O verão vai começar forte em Portugal: prevê-se um junho muito quente
Amanhã arranca junho e também o verão climatológico. De acordo com os mapas de tendência, apesar do início chuvoso e ligeiramente fresco do mês de junho, as restantes semanas poderão ser distintas em Portugal continental. O que poderá acontecer? Confira a previsão mensal!
Amanhã, 1 de junho de 2022, arranca o verão climatológico. Os dias serão cada vez maiores e o Sol ainda mais intenso. De momento, algumas áreas de baixas pressões a oeste de Portugal continental estão a condicionar o estado do tempo no nosso país, deixando-o fresco e com chuva ao longo dos próximos dias, um pouco por todo o território. Há também, risco de trovoadas em várias áreas, sobretudo em redor de montanhas.
As trovoadas, que podem ser acompanhadas por chuvas de granizo, quando ocorrem em junho, causam estragos às culturas agrícolas e podem danificar veículos e casas, entre outros. Surgem, habitualmente, pelo interior do país, todavia, a sua ocorrência no litoral tampouco é de descartar.
Climatologia de junho: como costuma estar o tempo neste mês em Portugal continental?
A temperatura média do ar, em Portugal continental, para o mês de junho é 17, 8 ºC. A máxima é 23,6 ºC e a mínima 11,9 ºC. Ao passo que o valor médio de temperatura máxima do ar no Norte nem sequer chega a atingir os 21 ºC, sendo a Região com o valor mais baixo das 5 macro-regiões do Continente, no extremo oposto estão as Regiões do Algarve (25,9 ºC) e Alentejo (26,3 ºC), com esta última a ultrapassar ligeiramente os 26 ºC. Quanto ao valor médio da temperatura mínima do ar costuma oscilar entre 9,8 ºC na Região Norte e 14, 3 ºC no Algarve. Nesse intervalo, estão as restantes Regiões portuguesas.
No que diz respeito à chuva, não é de estranhar que, sendo junho o primeiro mês do verão climatológico em Portugal continental, os registos oficiais apontem para uma drástica descida na média da precipitação acumulada em 30 dias (apenas 30,5 mm), baixando para cerca de metade o valor total de pluviosidade em relação ao mês de maio (60,1 mm). Assim, por norma, a precipitação é escassa em junho no nosso país. O Norte é, sem surpresa, a Região que mais chuva costuma registar no 6º mês do ano civil (média acumulada de 56,7 mm), e, pelo contrário, o Algarve apresenta, habitualmente, apenas 10,5 mm de precipitação acumulada a cada junho.
Em 2022, como poderá ser?
Na semana de 1 a 5 de junho, as baixas pressões situadas a ocidente de Portugal continental irão condicionar o tempo, sobretudo nas Regiões Norte e Centro. Será, assim, uma semana chuvosa, fresca e com risco de trovoadas em grande parte do país. As áreas de baixa pressão penetrarão pelo litoral do país, deixando um ambiente instável e com vários períodos de chuva, sobretudo de Coimbra para Norte. Estará mais concentrada pelas sub-regiões da Beira Litoral, Área Metropolitana do Porto, Viseu Dão-Lafões e Minho. As trovoadas poderão ser localmente intensas em áreas do interior, especialmente durante a tarde e mais prováveis em áreas montanhosas.
Isto não significa que a chuva não chegue ao Sul do país, apenas não o fará de forma tão persistente e abundante ao longo dos próximos dias. Em geral, todo o território de Portugal continental será regado até 5 de junho. Realce-se, contudo, que os mapas de tendências semanais, ou mensais, não assinalam as precipitações de carácter convectivo (trovoadas associadas) e, que, para tal, terá de consultar estes mapas, constantemente atualizados.
Para a semana de 6 a 12 de junho, os modelos indicam, claramente, para condições anticiclónicas, o que resultaria num tempo estável e mais seco do que o normal de norte a sul de Portugal continental. Além disso, tendo em conta o mapa mensal elaborado na Meteored, todo o mês será, em geral, mais quente do que o normal, com temperaturas entre 1 a 2 ºC acima da média em grande parte do país (anomalia térmica positiva).
Destaque para Trás-os-Montes e Alto Douro, Viseu Dão-Lafões, Beira Alta, Beira Baixa, e partes da raia alentejana (Portalegre, Évora e Beja). A cinzento, no mapa, aparecem as áreas (desde o litoral de Aveiro até ao Barlavento Algarvio) onde a série de valores térmicos previstos pelo modelo não é significativamente diferente da série dos valores da climatologia do modelo.
Incerteza na previsão do dia 13 de junho em diante
Embora a primeira semana do mês de junho de 2022 se apresente claramente mais chuvosa do que o normal, as restantes semanas deverão, em princípio, no seu conjunto, registar um estado do tempo tão seco que a precipitação será, em geral, escassa e consideravelmente inferior ao normal, sobretudo nas Regiões Norte e Centro. Isto, apesar de uma primeira semana seca.
Atente-se ao mapa de anomalia de precipitação para junho de 2022 em Portugal continental, “cozinhado” na Meteored. Salientam-se, de imediato, as sub-regiões do Minho, grande parte de Trás-os-Montes e Alto Douro, Área Metropolitana do Porto e partes da Beira Litoral e Beira Interior (até 20 mm a menos do que a normal climatológica de referência).
Nas Regiões da Beira Baixa e Beira Alta, Coimbra, Leiria, Santarém, pontos de Lisboa e Setúbal, a anomalia de precipitação não será tão evidente (até -10 mm em relação ao habitual). Como já foi explicado, as áreas a branco (ou cinzento) revelam que não há desvios significativos em termos pluviométricos em relação à série de valores de precipitação.
Em suma, não existe um sinal claro no que toca às tendências da chuva para junho, o que é lógico, tendo em conta que se trata de um mês no qual as frentes costumam estar longe do nosso território. Inicialmente húmido e chuvoso devido às frentes atlânticas da primeira semana, sobretudo no Norte e Centro do país, o mês de junho poderá, nas restantes semanas apresentar um estado do tempo seco, estável, mais quente que o normal na generalidade do território e soalheiro.
Podemos confiar nestes modelos?
O estado da arte da previsão científica não permite realizar previsões detalhadas e deterministas num prazo superior a 5-7 dias e os erros de previsão nos modelos crescem com o tempo. Assim, é necessário abordar estas previsões como tendências em relação à Climatologia.