Outono climatológico 2024: esta é a previsão do tempo em Portugal para os próximos meses, segundo os mapas da Meteored
O outono climatológico terá início no próximo domingo, 1 de setembro. O próximo trimestre é normalmente caracterizado pelo regresso do frio e pelo protagonismo da chuva, por vezes forte. Eis o que revelam os mapas de previsão sazonal da Meteored em Portugal.
Em setembro é comum haver alternância entre estados do tempo quentes e secos e situações meteorológicas frescas ou frias, com chuva, trovoada e granizo. É daqui que nasce o célebre provérbio “Setembro, ou seca as fontes ou leva açudes e pontes”, alusivo ao primeiro mês do outono climatológico, estação que, para a disciplina da Climatologia arranca a 1 de setembro e termina a 30 de novembro.
Prevê-se que setembro seja geralmente mais quente do que o normal, embora com algumas nuances
Tal como é possível ler na previsão mensal da Meteored para setembro de 2024 no nosso país, “(...) as temperaturas estarão entre 1 e 3 ºC acima da média da estação em grande parte do território de Portugal continental e no arquipélago dos Açores, com anomalias mais moderadas no arquipélago da Madeira, litoral Oeste e Barlavento Algarvio, mas também em zonas do interior como o Alto Alentejo”.
Não obstante, perspetivam-se algumas nuances para alguns períodos do mês. De acordo com o nosso modelo de referência, a semana de 9 a 16 de setembro será caracterizada por temperaturas a rondar os valores médios para a altura do ano, e inclusive com anomalias térmicas negativas em zonas do interior de Portugal continental, como por exemplo o distrito de Portalegre. Para as Regiões Autónomas, segundo a Meteored, “(...) predominariam as anomalias quentes, sendo mais significativas nos Açores do que na Madeira, caso o atual cenário se mantenha”.
Em primeiro lugar é preciso realçar que setembro é um dos meses mais complexos para fazer previsões a longo prazo no que concerne à variável da precipitação, com tendência para ser extremamente irregular e sob a forma de aguaceiros e/ou granizo e trovoada. Contudo, em muitas outras ocasiões, setembro torna-se um efetivo prolongamento do verão.
As novas atualizações do modelo, lançadas hoje, apostam agora numa primeira metade do nono mês do ano ainda mais húmida e chuvosa do que o previsto inicialmente, observando-se anomalias de precipitação positivas praticamente de norte a sul de Portugal continental. As trovoadas, ocasionalmente fortes, poderão fazer manchete, convergindo com a nossa previsão mensal, na qual alertámos que “Setembro pode trazer trovoadas fortes a Portugal”.
Para a segunda quinzena os sinais não são tão evidentes, mas, a priori, não se vislumbram anomalias significativas em nenhuma zona de Portugal continental ou arquipélago da Madeira, embora sejam expectáveis alterações em futuras atualizações. Somente para os Açores estão previstas anomalias positivas de chuva durante quase todo o mês, exceto na primeira semana em que o tempo estará mais seco do que o habitual.
Outubro: anomalias térmicas mais suaves que em setembro e com contrastes regionais na precipitação
Para uma grande parte da nossa geografia preveem-se temperaturas até 1 ºC acima da média em outubro de 2024. As únicas exceções serão as regiões do litoral Centro e Sul, desde Ílhavo (distrito de Aveiro) até às terras do Barlavento Algarvio (distrito de Faro), dado que nestes não se vislumbram quaisquer anomalias, para já. Para os Açores preveem-se temperaturas até 1,5 ºC superiores ao normal, enquanto na Madeira se espera o mesmo que no Continente (temperaturas até 1 ºC acima da média).
Mesmo assim, ‘salta à vista’ que regiões como o Minho (Viana do Castelo e Braga), Douro Litoral (Porto), Alto Tâmega e Barroso e o Douro (Vila Real) e o Nordeste Transmontano (Bragança) poderão registar entre 5 e 10 mm acima da média, por oposição total a zonas centrais e meridionais do país como a Grande Lisboa (Lisboa) e o Sotavento Algarvio (Faro), onde se preveem anomalias de precipitação negativas (até 10 mm abaixo do normal).
Na restante geografia do Continente o destaque do modelo de confiança da Meteored vai para o facto de não se detetarem, de momento, anomalias estatisticamente significativas, o que provavelmente significa que a pluviosidade acumulada rondará os valores médios da normal climatológica de referência. O mesmo se verifica para a Região Autónoma da Madeira, exceto numa pequena porção do Sudoeste da principal ilha do arquipélago, onde poderão ser registados entre 5 e 10 mm superiores ao habitual.
Para os Açores as primeiras tendências para outubro revelam um tempo bastante chuvoso. No Grupo Oriental estão previstos índices de precipitação dentro dos valores de referência, mas vislumbram-se anomalias de precipitação positivas nas restantes 7 ilhas, com as mais pronunciadas (entre 10 e 20 mm) previstas para o Grupo Ocidental (Corvo e Flores) e também na totalidade da ilha do Faial e sudoeste da ilha do Pico, pertencentes ao Grupo Central.
Novembro poderá registar temperaturas ligeiramente acima da média e grandes contrastes pluviométricos
Assim como para outubro, é de salientar o valor incrivelmente reduzido e muito pouco fiável destas previsões a longo prazo. É preciso encará-las com cautela e apenas como um possível cenário, dentro do qual se começam a desenhar as primeiras tendências gerais, já que previsões elaboradas para um prazo tão longo remetem quase para a ficção científica!
Não obstante, a atual carta de anomalia de precipitação para o décimo-primeiro mês do ano e terceiro e último mês do outono climatológico, revela grandes contrastes regionais, ou seja, um panorama com regiões que provavelmente acumulariam quantidades de chuva superiores ao normal e regiões que provavelmente poderão registar valores de pluviosidade acumulada inferiores à média climatológica.
Climatologicamente, novembro é um dos meses mais chuvosos do ano em Portugal continental e, aquilo que se perspetiva, para já, é um mês no qual poderia chover bem acima da média em quase todas as regiões a norte da Serra da Estrela e do rio Mondego - exceto distrito da Guarda - destacando-se de entre estas regiões, aquelas que estão situadas a oeste da Barreira de Condensação: Minho, Douro Litoral, Região de Aveiro, Alto Tâmega e Barroso e o Douro e Viseu Dão-Lafões.
Porém, a sul do rio Mondego, o cenário poderá ser drasticamente diferente, com valores ou enquadrados na média, ou abaixo do normal - como é o caso da Região de Leiria, Grande Lisboa, Península de Setúbal, Oeste e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.
Ainda de acordo com os nossos mapas, as anomalias de precipitação negativas mais pronunciadas - isto é, tempo bem mais seco do que o normal -, estão previstas para grande parte do distrito de Setúbal, para o litoral alentejano pertencente ao distrito de Beja e para o Barlavento Algarvio (até 20 mm abaixo da média).
Para os Açores não se vislumbra, globalmente, uma anomalia significativa, exceto na ilha da Graciosa, que poderá registar precipitação um pouco acima do normal. Já para o arquipélago da Madeira é possível que se registe uma anomalia de precipitação negativa, semelhante à das regiões a sul da Serra da Estrela em Portugal continental, estimando-se entre 5 e 20 mm inferiores à média.
Por último, prevê-se uma anomalia térmica positiva suave, com temperaturas entre 0,5 ºC e 1 ºC acima da média em Portugal continental e Madeira. Já para os Açores são esperadas temperaturas até 1,5 ºC superiores ao habitual na totalidade do arquipélago.