O que esperar do tempo para a segunda quinzena de junho?
Para as próximas semanas o calor e as trovoadas deixam de ser os principais destaques, com as temperaturas a baixarem em todo o país. Também se espera uma mudança no padrão da precipitação, será intensa? Confira aqui a previsão!
Os primeiros 10 dias de junho foram, regra geral, marcados pela estabilidade, pelo calor e pelo tempo soalheiro, bem como o predomínio de nortadas. No entanto, tal como avisáramos de antemão, a chegada de uma sequência de gotas frias acabou por se confirmar a partir da passada sexta-feira dia 11, dando início a um período de grande instabilidade atmosférica que terá continuidade durante mais alguns dias.
Os aguaceiros, acompanhados de trovoada e forte queda de granizo deram origem a cenários caracterizados pela destruição de culturas agrícolas, queda de árvores, cheias rápidas e localizadas, entre outras ocorrências. Este tem sido o panorama meteorológico mais comum dos últimos dias em Portugal continental. Agora, a questão que se impõe é: continuará assim na segunda quinzena?
O calor vai “tirar o pé do acelerador”
Após uma primeira quinzena caracterizada pela presença do calor sufocante, com temperaturas elevadas a roçar ou a superar os 30 ºC durante vários dias em diversas localidades, sobretudo do Centro e do Sul (e também em alguns locais do interior Norte), chegando ocasionalmente aos 35 ºC, os termómetros vão iniciar uma descida progressiva ao longo dos próximos dias. Isto vai refletir-se numa anomalia térmica negativa (entre -1 ºC a -3 ºC) em todas as regiões do país em relação à média.
Aliás, hoje mesmo, arrancou a mencionada descida das temperaturas, e, de acordo com o nosso modelo de maior confiança (ECMWF), esta semana o tempo mais fresco deve-se à invasão de uma massa de ar frio oriunda de latitudes setentrionais que abarcará todo o país. Os valores de temperatura serão até -3 ºC abaixo do habitual, especialmente do Cabo Mondego (Coimbra) para sul, até ao Algarve.
Na próxima semana a tendência de temperaturas mais frescas que o normal não só vai continuar, como também irá estender-se a outras regiões do país. A exceção será nos dias 24 e 25, quando os termómetros voltam a subir acentuadamente, de forma temporária. Nas restantes jornadas predominará de novo uma anomalia térmica negativa de até -3 ºC. As únicas regiões de Portugal continental que vão, em princípio, escapar a essa tendência serão a metade oriental do Baixo Alentejo (Beja, Évora) e a parte oriental do distrito de Faro, o Sotavento Algarvio.
Parece que vai chover menos na segunda metade de junho
Com exceção do interior Norte e Centro, que até ao final desta semana ainda será algo fustigado pelos remanescentes da sequência de depressões de ar frio nos níveis altos da atmosfera – somando mais litros de chuva e consequentemente obtendo uma anomalia positiva bem expressiva no mapa (entre 10 a 30 mm acima do habitual), os níveis de precipitação vão situar-se dentro do habitual para o litoral Norte e Centro e em quase toda a região Sul. Nesta última, os valores serão mesmo ligeiramente inferiores à referência da normal climatológica na faixa do território respeitante ao Sotavento Algarvio.
Na semana que vem os mapas ilustram uma realidade bem distinta daquilo que se tem verificado. Com efeito, os quantitativos de precipitação registados deverão ser residuais, prevendo-se por isso uma estabilização do estado do tempo, provavelmente concedida por uma crista anticiclónica. Avizinham-se dias marcados por mais horas de sol, com menos episódios de instabilidade e precipitação.
E do dia 28 em diante?
As tendências antecipadas pelo ECMWF revelam uma nova "reviravolta" no estado do tempo. Os mapas mostram que as temperaturas podem vir a registar uma subida acentuada, em especial no interior do país. Destaque-se a região Norte que, em quase toda a sua extensão registará anomalia térmica positiva de 3 ºC. Quanto à precipitação, deverá ser escassa e muito irregular nessa semana, alcançando uma anomalia negativa, com níveis inferiores ao normal, um pouco por todo o país.
Estes modelos são confiáveis?
Naturalmente que não nos podemos esquecer que estas previsões, fora de um âmbito probabilista e experimental carecem de precisão, a necessária para fazer uma análise regional detalhada. Estes prognósticos não devem ser considerados como referências fiáveis na maioria dos casos. Realce-se que a longo prazo só é possível analisar aspetos gerais da circulação atmosférica do hemisfério Norte e, por isso, os sistemas meteorológicos mais pequenos vão passar despercebidos aos modelos sazonais.