Tempo em abril, vai ser águas mil?
Nas últimas semanas temos vivido uma grande variabilidade meteorológica em Portugal continental. Abril começou hoje, dando continuidade a esse padrão. O que poderá acontecer até ao fim do mês? Contamos-lhe tudo aqui!
Março foi um mês que rompeu completamente com a tendência que fomos observando durante o inverno. A corrente de jato polar, muito forte durante os meses de janeiro e fevereiro, enfraqueceu e ondulou, permitindo que as massas de ar frio migrassem para latitudes mais baixas. Isto foi percetível nos primeiros dias do mês, com o desenvolvimento de fortes rajadas de vento, mar agitado e chuva abundante, associados às depressões Jorge, Karine e Norberto que foram surgindo em catadupa.
De facto, estes fenómenos meteorológicos adversos não foram meramente pontuais, tendo-se ocasionado várias vezes durante boa parte do mês. Estivemos debaixo da influência de novas depressões na segunda quinzena, inclusive com episódios de gota fria e de queda de granizo.
Aliás, nos últimos dias houve uma fusão de depressões (ar polar continental misturado com ar húmido do Atlântico) que originou fortes nevões no interior Norte e Centro peninsular. Em Portugal continental a neve deixou registos inesquecíveis, tendo pincelado de branco várias paisagens dos distritos da Guarda, Bragança, Viseu, Castelo Branco, entre outros.
Abril, águas mil?
Os mapas do ECMWF sugerem que o padrão de precipitação e massas de ar frio continue neste início de abril. Ao longo dos primeiros dias do mês, um poderoso anticiclone permanecerá no Atlântico Norte a uma latitude muito superior à habitual, ocupando a faixa de oceano compreendida entre as Ilhas Britânicas e a Gronelândia.
Isto vai permitir que um novo ‘carrossel’ de tempestades circule a sul deste centro de altas pressões, afetando o estado do tempo em toda a Península Ibérica. No próximos dias teremos tempo mais chuvoso e fresco do que o habitual nestas datas.
No entanto, o tempo muda drasticamente já no início da próxima semana. A partir de dia 6 o tempo vai aquecer substancialmente em todo o território, antecipando-se uma possível alteração do padrão meteorológico que vigorou até agora. O Centro Europeu de Previsão a Médio Prazo estima que o padrão climático seja mais quente e seco que o habitual, exceto no Noroeste Minhoto, onde deverá chover com abundância. A chuva vai manter-se com alguma regularidade até dia 8, esperando-se grande aumento das temperaturas máximas e mínimas a partir do dia 10.
E na segunda quinzena?
Para já, a cartografia sinótica do modelo ECMWF projeta tempo mais quente e seco que o habitual na terceira e na quarta semana de norte a sul do território português, especialmente na geografia do interior continental. Apesar de começar chuvoso, as primeiras ‘cartadas’ meteorológicas lançadas pelo modelo Europeu, não parecem antecipar um abril ‘águas mil’.
Claro que não nos podemos nunca esquecer que estas previsões, fora de um âmbito probabilista e experimental carecem de precisão, a necessária para fazer uma análise regional precisa. Estes prognósticos não devem ser considerados como referências fiáveis na maioria dos casos. Há que realçar que a longo prazo só é possível analisar aspetos gerais da circulação atmosférica do hemisfério Norte e, por isso, os sistemas meteorológicos mais pequenos vão passar despercebidos aos modelos sazonais.