O que esperar do tempo para a segunda quinzena de junho?
Para as próximas semanas o calor e as trovoadas deixam de ser os principais destaques, com as temperaturas a baixarem em todo o país. Também se espera uma mudança no padrão da precipitação, será intensa? Confira aqui a previsão!
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Os primeiros 10 dias de junho foram, regra geral, marcados pela estabilidade, pelo calor e pelo tempo soalheiro, bem como o predomínio de nortadas. No entanto, tal como avisáramos de antemão, a chegada de uma sequência de gotas frias acabou por se confirmar a partir da passada sexta-feira dia 11, dando início a um período de grande instabilidade atmosférica que terá continuidade durante mais alguns dias.
Os aguaceiros, acompanhados de trovoada e forte queda de granizo deram origem a cenários caracterizados pela destruição de culturas agrícolas, queda de árvores, cheias rápidas e localizadas, entre outras ocorrências. Este tem sido o panorama meteorológico mais comum dos últimos dias em Portugal continental. Agora, a questão que se impõe é: continuará assim na segunda quinzena?
O calor vai “tirar o pé do acelerador”
Após uma primeira quinzena caracterizada pela presença do calor sufocante, com temperaturas elevadas a roçar ou a superar os 30 ºC durante vários dias em diversas localidades, sobretudo do Centro e do Sul (e também em alguns locais do interior Norte), chegando ocasionalmente aos 35 ºC, os termómetros vão iniciar uma descida progressiva ao longo dos próximos dias. Isto vai refletir-se numa anomalia térmica negativa (entre -1 ºC a -3 ºC) em todas as regiões do país em relação à média.
Aliás, hoje mesmo, arrancou a mencionada descida das temperaturas, e, de acordo com o nosso modelo de maior confiança (ECMWF), esta semana o tempo mais fresco deve-se à invasão de uma massa de ar frio oriunda de latitudes setentrionais que abarcará todo o país. Os valores de temperatura serão até -3 ºC abaixo do habitual, especialmente do Cabo Mondego (Coimbra) para sul, até ao Algarve.
O tempo na segunda quinzena de junho em #Portugal continental, segundo o @ECMWF.
— Alfredo Graça (@alfredomgraca95) June 16, 2021
14/06 a 20/06
️ Mais fresco do que o normal, sobretudo do Cabo Mondego para sul.
️ Mais chuvoso no interior Norte e Centro. Níveis normais no resto do país, exceto no Sotavento Algarvio. pic.twitter.com/BqjG9G3BNb
Na próxima semana a tendência de temperaturas mais frescas que o normal não só vai continuar, como também irá estender-se a outras regiões do país. A exceção será nos dias 24 e 25, quando os termómetros voltam a subir acentuadamente, de forma temporária. Nas restantes jornadas predominará de novo uma anomalia térmica negativa de até -3 ºC. As únicas regiões de Portugal continental que vão, em princípio, escapar a essa tendência serão a metade oriental do Baixo Alentejo (Beja, Évora) e a parte oriental do distrito de Faro, o Sotavento Algarvio.
Parece que vai chover menos na segunda metade de junho
Com exceção do interior Norte e Centro, que até ao final desta semana ainda será algo fustigado pelos remanescentes da sequência de depressões de ar frio nos níveis altos da atmosfera – somando mais litros de chuva e consequentemente obtendo uma anomalia positiva bem expressiva no mapa (entre 10 a 30 mm acima do habitual), os níveis de precipitação vão situar-se dentro do habitual para o litoral Norte e Centro e em quase toda a região Sul. Nesta última, os valores serão mesmo ligeiramente inferiores à referência da normal climatológica na faixa do território respeitante ao Sotavento Algarvio.
O tempo na segunda quinzena de junho em #Portugal continental, segundo o @ECMWF.
— Alfredo Graça (@alfredomgraca95) June 16, 2021
21/06 a 27/06
️ Anomalia térmica negativa bem expressiva (-3 ºC) em praticamente todo o país, exceto no Baixo #Alentejo e no Sotavento Algarvio.
️#Chuva dentro dos valores habituais. pic.twitter.com/bMJrFhB9kD
Na semana que vem os mapas ilustram uma realidade bem distinta daquilo que se tem verificado. Com efeito, os quantitativos de precipitação registados deverão ser residuais, prevendo-se por isso uma estabilização do estado do tempo, provavelmente concedida por uma crista anticiclónica. Avizinham-se dias marcados por mais horas de sol, com menos episódios de instabilidade e precipitação.
E do dia 28 em diante?
As tendências antecipadas pelo ECMWF revelam uma nova "reviravolta" no estado do tempo. Os mapas mostram que as temperaturas podem vir a registar uma subida acentuada, em especial no interior do país. Destaque-se a região Norte que, em quase toda a sua extensão registará anomalia térmica positiva de 3 ºC. Quanto à precipitação, deverá ser escassa e muito irregular nessa semana, alcançando uma anomalia negativa, com níveis inferiores ao normal, um pouco por todo o país.
Estes modelos são confiáveis?
Naturalmente que não nos podemos esquecer que estas previsões, fora de um âmbito probabilista e experimental carecem de precisão, a necessária para fazer uma análise regional detalhada. Estes prognósticos não devem ser considerados como referências fiáveis na maioria dos casos. Realce-se que a longo prazo só é possível analisar aspetos gerais da circulação atmosférica do hemisfério Norte e, por isso, os sistemas meteorológicos mais pequenos vão passar despercebidos aos modelos sazonais.