Previsão do tempo em Portugal para maio, por Alfredo Graça: haverá depressões ou gotas frias com chuva abundante?
A situação de seca meteorológica em Portugal continental desapareceu no final de março. Será que, tal como nesta reta final de abril, se prevê mais chuva abundante, neve e trovoadas para o mês de maio?
Abril está a chegar ao fim com uma situação tipicamente primaveril, em que se vão registando estados de tempo muito variáveis em grande parte de Portugal continental. Isto deveu-se à chegada de várias bolsas de ar frio que têm despejado chuva e/ou aguaceiros, trovoadas, granizo e até mesmo neve nos pontos montanhosos mais altos, alternando com períodos de sol e muito calor.
Após as últimas depressões atlânticas, a situação de seca meteorológica melhorou substancialmente e no final do mês de março já não havia nenhuma região de Portugal continental nesta condição. No entanto, desengane-se quem pensa que as chuvadas das últimas semanas e meses nas regiões cronicamente mais carentes de recursos hídricos foram suficientes para afastar o flagelo da seca.
Como é habitualmente o mês de maio em Portugal?
No quinto mês do ano, as temperaturas máximas médias situam-se, em grande parte da geografia do Continente, entre os 20 e os 22 ºC, algo que também se verifica nas capitais das Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores.
Porém, em cidades como Santarém, Setúbal, Beja e Faro esse valor é superior a 22 ºC e em cidades como Viseu e Guarda é inferior a 20 ºC. Nesta altura do ano as geadas são muito localizadas e pouco frequentes, surgindo geralmente pelo interior Norte e Centro, embora ainda seja possível referirmo-nos a tempo frio nas regiões do interior.
No que diz respeito à média da precipitação total, maio ainda é um mês bastante chuvoso nas regiões a oeste da Barreira de Condensação. À exceção da capital de distrito de Vila Real, as restantes (Viana do Castelo, Braga, Porto, Viseu e Aveiro) apresentam um valor igual ou superior a 75 mm acumulados, sendo que o Minho atinge, por norma, 100 mm ou quase.
Trata-se de um valor bastante elevado de pluviosidade quando comparado com o resto do país e, sobretudo, com as regiões a sul do Tejo. Verifica-se, efetivamente, um forte contraste com o Baixo Alentejo (inferior a 45 mm) e sobretudo com o Algarve (ultrapassa por pouco os 20 mm).
As próximas semanas serão recheadas de “altos e baixos” térmicos
De acordo com o modelo de referência da Meteored, é provável que maio seja mais um mês caracterizado por “altos e baixos” térmicos. Para a primeira semana do próximo mês (29 de abril a 6 de maio), preveem-se anomalias térmicas negativas consideráveis - isto é - temperaturas até 3 ºC inferiores à média climatológica de referência de norte a sul de Portugal continental.
No entanto, nos arquipélagos a situação será completamente distinta. Para a Madeira as temperaturas deverão enquadrar-se dentro do que é habitual. Já nos Açores estima-se um tempo significativamente mais quente do que o normal, especialmente nos Grupos Central e Ocidental, onde se preveem temperaturas entre 1 e 3 ºC superiores à média. No Grupo Oriental a anomalia térmica positiva será mais suave.
Para a semana de 6 a 13 de maio a situação meteorológica poderá registar uma mudança radical, com valores entre 1 e 3 ºC superiores à média em quase toda a geografia do Continente, exceto nalguns locais tais como a faixa costeira ocidental a sul do Farol de Aveiro, o Nordeste Transmontano e o Algarve, onde se prevê até 1 ºC acima do normal. Nos Açores e na Madeira as anomalias térmicas positivas serão ligeiramente mais suaves (entre 0 e 1 ºC acima da média), exceto na ilha do Corvo, em que se preveem até 3 ºC superiores ao habitual.
No que diz respeito à segunda quinzena, o panorama parece normalizar-se em quase toda a extensão geográfica portuguesa, segundo o cenário atual. As únicas exceções seriam o Litoral Norte e parte do Litoral Centro, bem como os Açores e a Madeira, onde se vislumbram ligeiras anomalias térmicas positivas.
Espera-se precipitação abundante nalgumas regiões
Quanto à chuva, esta é variável mais complexa de prever tendo em conta a estação do ano, em que a precipitação convectiva ganha importância. Como já referimos anteriormente aqui na Meteored, um único episódio de trovoadas ou uma gota fria pode alterar substantivamente o balanço pluviométrico numa questão de horas.
Para o conjunto do mês as anomalias de precipitação mais significativas (positivas) estão previstas logo para a primeira semana de maio nas Regiões Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo e Alto Alentejo. Na terceira semana (13-20 de maio) verifica-se uma anomalia positiva em vastas zonas do Alentejo Central e Baixo Alentejo.
No resto do mês, em todo o território do Continente os valores de pluviosidade deverão enquadrar-se na média. Nos Açores quase todas as semanas serão com chuva acima do normal e na Madeira verifica-se uma anomalia positiva de precipitação apenas na semana de 13 a 20 de maio, esperando-se níveis iguais ou inferiores à média no resto do mês.
Que padrão meteorológico irá prevalecer?
Tudo indica que o jato polar estará muito ondulante, pelo que é de esperar uma alternância entre situações de tempo instável - depressões isoladas em altitudes ou gotas frias, bolsas de ar frio, ou ainda depressões e frentes atlânticas -, e situações de tempo estável - em que imperará o anticiclone - algo que não costuma durar muito tempo, pois estamos na primavera, uma estação muito dinâmica.
Os padrões meteorológicos que têm maior probabilidade de prevalecer são, de acordo com as últimas atualizações do modelo de maior confiança da Meteored, o de bloqueio anticiclónico nas latitudes altas ou o da crista anticiclónica no Atlântico, o que deixa tudo em aberto para vários tipos de situações que iremos confirmando, uma vez que a incerteza a longo prazo é bastante considerável.