Previsão do tempo para dezembro em Portugal, por Alfredo Graça: eis as probabilidades de chuva, neve e vagas de frio
Em novembro houve alguns temporais e depressões em Portugal, sendo expectável que a seca se tenha desagravado nas regiões mais meridionais, apesar dos estragos causados por inundações e outro tipo de ocorrências. Eis a probabilidade de haver muito frio, chuva ou até mesmo neve em dezembro.
Para trás fica um mês de novembro marcado pela ocorrência de gotas frias, frentes e depressões que deixaram ‘marcas’ de norte a sul de Portugal continental, desde os estragos produzidos, ao tipo de ocorrências gerados pelas chuvas fortes e ventos intensos. Apesar da instabilidade recorrente, até agora o frio intenso não se evidenciou de maneira contundente em Portugal.
Com a aproximação de dezembro muita gente presta atenção ao céu por diversos motivos. Os fins de semana da Restauração da Independência e da Imaculada Conceição estão “aí à porta” e as férias de Natal já se ‘vislumbram no horizonte’. Além disto, os amantes da neve estão expectantes quanto à possível abertura da única estância de esqui do país (Serra da Estrela), que nesta altura do ano, continua com muito pouca neve. Quais são as perspetivas para o último mês de 2024?
O inverno climatológico arrancará a 1 de dezembro
Em primeiro lugar, salientaremos alguns dados de dezembro, o primeiro mês do inverno climatológico (estende-se de 1 de dezembro a 28 ou 29 de fevereiro). As temperaturas médias são entre 2 e 3 ºC mais baixas do que em novembro em todo o território do Continente, sendo essa descida ligeiramente mais moderada no litoral Norte, Centro e Algarvio. Nos Açores e na Madeira, ambas geografias insulares, o efeito termorregulador do oceano é fulcral para a descida ser inferior a 2 ºC entre novembro e dezembro.
Nas zonas montanhosas e de planalto do Norte e Centro, as geadas começam a aparecer com mais frequência, sobretudo no Nordeste Transmontano (Bragança) e Beira Alta (Guarda), com as temperaturas a descerem habitualmente aos 2 ou 1 ºC, podendo ocasionalmente ficar abaixo do patamar dos 0 ºC. Na Serra da Estrela são muitas vezes registadas temperaturas negativas nos pontos de maior altitude.
Em certas regiões do país, como o litoral Oeste ou a Península de Setúbal, é frequente que nas horas de maior calor o termómetro se aproxime dos 16 ºC, e, ainda mais a sul, no Algarve, as temperaturas máximas normalmente rondem os 17 ºC. Ou nos Açores (18 ºC). E, claro, não esquecendo a Madeira, com uma temperatura máxima de cariz primaveril de 21 ºC.
É o mês mais húmido do ano na maior parte da costa atlântica
A precipitação em dezembro tende a estar associada sobretudo aos fluxos ou circulações zonais de Oeste (ventos de Oes-Sudoeste), com depressões e frentes atlânticas que deixam chuva em grande parte do território do Continente (sobretudo nas regiões Norte e Centro).
É também em dezembro que começam a ser registados os primeiros grandes nevões típicos do inverno nas principais serras, montanhas e cordilheiras de Portugal continental e, por vezes, na Região Autónoma da Madeira (embora neste arquipélago a neve seja mais comum em janeiro e fevereiro).
É um dos meses mais chuvosos do ano no seu conjunto em quase todo o nosso território, ocupando o primeiro lugar nos Açores, na Madeira e em grande parte de Portugal continental. Das 20 regiões analisadas (18 distritos do Continente e 2 Regiões Autónomas), apenas 3 - os distritos de Leiria, Santarém e Lisboa - possuem uma precipitação média total em novembro ligeiramente superior à que costuma ser registada em dezembro.
Nas regiões situadas a oeste e na Barreira de Condensação, a precipitação média ultrapassa os 200 mm no Minho (Viana do Castelo e Braga) e em Viseu, situando-se entre 130 e 170 mm nos restantes (Vila Real, Porto e Aveiro). Em contrapartida, as regiões mais secas situam-se no Ribatejo (distrito de Santarém) e Alentejo (distritos de Évora e Beja), com valores médios inferiores a 100 mm.
Alguma vaga de frio à espreita?
As previsões mais atualizadas do modelo de referência da Meteored sugerem que, no período de 1 a 8 de dezembro, as temperaturas estarão entre 1 e 3 ºC acima da média em todo o território do Continente, nos Açores e na Madeira. No entanto, entre os dias 9 e 16 as temperaturas situar-se-iam dentro dos valores considerados normais, de acordo com os mapas mais recentes.
Apenas em pontos da costa algarvia (Barlavento), no arquipélago da Madeira e no Grupo Oriental dos Açores se preveem temperaturas até 1 ºC acima dos registos médios para estas datas. Nas restantes 7 ilhas açorianas é esperada outra semana com temperaturas entre 1 e 3 ºC acima da média.
Entre os dias 17 e 23 não se perspetivam, de momento, grandes mudanças em relação à semana que lhe precederá. Somente pequenas alterações, com as temperaturas a baixarem ligeiramente nos Grupos Central e Ocidental dos Açores (anomalia térmica positiva de 1 ºC).
É possível que esta situação se arraste para a última semana do ano, tendo em conta a última atualização dos modelos. Embora seja expectável algum arrefecimento, há poucos indícios de uma vaga de frio neste momento.
Será um mês com chuva abundante e queda de neve?
E no que diz respeito à chuva, o que poderá acontecer? Iremos testemunhar estados de tempo instáveis, como em boa parte do outono? De momento, os mapas indicam que, no período de 2 a 8 de dezembro, a precipitação será significativa inferior à média no Norte e Centro de Portugal continental e no Grupo Oriental dos Açores, sendo abaixo do normal nas restantes regiões do Continente e insulares.
Para o resto do mês, o modelo de confiança da Meteored indica, para já, que a precipitação será inferior à média em praticamente todas as unidades territoriais (Continente, Açores e Madeira). Quiçá, poderá chover dentro dos níveis normais de precipitação mais ao longo da segunda quinzena de dezembro, sendo que a primeira se afigura bastante seca e com anomalias bastante negativas na maioria das regiões.
Caso este cenário se concretize, a queda de neve não será particularmente abundante no último mês de 2024. Embora a chuva e a queda de neve sejam possivelmente inferiores ao habitual, tal não significa que não chova ou neve a qualquer momento do mês.
Eis o padrão que poderá prevalecer durante grande parte do mês de dezembro
Até ao dia 12 de dezembro, tudo aponta para que os centros de ação sejam bastante dinâmicos, com a possível formação de anticiclones nas latitudes altas e entradas de ar frio e/ou bolsas de ar frio, o que daria origem a um tempo mais ou menos variável, uma vez que não se preveem situações meteorológicas especialmente persistentes.
Para o resto do mês, as altas pressões deverão pairar em torno de Portugal continental, com um tempo geralmente estável e seco, grandes contrastes térmicos (ameno durante o dia e frio à noite), formação ocasional de geadas e elevados níveis de poluição nos grandes centros urbanos, não se descartando uma ou outra massa de ar frio. Atualizaremos as previsões nos próximos dias aqui na Meteored.