O tempo vai mudar: frio diminui, chuva volta a partir de domingo a Portugal
Março arrancou com muito frio em Portugal continental devido à persistência de ar de origem polar nas nossas latitudes. O ambiente gélido, mas estável e soalheiro tem as horas contadas. Para domingo prevê-se o regresso repentino da chuva e dos ventos de Oeste. Consulte a previsão!
A transição de fevereiro para março foi marcada pela entrada potente de uma massa de ar polar continental, vinda de Leste, que esteve “envolvida” na depressão Juliette e num segundo núcleo de ar frio isolado em altitude, posterior a Juliette. Os impactos da depressão Juliette em Portugal continental foram praticamente nulos, exceto pelo tempo frio que desencadeou o aviso amarelo (isso sim, provocado pelo mencionado segundo núcleo de ar frio isolado em altitude).
Ao contrário da vizinha Espanha, que registou frio intenso, forte queda de neve, precipitação, ventos fortes e mar agitado, sobretudo no Nor-Nordeste do seu território, Mediterrâneo e Ilhas Baleares, os efeitos no nosso país resumiram-se ao frio e uns meros aguaceiros de neve durante a tarde de quarta (1) no interior Norte.
A ocidente de Portugal continental, a Região Autónoma dos Açores foi afetada pela Depressão Kamiel e por uma sequência de pequenas intempéries que fustigaram fortemente os vários Grupos de ilhas. Caiu chuva, por vezes forte, mas houve sobretudo rajadas de vento muito intensas, por vezes ciclónicas e mar muito agitado, com ondas a atingir até 9 metros de altura, ou até mais.
Sexta e sábado: aproveite estes dias de transição antes do regresso da chuva
Entre hoje (2) e sábado (4), na nossa geografia continental, o tempo manterá um carácter anticiclónico, estável e seco, sendo maioritariamente soalheiro nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, e com nuvens ou muito nublado a sul deste acidente geográfico. Espera-se vento em geral fraco, por vezes moderado, do quadrante Leste, podendo soprar temporariamente de Norte.
Até sexta (3) mantém-se o aviso amarelo por tempo frio em quase toda a geografia de Portugal continental, exceto no Algarve, mas a partir de amanhã começará a ocorrer uma diminuição gradual do frio. Ainda se espera valores mínimos de temperatura inferiores a 0 ºC para as cidades de Bragança (-3 ºC), Guarda e Castelo Branco (-1 ºC). A máxima subirá para 17 ºC nalgumas capitais de distrito, tais como Coimbra e Faro.
Continuará a haver geadas no interior até sábado (4), sobretudo em redor de áreas montanhosas, e em especial nos pontos de maior altitude do Alto e Baixo Minho e Alto Tâmega e Douro. Serão mais intensas, em duração e extensão por todo o Nordeste Transmontano e Beira Alta.
No sábado (4) prevê-se que frente associada a uma depressão que passará ao largo dos Açores deixe aguaceiros dispersos no país, sobretudo nas Regiões Centro e Sul. Prevê-se que a máxima suba para 15 ºC no Porto e para 18 ºC em Coimbra, baixando para 14 ºC em Lisboa. A mínima manter-se-á negativa em Bragança (-2 ºC) e na Guarda (-2 ºC).
A partir de domingo poderá abrir-se a via à chegada de frentes e depressões atlânticas
É para domingo (5) que se prevê a influência da primeira depressão de origem atlântica cujas frentes associadas poderão atingir a Península Ibérica. Haverá também uma subida generalizada da temperatura, quer da máxima quer da mínima. Numa fase inicial, tudo indica que se tratará de uma pequena depressão que não será particularmente ativa, no entanto poderá gerar muitas nuvens, com os primeiros pingos de chuva a poderem precipitar de norte a sul do país já entre meio da manhã e o final da tarde deste próximo domingo (5).
O Europeu (ECMWF), modelo da nossa maior confiança, insiste num cenário que contempla a tendência para o estabelecimento do fluxo zonal de Oeste a partir de domingo e principalmente durante a próxima semana. O anticiclone de bloqueio do Atlântico deverá deslocar-se mais para norte e oeste, rumando em direção à Gronelândia, o que forçará o jato polar a mover-se, quase por completo, para o sul do mesmo.
Este panorama permitiria a circulação de depressões pelo Atlântico, em latitudes mais a sul, sendo que as frentes associadas potencialmente resultariam em tempo instável, muito variável, com chuva e vento de maior intensidade no Sudoeste da Europa, onde se inclui Portugal.
Para segunda-feira (6) prevê-se a continuidade da chuva no nosso país, embora haja espaço a períodos nublados ou com abertas, isto é, a precipitação não deverá ser particularmente forte ou persistente. E o tempo ficará, em geral, mais ameno, com subida a pique da temperatura mínima.
Incerteza na previsão após segunda, dia 6
Nos dias seguintes, à medida que a semana for decorrendo, a probabilidade de novos centros de baixas pressões mais cavados afetarem o sudoeste da Europa aumenta, mas também a incerteza associada à sua intensidade e localização, pelo que a previsão se torna, inevitavelmente, mais difícil e complexa de elaborar.
Sabe-se sim, com um elevado grau de confiança, que o jato polar irá intensificar-se e circulará em latitudes próximas à de Portugal. Assim, resta-nos esperar por um cenário meteorológico, altamente provável, no qual as frentes de origem atlântica regam a nossa geografia, ao arrastarem massas de ar marítimo polar ou de ar marítimo subtropical.