Onde é que vai chover em Portugal esta semana? Eis a previsão de precipitação da Meteored

Nos próximos dias uma “gota fria” atlântica impulsionará para Portugal continental uma forte intrusão de poeiras do Saara. Chuva de lama em perspetiva em várias regiões. Eis a previsão detalhada da precipitação segundo a Meteored.

    Calor intenso, trovoadas e poeiras do Saara vão partilhar a ribalta do estado do tempo esta semana. A informação que vamos gerar a partir da Meteored hoje e nos próximos dias irá centrar-se nestas circunstâncias meteorológicas. A partir de hoje e até sexta-feira (7), as temperaturas vão subir progressivamente, com uma intensificação do calor em muitas regiões de Portugal continental.

    Para além do calor intenso, haverá um episódio significativo de poeiras e a chegada de uma gota fria. Também haverá aguaceiros de lama.

    Nesta previsão concentraremos as atenções somente na precipitação acumulada e na intrusão de poeiras do Saara.

    Intrusão maciça de poeiras do Saara: quando começa e a provável ocorrência do fenómeno chuva de lama

    Após passagem tempestuosa pelos Açores, uma linha de instabilidade associada à gota fria atlântica que temos comentado na Meteored nos últimos dias, condicionará fortemente o estado do tempo no arquipélago da Madeira na tarde de quinta-feira, 6 de junho, prevendo-se aguaceiros pontualmente fortes e acompanhados de trovoada. Não se exclui possível queda de granizo e até mesmo a ocorrência de inundações nesta unidade territorial portuguesa.

    Os efeitos da gota fria nas condições meteorológicas em Portugal continental começarão a manifestar-se à superfície já na próxima quinta-feira, 6 de junho devido à sua aproximação ao sudoeste da nossa geografia.

    Haverá mais nuvens no céu, de alta e média altitude, acompanhadas de poeiras saarianas e prevê-se a ocorrência de aguaceiros e trovoadas durante a tarde, mais prováveis nas Regiões Centro e Sul.

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    A gota fria está neste momento posicionada sobre a Região Autónoma da Madeira e, na sua deslocação para nordeste, promoverá uma circulação do quadrante Sul sobre Portugal continental e impulsionará uma intrusão maciça de poeiras do Saara.

    No dia 6, apesar da probabilidade de precipitação ser muito reduzida, poderá ocorrer sob a forma de chuva de lama. A concentração de poeiras será muito alta no Centro-Sul do território.

    A gota fria chega na sexta, dia 7: esta é a previsão de precipitação acumulada segundo os mapas da Meteored

    O panorama de tempo instável irá manter-se na sexta-feira, dia 7 em Portugal continental. As poeiras vão espalhar-se por toda a geografia do Continente, alcançando a Região Norte. Por vezes, a concentração será mais intensa nas Regiões Norte e Centro do país.

    A instabilidade atmosférica registará um agravamento devido à gota fria que ao deslocar-se desde o Sudoeste de Portugal, posicionar-se-á verticalmente sobre a Península Ibérica. As baixas pressões associadas favorecerão o avanço das poeiras do Saara, que assim serão transportadas num sentido sul-norte.

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    A tarde e noite de sexta-feira, dia 7 e a madrugada, manhã e tarde de sábado, 8 de junho, serão períodos frutíferos em trovoada no nosso país, algumas delas bastante fortes.

    Preveem-se aguaceiros, mais prováveis e frequentes no período da tarde, pontualmente fortes e potencialmente acompanhados de trovoada. Não se descarta que a precipitação assuma a forma de granizo. A provável ocorrência de chuva de lama também deve ser tida em conta. Graças ao carácter errático da gota fria e à sua dinâmica complexa, qualquer região do país poderá receber precipitação nos próximos dias.

    A elevada incerteza associada ao posicionamento da gota fria deve ser tida em conta. Ligeiras alterações na sua trajetória poderão modificar substancialmente a previsão em relação às regiões mais afetadas. Deste modo, recomendamos o acompanhamento constante da situação aqui na Meteored.

    Neste momento o modelo de referência da Meteored estima que as zonas nas quais poderá chover mais na sexta-feira (7) situam-se no Centro-Sul do Continente, com grande probabilidade em zonas do Alto Alentejo, Alentejo Central, Litoral Alentejano e Algarve, mas também em pontos dos distritos de Coimbra, Leiria, Castelo Branco e Santarém. Vastas áreas do interior Norte também poderão registar precipitação, sobretudo as mais montanhosas.

    Isto não significa que outras zonas do país não sejam afetadas. De facto, este sistema depressionário, com mais ou menos intensidade, poderá mesmo vir a ter impacto em toda a extensão do Continente.

    Risco de trovoadas fortes e granizo no fim de semana: estas poderão ser as regiões mais afetadas

    A concentração de poeiras no fim de semana mantém-se, mas em menores quantidades. O principal protagonista da meteorologia ao longo dos dias 8 e 9 de junho, sábado e domingo, será a gota fria, que neste dia ainda continuará situada sobre a Península Ibérica, provocando aguaceiros localmente fortes - mais prováveis nas Regiões Norte e Centro - e acompanhados de trovoadas pontualmente intensas. O risco de queda de granizo persiste.

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    Até à madrugada de segunda-feira, 10 de junho, a Região Norte e algumas zonas da Região Centro serão as mais afetadas pela precipitação 'despejada' pela gota fria atlântica.

    Tanto no sábado (8), como no domingo (9), a precipitação aumentará em quantidade e intensidade nas regiões a norte do Tejo. Tendo em conta os mapas atuais, no final deste episódio meteorológico instável a Região Norte e algumas zonas da Região Centro serão as áreas geográficas de Portugal mais atingidas pela precipitação, tal como é possível observar no mapa de precipitação acumulada da Meteored, acima exposto.

    Alguns dos riscos e efeitos da passagem da gota fria em território nacional

    Embora a água da chuva possa ser benéfica para inúmeros fins, a precipitação convectiva mais típica desta altura do ano é, muitas vezes, mais perniciosa do que útil. O risco de queda de granizo devido ao potencial destrutivo que acarreta para as culturas agrícolas e a ocorrência de aguaceiros fortes e localizados que podem provocar enxurradas, inundações e inúmeros outros danos acaba assim por ser mais prejudicial do que benéfica.

    Não obstante, chover em zonas do país que ainda estão em seca - zonas do interior alentejano e Sotavento Algarvio - é importante, ainda que (quase) sempre dependente das condições impostas pela natureza caótica e errática das gotas frias da época estival.