Poderosa Depressão Aline sucede a Babet em Portugal: saiba que regiões serão mais fustigadas por chuva e vento na quinta
O impacto de duas depressões, a primeira delas (Babet) esta terça e a segunda (Aline) na quinta, provocará um forte temporal de outono com chuva abundante, vento intenso e forte agitação marítima. Saiba que regiões de Portugal serão mais atingidas.
O corredor de oeste abriu-se nos últimos dias, com uma sucessão de sistemas frontais associados a depressões muito cavadas que irão afetar Portugal continental ao longo desta semana. Isto deve-se à deslocação do anticiclone de bloqueio para latitudes mais setentrionais, o que permitiu o desvio dos centros de baixas pressões atlânticas para sul, invertendo completamente a situação que foi vivida na primeira quinzena de outubro.
Pode-se assim dizer que o desfile de depressões no Atlântico Norte já começou. Vêm aí várias seguidas com via aberta até ao nosso país. Esta terça-feira (17), a primeira delas - nomeada Babet pelo Met Office (Serviço Meteorológico do Reino Unido) - atingiu em cheio o Noroeste da Península Ibérica (particularmente Galiza, Minho e Douro Litoral).
Em terras lusas tem tido especial impacto nos distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto, regiões onde, além de estar a descarregar chuva forte, abundante e persistente, está também a produzir um temporal marítimo intenso, com rajadas de vento fortes ao longo do dia e que se têm alastrado a outras zonas nas imediações da Região Norte.
Babet foi a primeira depressão de grande impacto do outono de 2023. O IPMA ativou avisos amarelos por precipitação, vento e agitação marítima de norte a sul da nossa geografia, subindo-os temporariamente na escala até à cor laranja na faixa costeira ocidental e meridional devido à forte agitação marítima. Também foi ativado o aviso laranja por previsão de precipitação forte nos distritos de Vila Real, Braga, Viana do Castelo, Porto e Aveiro.
Quarta-feira, dia 18: os primeiros sinais de Aline, a nova e poderosa depressão atlântica
Amanhã, dia 18, Portugal continental estará entre depressões, mas a chegada de um novo sistema frontal a partir da tarde descarregará chuva forte e persistente no Noroeste do país, sobretudo no Minho, Área Metropolitana do Porto, Beira Litoral e outras partes do interior Norte. Aliás, o Aviso Amarelo por precipitação já está ativo para todos os distritos a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela no dia de quarta-feira, 18 de outubro, onde as acumulações serão significativas.
De maneira mais dispersa alcançará outras regiões do país. O vento continuará a soprar com muita força de Sul/Sudoeste em todo o país, mas será ainda mais intenso nas áreas de montanha e de um modo geral no Norte, podendo atingir rajadas de até 90 km/h.
No entanto, o panorama meteorológico mais adverso prevê-se na quinta-feira (19) com a chegada de outra depressão atlântica de grande impacto e entretanto nomeada pelo IPMA: Aline.
A possível presença de características subtropicais “embebidas” nesta depressão - transporte de massa de ar quente, húmido e instável (um rio atmosférico) -, poderiam agravar ainda mais o estado do tempo, dado que além da chuva, dos ventos intensos, poderá trazer um temporal marítimo de grande envergadura e trovoadas.
Quinta-feira, 19: eis em que regiões estão previstas as situações mais complicadas
A circulação dos ventos de oeste, a chuva e os ventos fortes não se distribuem de maneira uniforme pelo território de Portugal continental devido, essencialmente, à sua complexa orografia, como por exemplo a orientação marcante no nosso relevo, tanto da Barreira de Condensação, como do sistema montanhoso Montejunto-Estrela. De seguida, explica-se em que regiões se prevê uma situação bastante adversa e aquelas onda a mudança do tempo não será tão gravosa.
Onde vai chover mais? E onde irá chover menos?
Como já explicamos nestes últimos dias na Meteored Portugal, nestes próximos dias as acumulações mais significativas irão concentrar-se na metade do território a oeste da Barreira de Condensação e a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela. E a maior "fatia do bolo" de precipitação ocorrerá, previsivelmente, na quinta-feira dia 19!
Entre esta terça (17) e o próximo domingo, 22 de outubro, prevê-se que os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Vila Real, Viseu, Coimbra e Guarda, seja total ou parcialmente, alcancem valores de precipitação acumulada entre 150 mm e quase 300 mm, com o valor maior a pertencer às terras do Minho. As áreas de montanha destes distritos, particularmente aquelas orientadas para os fluxos de sul/sudoeste, somarão facilmente 150/200 mm de água ou até mesmo mais nestes próximos dias.
Pelo contrário, a leste da Barreira de Condensação, devido ao efeito de retenção exercido pela orografia, as nuvens e precipitação chegarão em muito menor quantidade ao Nordeste Transmontano e à parte oriental dos distritos de Vila Real e Viseu, prevendo-se aí uma acumulação pluviométrica entre 70 e 100 mm, grosso modo.
A chuva vai regar todo o país, mas a distribuição pluviométrica por regiões será de enormes contrastes. Por exemplo, até domingo 22 de outubro, as áreas mais meridionais do Algarve deverão registar somente 25 mm de precipitação acumulada, uma quantidade muito modesta quando comparada com as do resto do país. De um modo geral, do Tejo para sul, a chuva acumulada rondará os 60 mm até dia 22, estimando-se nalguns pontos alguns valores ligeiramente superiores ou inferiores a este patamar.
Onde estão previstas rajadas superiores a 100 km/h? Também haverá temporal marítimo!
Outro dos protagonistas da semana será o vento. Amanhã (18) rajadas até 90 km/h, tanto em partes do Litoral Norte e Centro como nas terras altas do Norte e do Centro.
Já na quinta 19, por causa da passagem da Depressão Aline, o vento forte de Sudoeste ficará cada vez mais intenso a partir da manhã nas Regiões Centro e Sul, com rajadas que poderão ultrapassar os 100 km/h, sobretudo no litoral a sul do Cabo Mondego e também na costa meridional de Portugal continental (Algarve), e nas serras destas regiões. A partir do fim da tarde, enfraquece gradualmente ao rodar para noroeste.
O temporal marítimo será muito agreste em toda a faixa costeira ocidental e também no litoral meridional ou algarvio. Durante boa parte do dia, o Aviso Laranja estará ativo não só devido à precipitação e ao vento, como também pela forte agitação marítima. No litoral português prevê-se ondas de noroeste com 5 a 7 metros de altura significativa, com a possibilidade de pontualmente atingir 14 metros de altura máxima.