Os mapas da Meteored avisam: Portugal não estará 100% livre de chuva até este dia da próxima semana

A tempestade Martinho e as suas frentes e linhas de instabilidade vão continuar a atingir Portugal, embora com efeitos menos nefastos a partir do fim de semana. Mesmo assim, ainda teremos de esperar alguns dias até ao seu desaparecimento total.

Nas últimas semanas a circulação de tempestades em Portugal continental (mas também Açores e Madeira) tem sido constante e praticamente ininterrupta. A mais violenta e prejudicial em termos de estragos e número de ocorrências (mais de 8000) parece ter sido a última das 4 depressões (Jana, Konrad, Laurence e Martinho) que atingiu Portugal em pouco mais de 15 dias, isto é, Martinho.

Como esta situação sinóptica de depressões tem sido particularmente forte e persistente, especialmente nas regiões Centro e Sul, houve inúmeras quedas de árvores e estragos em infraestruturas provocados pelo vento intenso e com rajadas de furacão, bem como inundações significativas em zonas urbanas e rurais e transbordamentos de rios e cursos de água devido à chuva abundante, entre muitos outros impactos.

Tempestade Martinho irá deslocar-se para latitudes mais setentrionais este fim de semana

Nas próximas horas e dias, a situação vai mudar, e apesar da gradual perda de intensidade, não cessará totalmente: a tempestade Martinho vai deslocar-se mais para norte, alimentada por massas de ar frio provenientes de latitudes setentrionais e pelo forte gradiente térmico que é gerado nesta parte da Europa.

A tempestade Martinho, ao deslocar-se para norte ao longo deste fim de semana, impulsionará uma massa de ar polar marítimo, provocando uma descida generalizada das temperaturas e aumentando a hipótese de queda de neve acima dos 1000 metros de altitude.

Isto significa que a massa de ar tropical marítimo que tem vindo a impulsionar a trajetória e evolução da tempestade Martinho será substituída por uma massa de ar polar marítimo, um pouco menos húmida mas também com precipitação associada e, sobretudo, mais fria.

Próximas horas e dias com ainda mais chuva, descida das temperaturas e queda de neve significativa

Com esta situação sinóptica, a precipitação terá tendência a tornar-se mais fraca e menos frequente nas regiões a sul do Tejo.

Porém, espera-se que se intensifique nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, de tal forma que nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria (integralmente) e nos distritos de Viseu, Vila Real, Lisboa, Guarda e Castelo Branco (parcialmente) se preveem entre 50 e 100 mm de chuva acumulada até à meia-noite de segunda-feira, 24 de março.

Alguns locais montanhosos poderão ultrapassar ligeiramente o patamar dos 100 mm de precipitação acumulada. Nas zonas de alta montanha e de maior relevo da Região Centro, o cenário previsto para os próximos dias será o ideal para permitir acumulações de neve de até meio metro acima dos 1600 metros de altitude (distritos de Guarda e Castelo Branco - Serra da Estrela).

A combinação do ar frio (ar polar marítimo) com a precipitação provocará queda de neve em vários locais montanhosos do Norte e Centro de Portugal continental nas próximas horas e dias.

Precisamente por se tratar de uma massa de ar frio, a cota da neve diminuirá consideravelmente, baixando para os 1000 metros de altitude entre hoje (21) e domingo (23). Devido a isto mesmo, as temperaturas continuarão a descer até domingo (23), só se prevendo uma ligeira subida térmica na segunda-feira, 24 de março.

De acordo com os mapas de referência da Meteored, as povoações, serras e montanhas situadas acima dos 1000 metros de altitude nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Porto e Coimbra poderão assistir à queda de neve nas próximas horas e dias, especialmente este sábado, 22 de março.

anticiclone
Só a partir da próxima terça-feira, 25 de março, é que a precipitação deverá desaparecerá totalmente do território de Portugal continental.

As acumulações de neve poderão variar entre 0 e 5 cm nos distritos de Bragança, Viseu, Porto e Coimbra, entre 5 e 10 cm nos de Viana do Castelo, Braga e Vila Real, e entre 15 e 50 cm nos de Guarda e Castelo Branco.

As altas pressões vão prevalecer a partir da próxima terça-feira, 25 de março

Apesar da depressão Martinho se manter perto da nossa geografia até segunda-feira, 24 de março (apenas alguns aguaceiros fracos e dispersos), tudo indica que a sua dissipação porá fim ao “comboio” de tempestades atlânticas.

Em princípio, com a massa de ar polar marítima, proveniente de Oeste e Noroeste, a chuva diminuirá nas regiões a sul do rio Tejo este fim de semana, permanecendo mais alguns dias nas regiões Norte e Centro, onde continuará a chover ou chuviscar até segunda-feira, 24 de março.

Neste momento, o padrão mais provável para o final de março e início de abril é o de um bloqueio anticiclónico, com uma corrente de jato polar que irá traçar algumas ondulações.

Será então a partir de terça-feira (25) que o tempo voltará a ficar estável graças à entrada de um anticiclone em crista. Já sem previsão de precipitação em Portugal continental, o céu irá apresentar-se pouco nublado ou nublado. Nesse dia, apenas para os Arquipélagos dos Açores e Madeira é que se prevê ocorrência de precipitação.

Apesar de existirem cenários que sugerem a chegada de novas frentes vindas do Atlântico para a reta final do mês de março, persiste ainda um elevado grau de incerteza a este respeito, pelo que não é possível determinar a duração deste período de maior estabilidade.