológicas do Continente, constata-se que apesar de em termos quantitativos fevereiro ser o quinto mês mais chuvoso do ano, metade das principais estações meteorológicas (Braga, Bragança, Porto, Aveiro, Viseu, Guarda, Coimbra, Évora, Beja) regista mais precipitação em abril do que em fevereiro e, nalguns casos, até mesmo o mês de março ultrapassa o de fevereiro.
De acordo com a normal climatológica (1981-2010), a precipitação média mensal é superior a 100 mm no Minho e no distrito de Viseu, com valores muito próximos a serem normalmente registados nos distritos do Porto e Vila Real. Por outro lado, no interior alentejano e no Algarve (distrito de Faro), a média de chuva em fevereiro é inferior a 60 mm.
Tampouco há que descartar a possibilidade de ocorrerem períodos de frio intenso, que podem conter o potencial de provocar grandes vagas de frio, como as do histórico fevereiro de 1956.
Temperatura em fevereiro de 2025: estará à vista alguma vaga de frio?
As últimas previsões do nosso modelo de referência revelam que, durante os primeiros dias de fevereiro (3-10 de fevereiro), as temperaturas podem ser até 1 ºC inferiores à média climatológica na extremidade oriental do Sotavento Algarvio e até 1 ºC acima do normal em todas as ilhas dos Açores. Nas restantes regiões do Continente e no arquipélago da Madeira, os mapas não apresentam, de momento, anomalias significativas.
A partir do dia 10, é possível que o panorama mude significativamente, com previsão de temperaturas ligeiramente mais quentes do que o habitual. Os mapas revelam valores até 1 ºC acima da média de norte a sul de Portugal continental e nos arquipélagos.
Indo mais além, até à última semana de fevereiro (a partir de 24 fevereiro), observa-se a possibilidade de anomalias térmicas positivas ainda mais pronunciadas (entre 1 e 3 ºC acima do normal) nas serras da Peneda-Gerês e Terras de Barroso (zonas montanhosas dos distritos de Viana do Castelo, Braga e Vila Real) e na zona da Serra da Estrela (distritos da Guarda e Castelo Branco).
Do ponto de vista hídrico, as principais tendências da precipitação para fevereiro 2025 são pouco animadoras
O modelo de confiança da Meteored mostra que, para a primeira semana do mês (3-10 fevereiro), a precipitação só seria ligeiramente superior ao normal num pequeno território insular: a ilha de Porto Santo (anomalia positiva de precipitação, entre 0 e 10 mm).
No resto do território da Madeira, nos Açores e em Portugal continental as anomalias de precipitação serão geralmente negativas (0 a 10 mm abaixo da média), ou consideravelmente negativas (10 a 30 mm abaixo da média) no caso das Regiões Norte e Centro do Continente.
Para as restantes semanas de fevereiro não se verificam anomalias significativas ou tendências claras, mas os mapas de referência da Meteored apostam, de momento, em níveis de chuva inferiores à média climatológica, sobretudo nas regiões do Norte e Centro situadas a norte do rio Mondego e a oeste da Barreira de Condensação.
Porém, no Algarve, na Madeira e nalgumas ilhas açorianas a precipitação deverá estar dentro dos valores habituais, tomando como referência a média de fevereiro. Anomalias positivas de precipitação no conjunto de fevereiro apenas são observadas em 4 das 9 ilhas dos Açores (Pico, São Jorge, Terceira e São Miguel).
O cenário mais provável neste momento (o que não significa que seja o que se irá concretizar) aponta para que nos primeiros dias do mês existam baixas pressões nas imediações da nossa geografia, com possibilidade de anticiclones de bloqueio na Europa Central ou na Escandinávia.
Depois disso, parece que as altas pressões e um padrão NAO+ poderão prevalecer, embora persista a hipótese de bolsas de ar frio ou depressões isoladas em altitude chegarem perto do nosso país.