O que é uma onda de calor? Causas, efeitos na saúde humana e medidas de proteção perante temperaturas elevadas

Portugal está neste momento em aviso laranja devido à persistência de valores muito elevados das temperaturas máximas. Neste artigo explicamos-lhe os critérios usados para a classificação de uma onda de calor, as suas causas, efeitos na saúde humana e medidas de proteção.

calor extremo
Uma onda de calor é um evento meteorológico extremo potencialmente perigoso para a saúde humana.

Uma onda de calor é um evento meteorológico (ou climático) extremo que coloca em risco a saúde humana e, em particular, os grupos populacionais mais vulneráveis (idosos, crianças, grávidas, entre outros). Por causa da sua complexidade muitas vezes só é classificada a posteriori como uma onda de calor, após a devida análise e validação dos dados recolhidos pelas estações meteorológicas oficiais do IPMA.

Para que um evento de temperaturas elevadas seja classificado como uma onda de calor deve obedecer a uma série de parâmetros (intensidade, duração e extensão geográfica) estabelecidos criteriosamente por instituições legítimas como a Organização Meteorológica Mundial (OMM) ou o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).

A definição estabelecida oficialmente pela OMM refere que uma onda de calor ocorre quando, durante pelo menos 6 dias consecutivos, a temperatura máxima diária é superior, em 5 ºC ou mais, ao valor médio diário do período de referência.

Contudo, por vezes, um evento extremo como uma onda de calor pode ser significativamente mais perigoso em termos de impacto de saúde pública quando é observado num período mais curto do que o acima referido, ou seja, inferior a 6 dias.

A instituição responsável pela classificação, ou não, do atual episódio de tempo quente como uma onda de calor é o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), numa análise que será feita a posteriori, tendo em conta fatores de natureza climática, geográfica, cronológica e humana.

A título de exemplo, a ocorrência de 3 dias em que a temperatura seja 10 ºC acima da média terá certamente mais impacto na saúde humana do que 7 dias com temperatura 5 ºC acima da média.

Durante um episódio de tempo quente deve assegurar-se de que os seus filhos se mantenham sempre hidratados. Também deve evitar a exposição ao sol durante as horas mais quentes e deve procurar locais frescos, de preferência à sombra.

As causas de uma onda de calor

A principal causa de uma onda de calor tem a ver com a instalação de uma região de altas pressões numa determinada área. Isto faz com que o ar quente que paira sobre as altas pressões, assim como o ar próximo à superfície, não consiga deslocar-se ou sair dessa região.

Deste modo, o ar fica retido e continua a ser aquecido, o que provoca uma subida súbita e anómala das temperaturas. Em áreas densamente urbanizadas, nas quais as superfícies de betão são mais abundantes, a intensidade das ondas de calor é ainda maior.

No caso de Portugal continental o potencial de ocorrência de uma onda de calor acontece quando a influência da crista subtropical ou norte-africana nas condições meteorológicas - combinação de região anticiclónica ou anticiclone com uma massa de ar de origem tropical continental (quente e seca) ou de origem tropical marítima (quente e húmida) - cumpre com os parâmetros de duração, intensidade e extensão geográfica definidos convencionalmente pelas autoridades em Climatologia e Meteorologia, tais como a OMM e o IPCC.

Além da combinação das altas pressões com o ar quente, o “forno ibérico” é outro dos fatores mais proeminentes para que um episódio de temperaturas elevadas ou muito elevados ganhe relevo, aumentando consideravelmente as probabilidades de um evento desta natureza ser classificado como uma onda de calor na geografia de Portugal continental.

O que é o "forno ibérico"?
Esta expressão ganhou mediatismo em Espanha nos últimos anos, mas também pode ser aplicada a Portugal continental devido a questões climáticas e geográficas.

Tem a ver com o facto da Península Ibérica gerar o seu próprio calor: as temperaturas elevadas ou muito elevadas, a elevada radiação solar típica do verão e o vento fraco reforçam o aquecimento da massa de ar, já de si muito quente. Além disto, ocorre uma grande redução da humidade relativa do ar.
Amanhã os valores muito elevados da temperatura máxima persistirão em várias regiões de Portugal continental, com previsão de até 44 ºC.

Riscos de uma onda de calor para a saúde humana

A ocorrência de uma onda de calor pode gerar vários impactos em termos de saúde pública, constituindo-se como um risco natural que não deve ser menosprezado pelas autoridades e pela sociedade.

Além dos perigosos efeitos que pode trazer para a saúde dos seres humanos, é passível de ser a causa de uma maior mortalidade sazonal (verão). Abaixo expomos a lista de alguns dos efeitos mais prejudiciais para a saúde humana.

Efeitos perniciosos do calor na saúde humana
Exaustão e cansaço causados pela exposição ao calor extremo.
Pele quente e seca devido à desidratação e à exposição prolongada ao calor.
Aparecimento de irritações.
Agravamento de doenças cardíacas e respiratórias.
Dores de cabeça e irritabilidade.
Desmaios.
Desidratação.
Insolação.
Morte por hipertermia.

Adoção de medidas de proteção perante o calor extremo, de acordo com a Direção-Geral da Saúde

Perante temperaturas superiores a 35/40 ºC é importante que a população adote medidas de proteção, sobretudo os mais vulneráveis. Hoje, na região Oeste e Vale do Tejo, a localidade de Alvega, situada no distrito de Santarém, registou uma temperatura máxima do ar a rondar os 45 ºC.

No quadro elaborado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), exposto no tweet abaixo, está plasmada uma lista de medidas de proteção em relação ao tempo quente que dizem respeito à exposição solar, à hidratação e a ambientes frescos.

Amanhã, quarta-feira 24 de julho, o calor extremo irá persistir em grande parte da geografia de Portugal continental, embora se preveja uma diminuição da intensidade do calor nalgumas zonas do litoral.