Previsão para a segunda quinzena de janeiro consolida-se: Alfredo Graça confirma a chegada de depressões atlânticas

O modelo de referência da Meteored acaba de atualizar as suas previsões para a segunda quinzena de janeiro, e os mapas sugerem que as depressões se aproximarão novamente de Portugal: eis os seus potenciais efeitos!

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Tenha o guarda-chuva à mão para a segunda quinzena de janeiro! Caso as previsões se concretizem, a chuva vai regressar a Portugal continental.

A primeira metade de janeiro não registou grandes temporais de chuva (ou sequer neve) em Portugal continental, embora nalguns dias tenha sido registada precipitação de norte a sul do país devido à rápida passagem de frentes frias. A distribuição da pluviosidade ocorreu, maioritariamente, nas regiões mais expostas ao fluxo de Sudoeste: aquelas que se situam a oeste da Barreira de Condensação. Mesmo assim, de um modo geral, a quantidade de precipitação acumulada revela níveis substancialmente inferiores à média para a época do ano.

Se quanto à neve praticamente nem vê-la, do frio têm sido registados tímidos sinais - apenas o temos sentido nas horas noturnas e matinais - e as temperaturas só têm estado mais em linha com o que é típico do inverno desde há cerca de 24/48 horas. Apesar deste panorama predominantemente estável e ameno - somente interrompido por breves períodos de passagens de frentes frias atlânticas -, os mapas de confiança da Meteored já começam a revelar mudanças para os próximos dias.

Vislumbram-se mudanças no estado do tempo em Portugal continental mesmo na reta final da semana

Durante grande parte do que resta desta semana, de 14 a 19 de janeiro, prevalecerão condições meteorológicas anticiclónicas em Portugal continental e arquipélago da Madeira. Nesta região autónoma estão previstos aguaceiros ocasionais, mas pouco significativos. A unidade territorial portuguesa que constituirá exceção ao domínio do anticiclone será o arquipélago dos Açores, que, nos próximos dias, estará exposto a vários períodos de chuva gerados pela passagem de sucessivos sistemas frontais, sobretudo nas ilhas ocidentais e centrais.

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Como se observa no mapa, o tempo esta semana na Europa será condicionado por um poderoso anticiclone. As exceções serão as regiões mais expostas às baixas pressões que se deslocarão sobre o Mar Mediterrâneo.

Para o próximo domingo (19) prevê-se que uma frente consiga ‘quebrar’ o domínio do anticiclone devido ao enfraquecimento deste centro de ação atmosférica no Atlântico. Deste modo, perspetiva-se distribuição de chuva em boa parte da Região Norte (distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança) e ainda nalguns locais do distrito do Porto e do litoral Oeste (distritos de Leiria e Lisboa).

Não se exclui a possibilidade de aguaceiros de neve nalguns locais do extremo norte e do Nordeste Transmontano, embora só mais perto da data seja possível confirmar a hipótese de queda de neve. Até domingo (19), as temperaturas estarão 1 a 3 ºC abaixo do normal para a época praticamente de norte a sul de Portugal continental.

As depressões e as suas frentes vão regressar na segunda quinzena de janeiro

O nosso modelo de previsão aposta numa mudança considerável da situação meteorológica ao longo da próxima semana e no resto do mês. Após a frente do próximo domingo, 19 de janeiro, uma depressão irá aproximar-se da faixa costeira ocidental do nosso país, trazendo chuva nesse dia e nos dias seguintes a toda a geografia continental, aos Açores e de um modo mais irregular, também à Madeira. Com a chegada de massas de ar mais amenas (tropicais marítimas), as temperaturas aumentarão de uma maneira generalizada.

Na segunda quinzena do mês vislumbra-se uma deslocação tendencial do anticiclone de bloqueio para a Escandinávia e para o oeste da Rússia, o que permitirá a passagem de depressões cavadas pelo Atlântico.

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O regresso da chuva a algumas zonas de Portugal continental no próximo domingo, 19 de janeiro ocorrerá devido à chegada de uma frente.

Assim, algumas destas depressões e as suas frentes associadas aproximar-se-ão de Portugal continental, de acordo com o cenário mais provável neste momento, pelo que é provável que todo o país seja afetado pela chuva (embora neste tipo de circulação a precipitação tenha tendência a concentrar-se maioritariamente nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela).

No período de 20 a 26 de janeiro, espera-se que as temperaturas registem valores entre 1 e 3 ºC acima da média para o período em quase todo o território de Portugal, exceto na parte oriental da Região Norte, nos Açores e na Madeira, onde as anomalias térmicas positivas serão mais suaves. Posteriormente, já nos últimos dias do mês, estas anomalias quentes poderão ser atenuadas, especialmente na unidade territorial do Continente.

Está prevista ocorrência de chuva abundante e queda de neve?

No que diz respeito à chuva, os mapas revelam que poderá ser consideravelmente mais elevada do que a média para este período, não só de norte a sul de Portugal continental, como também no arquipélago da Madeira.

Tanto para o Continente, como para a Madeira, há perspetiva de uma anomalia de precipitação positiva (10 a 30 mm acima do normal) na semana de 20 a 26 de janeiro. Já para os Açores não se detetam desvios em relação à média, exceto na ilha de São Miguel onde poderá chover ligeiramente mais do que o normal.

Por enquanto, não se prevê nenhuma grande tempestade de inverno em Portugal a curto ou médio prazo. Com as circulações atlânticas, a chuva atinge muitas regiões, sendo por vezes abundante, mas com temperaturas que não costumam ser muito baixas.

Esta tendência de anomalias de precipitação positivas em território português deverá manter-se nos últimos dias de janeiro (27 a 31). Porém, é importante lembrar que estamos a falar de tendências, pelo que vamos continuar a atualizar e a especificar quão provável será este cenário ao longo dos próximos dias.

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Prevê-se que a precipitação regresse a todo o território português na segunda quinzena de janeiro, sendo mais abundante no Continente e na Madeira.

Em suma, tudo indica que a circulação atlântica ficará novamente ativa na segunda quinzena do mês de janeiro. De momento, a probabilidade de ocorrência de uma vaga de frio em Portugal é muito baixa. Por outro lado, a probabilidade de queda de precipitação durante grande parte da segunda quinzena é cada vez maior. Se ocorrer queda de neve, seria nos pontos mais elevados das principais serras portuguesas.