O tempo na segunda quinzena de novembro: fase final instável?

A primeira quinzena deste mês, apesar de ter registado tempo estável na maior parte dos dias, trouxe episódios significativos de chuva e trovoada a Portugal continental, com destaque para a passagem da depressão fria isolada que causou danos significativos no sotavento algarvio e noutras regiões do país. A este acontecimento, juntou-se a formação do ciclone subtropical Theta, cujo centro já em fase final de dissipação, deixou ainda assim fortes rajadas de vento e chuvas muito intensas nestes últimos dias na Madeira.

A segunda quinzena arranca com temperaturas de 25 ºC no Alentejo

Com base nas previsões do nosso modelo de referência, o IFS-HRES do ECMWF, nestes próximos dias o anticiclone dos Açores ganhará terreno, reforçando a área de influência das altas pressões em torno da Península Ibérica. A estabilidade sairá consolidada e, com efeito, registaremos dias soalheiros, com valores de temperatura superiores ao habitual na maioria do território. Os termómetros deverão mesmo alcançar os 25 ºC em várias localidades do Alentejo e do Ribatejo.

Contudo, apesar das altas pressões, as noites vão continuar a ser bastante frescas, especialmente nas terras do interior e nas áreas montanhosas. O nevoeiro, a nebulosidade e bancos de névoa vão marcar presença de novo nos vales. Assim, a curto e médio prazo os valores diurnos de temperatura estarão acima do normal para a época, ao invés dos quantitativos de precipitação, que vão registar valores consideravelmente abaixo da média.

Possíveis mudanças a partir do dia 24

Apesar da ausência de chuva, da persistência da estabilidade meteorológica e dos valores de temperatura pouco habituais para a altura do ano, prevê-se que a partir da próxima sexta-feira, dia 20, as temperaturas comecem a normalizar em quase todo o território. Ainda assim, a chuva e a instabilidade deverão regressar, segundo estimam os vários cenários do ECMWF, na próxima terça-feira dia 24.

Nessa altura, as altas pressões poderão deslocar-se rumo à Europa Central e até à Escandinávia. Esta possível configuração abriria caminho para o surgimento de alguma gota fria, ou frente atlântica que poderia perturbar a atmosfera e trazer chuva e instabilidade para Portugal continental.

Contudo, reina a incerteza entre os cenários projetados pelo modelo ECMWF para os últimos dias de novembro. Por um lado, um deles aposta pela estabilidade do estado do tempo, ao não permitir que o anticiclone ascenda o suficiente em latitude, o que impediria a passagem de perturbações frontais e outros sistemas de baixas pressões. Pelo contrário, o outro cenário que o ECMWF traça, reforça a ascensão do anticiclone na Escandinávia, pelo que, dessa forma teríamos uma situação mais favorável para o regresso da precipitação no nosso território nos últimos dias de novembro, a partir do dia 24 em diante.

Em resumo, parece que as temperaturas continuarão acima do normal para a época do ano na segunda quinzena de novembro, sobretudo nestes próximos dias, prevendo-se posteriormente uma normalização dos valores. Já no que diz respeito à precipitação, a incerteza é elevada quanto à sua distribuição nestes últimos instantes do outono climatológico.