Os nossos mapas confirmam um mês de junho com mais trovoadas do que o normal nestas regiões de Portugal
Embora junho tenha arrancado com calor intenso em grande parte do território de Portugal continental, o modelo de referência da Meteored acaba de atualizar a sua previsão para as próximas semanas e tudo indica que outros fenómenos poderão ganhar destaque.
O mês de junho em Portugal continental arrancou com condições meteorológicas semelhantes às que tivemos nos últimos dias de maio. De um modo geral foi imperando um estado do tempo estável, quente, seco e soalheiro, em que as temperaturas subiram e alcançaram valores mais típicos do verão. Da precipitação - nem sinal - apesar disso estar prestes a mudar de forma abrupta nas próximas horas e dias.
Nos últimos dias foram, de facto, foram registados valores muito elevados para a altura do ano, mais típicos do mês de julho (e não de junho) - um dos períodos mais quentes do ano - embora tampouco tenham sido observados picos de calor extraordinários.
Uma corrente de jato polar ondulante poderá trazer novas bolsas de ar frio
Apesar da estabilidade generalizada dos primeiros cinco dias de junho, tudo indica que a precipitação será relevante a partir de agora nalgumas regiões de Portugal. A sua distribuição pela nossa geografia será tremendamente irregular e, por conseguinte, não é possível garantir um excedente pluviométrico em todas as regiões do país. Porém, as chuvas - geralmente do tipo convectivo - contribuirão para que junho de 2024 seja um mês relativamente húmido.
O próximo episódio de precipitação, provocado pela passagem de uma gota fria atlântica sobre Portugal continental e previsto para sexta-feira e sábado, dias 7 e 8 de junho, terá um impacto significativo no balanço pluviométrico do mês. Desta forma, é possível que o mês não termine seco.
O aspeto mais relevante da previsão mensal é a ausência de cristas e anticiclones de bloqueio a sudoeste da Europa. Além disto, a existência de centros de alta pressão nas latitudes altas poderá estimular a chegada de massas de ar frio e depressões até à nossa latitude. Ao exibir um comportamento ondulante, a corrente de jato polar manter-se-á fraca e instável, permitindo a deslocação das massas de ar para longe da sua latitude de origem.
Junho 2024: estaremos perante um mês quente?
Para já nada sugere que junho termine com temperaturas extremas, como já aconteceu em maio. Mas a probabilidade de terminar como um mês significativamente quente é, sem dúvida, elevada em grande parte da geografia do Continente. O oceano Atlântico apresenta atualmente uma anomalia térmica positiva excecional e todas as massas de ar de origem marítima estarão condicionadas pelas águas invulgarmente quentes.
Embora as massas de ar tropical continental não sejam abundantes, a previsão do modelo ECMWF, o nosso organismo de referência, revela temperaturas ligeira ou moderadamente acima dos valores médios, especialmente no interior Norte e Centro de Portugal continental e no Alto Alentejo (entre 1 e 1,5 ºC acima do normal em zonas dos distritos de Bragança, Guarda, Vila Real, Viseu, Castelo Branco e Portalegre).
Nas zonas manchadas a cinzento não se preveem anomalias térmicas estatisticamente significativas e nas zonas manchadas a amarelo - grande parte do território - a temperatura poderá estar até 1 ºC acima do habitual.
Em todo o caso, não existe, para já, qualquer cenário que vislumbre a formação de uma forte crista subtropical sobre Portugal. Esta situação poderá manter-se até ao fim de junho, pelo que a probabilidade de este mês de junho ser extremamente quente é também pouco provável, sendo que esporadicamente continuarão a chegar até cá massas de ar mais fresco ou frio.
Junho poderá registar vários episódios de trovoadas
Uma corrente de jato polar tão ondulante e a ausência de cristas anticiclónicas que proporcionem um estado do tempo estável vão contribuir para o desenvolvimento de vales depressionários e depressões isoladas em altitude ou gotas frias como a que testemunharemos nos próximos dias, pelo que poderá não ser a última a afetar-nos nas próximas semanas.
De acordo com as previsões semanais do ECMWF, esta situação poderá ser um pouco mais recorrente durante o início do verão climatológico, sobretudo nas regiões do interior de Portugal continental.
Tendo isto em conta, o mês de junho poderá acabar por ser relativamente normal no que diz respeito à precipitação. Porém, não se exclui a hipótese de valores acima da média em zonas fronteiriças do interior Norte e Centro, onde as trovoadas tendem a ser mais fortes e abundantes com cenários semelhantes aquele que se vislumbra para as próximas 48 horas.
Em pequenas zonas fronteiriças do interior Alentejano e do Sotavento Algarvio também poderá registar-se precipitação acima do normal no conjunto global do mês.
De qualquer das formas, é importante lembrarmo-nos do carácter geral e altamente incerto das previsões a longo prazo. Haverá que esperar até mais perto das datas de interesse para saber mais pormenores.