O que esperar do tempo em Portugal até ao final da primavera?
Um terço da primavera já lá vai, uma estação que tem sido marcada pelo frio e pela chuva. Aliás, por estes dias é notícia aquele que talvez seja um dos maiores episódios de neve desta temporada em Portugal continental. Então, que esperar de maio e junho?
Ao contrário do que ocorreu durante praticamente todo o inverno - incrivelmente seco, estável e soalheiro e, além disso, caracterizado por anomalias térmicas evidentes devido a um poderoso anticiclone de bloqueio – março e abril têm manifestado, até agora, um contraste enorme, apesar de serem meses de primavera.
Aliás, oficialmente, março de 2022 foi classificado, do ponto de vista climatológico, como um mês muito chuvoso e frio, notícia muito bem recebida já que a atenuação da seca foi bem visível. Pelo menos, a classe de seca extrema desapareceu da nossa geografia. Mesmo assim, a situação mantém-se relativamente grave, com pouco mais de 80% de Portugal continental na classe de seca moderada.
Em abril, o tempo tem sido muito variável, alternando dias de chuva e frio com outros de sol e calor. Exemplo disso foi o que sucedeu entre o final da semana passada – a da Páscoa – com a semana seguinte (aquela em que estamos agora). Sendo o mês primaveril por excelência, não é de estranhar esta variabilidade meteorológica. E, cada jornada preenchida por precipitação é sempre de louvar, com todas as benesses para os solos, rios e agricultura que isso acarreta.
Com o atual episódio de chuva, frio e neve a desenrolar-se em finais de abril, e com o cenário de seca que ainda se mantém, em mente, impõe-se a pergunta: o que esperar do tempo em Portugal para maio e junho?
Maio de 2022, um mês de contrastes?
De acordo com os nossos mapas a longo prazo da Meteored, maio de 2022 em Portugal continental poderá ser um mês quente e seco. Todavia, poderá registar contrastes importantes no decorrer das semanas. Espera-se, portanto, anomalia térmica positiva de norte a sul do país, sendo que o calor anómalo irá salientar-se, sobretudo, em toda a faixa do interior (Nordeste Transmontano, Beira Alta, Beira Baixa e Alentejo), que registará temperaturas até 1,5 ºC acima do normal para a época do ano.
Quanto à precipitação, estão previstos valores inferiores ao habitual para esta altura do ano no total mensal em toda a nossa geografia. Até -10 mm do que o normal no Baixo Alentejo e Algarve, até -20 mm do que o normal em praticamente todo o resto do país, exceto no Minho e no Porto, onde se prevê até -30 mm de chuva em relação ao habitual.
No entanto, analisando os mapas meteorológicos de tendência semanal do Copernicus – programa europeu de observação da terra - estão em perspetiva cenários relativamente distintos, prevendo-se que maio de 2022 seja, na verdade, um mês de contrastes. Inicialmente deverá ser húmido e instável, passando progressivamente a um cariz mais seco.
Isto é, as cartas mostram que na primeira quinzena deverá chover acima do que é habitual em toda a porção do nosso território a norte do Mondego, destacando-se claramente o Minho e a Área Metropolitana do Porto com uma anomalia positiva de até 15 mm de pluviosidade. No resto do país estão previstos níveis de precipitação dentro dos valores da normal climatológica de referência.
Para a segunda quinzena de maio, antecipa-se uma maior estabilidade atmosférica em todo o país. Para a terceira semana não se prevê anomalias significativas e o mesmo se aplica à quarta semana, exceto nas temperaturas que poderão apresentar-se mais quentes do que o normal em quase todo o país. O litoral deverá registar valores térmicos dentro do normal.
Junho, mais quente e seco que o habitual?
Segundo os nossos mapas de confiança, antecipa-se junho como um mês quente e seco em Portugal continental. A anomalia térmica será tanto maior quanto mais para o interior do país estivermos, variando entre 0 e 0,5 ºC na faixa costeira ocidental e entre 2 ºC e 3 ºC no Nordeste Transmontano, Beira Alta e Beira Baixa e pontos da fronteira Alentejana.
No que concerne à chuva, prevê-se um panorama mais seco do que o normal, principalmente no Norte e Centro do país. As únicas regiões que apresentam uma probabilidade de precipitação com níveis dentro dos valores de referência são a parte ocidental dos distritos de Lisboa e Setúbal, do litoral alentejano e a quase totalidade do Algarve.