Previsão atualizada da Meteored para o mês de julho em Portugal: “haverá algumas surpresas”, avisa Alfredo Graça
Após o calor intenso dos últimos dias, o modelo de referência da Meteored atualiza a sua previsão para o resto do mês de julho em Portugal, e tudo indica que haverá algumas surpresas.
O mês de julho em Portugal arrancou com uma corrente de jato polar muito ondulante, o que proporcionou um estado do tempo bastante variável nestes primeiros seis dias. Apesar da na passada quinta-feira, 4 de julho, as temperaturas terem alcançado os 40-41 ºC nalguns locais da geografia do Continente (distrito de Beja, no Baixo Alentejo como o maior destaque), este pico de calor intenso foi bastante breve, ao contrário do que aconteceu noutros anos nesta altura do verão.
De facto, vai-se verificando uma grande alternância entre as de cariz tropical (vindas de latitudes meridionais) e que trazem muito calor ao nosso país, ou as de cariz polar (vindas de latitudes setentrionais), que produzem um tempo mais ameno e fresco, algo que de facto já se verificou este sábado (6), marcado por uma descida acentuada das temperaturas de norte a sul do país.
Na próxima semana chegam novidades do Atlântico
Um dos aspetos mais positivos é o facto de, até agora, não se terem registado ondas de calor, nem as noites estarem a ser tão abrasadoras nas regiões do interior ou Algarve, ao contrário do que aconteceu nos últimos verões nesta altura do verão. Irá esta situação alterar-se no resto do mês de julho? O modelo de referência da Meteored acaba de atualizar a sua previsão e traz algumas surpresas.
Ao longo de toda a próxima semana, os mapas mostram que as temperaturas estarão consideravelmente inferiores aos valores médios do período de norte a sul de Portugal continental, podendo situar-se entre 1 e 3 ºC abaixo da média de referência. Até mesmo o Sotavento Algarvio registará uma anomalia térmica negativa, embora mais suave (entre 0 e 1 ºC abaixo do normal).
A outra face da moeda encontra-se nas unidades territoriais insulares de Portugal. Para o arquipélago dos Açores preveem-se temperaturas entre 1 e 3 ºC superiores à média, enquanto no arquipélago da Madeira a anomalia térmica positiva será mais suave, havendo previsão de temperaturas até 1 ºC acima do normal.
Nas restantes regiões, sobretudo a sul da cordilheira Montejunto-Estrela, prevalecerá uma atmosfera de verão tipicamente estável. Fará mais calor na Beira Baixa, Alentejo e Sotavento Algarvio comparativamente com o resto do país, mas, até mesmo nestas regiões estará um ambiente mais fresco do que o normal para esta altura do verão.
O panorama meteorológico poderá alterar-se significativamente na segunda quinzena de julho
A incerteza aumenta de maneira considerável olhando para a segunda quinzena de julho, o que é habitual quando nos referimos a períodos mais distantes. Na presente data, o cenário mais provável mostra que o calor vai intensificar em grande parte da nossa geografia, esperando-se temperaturas entre 1 e 3 ºC acima da média para a semana de 15 a 22 de julho.
As exceções serão o litoral Centro, a Península de Setúbal, o litoral Alentejano, a costa meridional algarvia e o arquipélago da Madeira, zonas para as quais não se observam anomalias estatisticamente significativas (temperaturas dentro do normal). Por outro lado, o arquipélago dos Açores é o único que mantém a tendência entre uma semana e outra, com valores de temperatura entre 1 e 3 ºC superiores à média.
Tendo tudo isto em conta, parece ser pouco provável que se verifique um episódio grande e persistente de calor intenso e generalizado no mês de julho em Portugal continental, embora tal tenha de ser confirmado nos próximos dias.
Trovoadas típicas do verão
É importante lembrar que a canícula, o período estatisticamente mais quente e seco do ano em Portugal, começa no próximo dia 15. Por enquanto, parece que prevalecerá uma situação de bloqueio, com pequenas ondulações no jato polar, favoráveis ao desenvolvimento de algumas trovoadas, principalmente no interior Norte e Centro e nas serras e montanhas.
É desejável que tal cenário assim se mantenha e que a primeira onda de calor do verão 2024 demore muito a chegar. Ou, melhor ainda, que todo o verão decorra sem este tipo de eventos.