Previsão do tempo em novembro em Portugal: será que as depressões e a chuva abundante vão manter-se?
Outubro despede-se com chuva abundante e generalizada em Portugal continental após uma primeira quinzena de calor intenso. Irá a chuva manter-se no mês de novembro? Eis a previsão!
Para trás ficará um outubro de enormes contrastes em Portugal continental. A primeira quinzena do mês decorreu com um tempo absolutamente estival durante o dia, com recordes de temperaturas máximas absolutas em várias estações meteorológicas do país. Além disto, a Madeira esteve sob a influência de uma extraordinária onda de calor para a altura do ano devido à sua intensidade, persistência e duração.
No entanto, a partir de sexta-feira - 13 de outubro - o padrão atmosférico inverteu-se completamente por causa da deslocação do anticiclone de bloqueio para latitudes mais altas (Escandinávia-Islândia sobretudo), o que permitiu o desvio das depressões e suas frentes associadas para sul. A precipitação tem sido abundante no Norte e no Centro, sobretudo nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e, em certos momentos, também o Baixo Alentejo e o Algarve foram regados com boas quantidades de água destes sistemas de baixas pressões.
Ainda assim, apesar da mitigação da seca em várias regiões do país, é uma ilusão pensar sequer no fim da mesma, sobretudo nas regiões mais meridionais de Portugal continental (Alentejo e Algarve) - precisamente aquelas onde a seca meteorológica é crónica e se arrasta há anos. O que está a acontecer nesta segunda quinzena de outubro é temporário ou será realmente uma mudança de tendência? Irá novembro trazer muito frio e chuva abundante e generalizada? Saiba já de seguida na previsão mensal.
O que nos “conta” a climatologia de novembro?
Novembro é o último mês do outono climatológico. De acordo com a normal climatológica 1981-2010, a temperatura é, em média, 4 ºC mais baixa em relação a outubro à escala de Portugal continental. A descida térmica é mais moderada nas regiões da faixa costeira ocidental e no Algarve (sobretudo no litoral) graças ao efeito termorregulador do oceano Atlântico. A variação térmica de um mês para outro - neste caso uma descida das temperaturas - nem sempre acontece todos os anos, nem de forma imediata, tendo aliás disso sido exemplo a primeira quinzena deste outubro de 2023.
Em novembro é normal estar sempre com o casaco à disposição pois o frio começa a instalar-se gradualmente. Nas terras altas e de montanha as geadas ganham terreno e, em muitos locais do interior Norte e Centro, - distritos de Bragança e Guarda, por exemplo - os termómetros registam valores, muitas vezes, abaixo do patamar dos 5 ºC à noite. Por outro lado, nos Açores e no Algarve é normal a temperatura máxima média rondar os 20 ºC, podendo chegar até aos 23 ºC na Madeira.
É, em média, o segundo mês mais chuvoso do ano em Portugal continental
No que diz respeito à precipitação, novembro é habitualmente caracterizado pela imposição do fluxo zonal de oeste, com frentes atlânticas que produzem chuva em praticamente toda a extensão do território, apesar de uma distribuição pluviométrica bastante desigual entre regiões.
Contudo, há áreas do Continente onde novembro é, para a ciência da Climatologia, o mês mais chuvoso do ano, como é o caso dos distritos de Leiria, Lisboa e Santarém.
Prevê-se um novembro ligeiramente mais quente do que o normal
De acordo com as últimas previsões do nosso modelo de maior confiança, a primeira semana de novembro irá registar temperaturas entre 0 ºC e 1 ºC acima da média no Alto Minho, grande parte da faixa costeira ocidental, Baixo Alentejo e Algarve, sendo que nas zonas dos distritos de Leiria, Lisboa e Setúbal mais expostas ao Atlântico se prevê uma anomalia térmica positiva de até 3 ºC. Para o resto do país não se vislumbram anomalias neste período, o que significa que as temperaturas rondarão a média climatológica de referência. Aliás, o mesmo se antecipa para as semanas entre 6 e 20 de novembro.
Para o período de 20 de novembro a 4 de dezembro, o cenário mais provável denuncia uma anomalia térmica positiva de norte a sul da geografia do Continente, estimando-se, assim, temperaturas até 1 ºC acima da média em todo o país. Os Açores e a Madeira estarão, na generalidade do mês, com temperaturas até 1 ºC acima do normal, ainda que a Madeira possa exibir, temporariamente, valores até 3 ºC acima da média durante a primeira quinzena.
Irá o comboio de depressões continuar ou o anticiclone de bloqueio regressar?
À data de hoje o cenário mais provável parece ser, sobretudo nos primeiros dias de novembro, a continuidade do fluxo zonal de oeste, com frentes oriundas do Atlântico. A chuva irá continuar a acumular quantidades acima da média em praticamente todo o país na primeira semana de novembro (até dia 6), com destaque para as regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e ainda mais para aquelas a oeste da Barreira de Condensação.
No entanto, as restantes semanas de novembro poderão ser bem diferentes da primeira, pois as primeiras tendências apontam para valores de precipitação a rondar a média mensal ou então com anomalias negativas nalgumas regiões, especialmente do Tejo para Sul, o que revela a possibilidade do regresso do tempo seco.
Este cenário ainda terá de ser confirmado nas próximas semanas… Até porque convém não esquecer que no outono a atmosfera é bastante dinâmica e que a situação se pode alterar radicalmente de um momento para o outro.
Possível mudança do padrão atmosférico à vista?
Com a chegada de novembro é possível que comece a instalar-se gradualmente uma configuração de NAO+, o que fará com que as depressões circulem em latitudes mais altas. Assim, a médio prazo não é de descartar que se propicie uma situação de bloqueio em Portugal continental, o que resultaria num estado do tempo mais estável, com dias e noites mais frios e nevoeiro.