Poeiras do Saara chegaram a Portugal hoje. Meteored prevê “Má” qualidade do ar no início da próxima semana, saiba onde
A depressão não trouxe apenas chuva forte, vento e trovoada a Portugal, mas também uma intrusão de poeiras do Saara. Saiba até quando, quais os seus efeitos e quais as regiões com "má" qualidade do ar no início da próxima semana.
Uma vaga de poeiras do Saara entrou pelas regiões do interior de Portugal continental esta sexta-feira, 15 de novembro. Porquê? É preciso relembrar que o ar flui sempre das altas para as baixas pressões. Então, com a deslocação da depressão fria isolada para oes-sudoeste rumo ao Atlântico, o referido centro de baixas pressões não só transportou ar mais quente do Norte de África, como também poeiras do Saara em suspensão.
Até quando irá durar esta intrusão de poeiras saarianas? Estes serão alguns dos seus efeitos
As poeiras procedentes do Norte de África irão manter-se em suspensão sobre o nosso país, pelo menos, até à próxima terça-feira, 19 de novembro. De acordo com os mapas de referência da Meteored, enquanto a depressão continuar a produzir condições meteorológicas adversas em Portugal continental, as poeiras não agravarão a qualidade do ar, uma vez que a precipitação prevista para hoje e amanhã, dias 15 e 16, ‘limpará’ a atmosfera.
Mais abaixo analisaremos as regiões mais expostas a uma “Má” qualidade do ar e o porquê.
Um dos efeitos da intrusão de poeiras do Saara na nossa geografia é o calor. Ou se quisermos ser mais precisos, um estado do tempo substancialmente mais ameno e pouco condizente com o típico frio da reta final do outono climatológico.
Este tempo ameno, relativamente invulgar para meados de novembro, está a ser provocado pela movimentação do centro de baixas pressões - gota fria e posteriormente depressão fria isolada - que tem trazido chuva forte, trovoada, inundações e vento intenso nas últimas horas e dias.
O centro de baixas pressões ou depressão desprende-se da circulação geral, neste caso a corrente de jato polar e, ao fazê-lo, isola-se em altitude.
Dependendo da trajetória que assumir, neste caso teve uma evolução retrógrada (nordeste para sudoeste em vez da normal circulação de oeste para leste) e, se for suficientemente para sul da Península Ibérica, poderá transportar ar quente e poeiras do Norte de África, fazendo com que países como Portugal e Espanha, entre outros da Europa Ocidental, fiquem mais expostos a estes eventos.
Não é de admirar, portanto, que desde ontem - quinta-feira, dia 14 - as temperaturas na geografia do Continente tenham estado a recuperar gradualmente. Hoje verificou-se uma nova subida das temperaturas mínimas e uma subida das máximas na Região Sul. Tanto para sábado (16), como para domingo (17), preveem-se novos aumentos das temperaturas.
Outro dos efeitos provocados pela intrusão de poeiras do Saara é o fenómeno conhecido como “chuva de lama”. Consiste na coalescência das gotículas de chuva com as partículas em suspensão provenientes do Deserto do Saara, isto é, uma combinação de poeiras com a precipitação.
Qualidade do ar vai deteriorar-se a partir do fim da tarde de domingo, dia 17, nestas regiões. Saiba porquê
Além da presença de poeiras saarianas em suspensão durante um período prolongado de tempo, alguns outros elementos climáticos podem explicar a provável deterioração da qualidade do ar que ocorrerá a partir das 18:00 de domingo (17) e nos dias seguintes.
Um deles é a pressão atmosférica, neste caso representado pelas altas pressões, ou anticiclone. À medida que a depressão que tem estado a afetar Espanha, Portugal continental e Madeira se for afastando para oeste pelo Atlântico adentro, o anticiclone ganhará influência sobre a geografia ibérica, proporcionando tempo mais estável, com poucos períodos de precipitação, ficando por isso mais seco.
Outros fatores e/ou elementos climáticos que podem ajudar a explicar este agravamento da qualidade do ar são: o processo de subsidência do ar associado aos anticiclones que dificulta a dispersão dos poluentes, a poluição típica das zonas mais urbanizadas de Portugal que concentram uma intensa circulação rodoviária, fábricas de têxtil e metalurgia, entre outros aspetos, as poeiras saarianas em suspensão, o vento fraco e possivelmente o fenómeno de inversão térmica.
É expectável que a zona geográfica entre o rio Lima e o rio Douro - abrangendo uma grande parte dos distritos de Braga, Porto e Viana do Castelo - seja a mais exposta às partículas poluentes PM2,5, seguida do distrito de Lisboa, tal como se pode ver pelos valores elevados expostos nos mapas da Meteored.
Porém, outros distritos da faixa costeira ocidental como Aveiro, Coimbra, Leiria e o norte de Setúbal, bem como algumas zonas do distrito de Santarém, já no interior, também poderão assistir a um aumento significativo da concentração das partículas poluentes PM2,5.