O jato polar vai acelerar e provocará mudança do tempo em Portugal: entre os efeitos, um possível comboio de depressões
A próxima semana irá arrancar com tempo influenciado pelo anticiclone. Contudo, a corrente de jato polar acelerará o ritmo e apontará para Portugal continental, o que poderá gerar um grande temporal atlântico e várias depressões.
Ao longo dos próximos dias - entre sábado (17) e quarta-feira (21) - prevalecerão as condições meteorológicas de estabilidade em Portugal continental, totalmente influenciadas pela subida em latitude do anticiclone.
Assim, no referido período, a ausência de precipitação será o aspeto mais destacado, o que, por outro lado, resultará num céu parcialmente nublado mas com possibilidade de bons períodos de sol, para além da grande amplitude térmica (temperaturas diurnas amenas e acentuado arrefecimento noturno).
Todavia, o mencionado anticiclone não encontrará grande sustentação em camadas médias e altas para além de uma crista móvel que tenderá a recuar em direção ao Atlântico, pelo que este tempo estável não irá durar muito tempo.
Dentro de alguns dias, o corredor atlântico voltará a abrir-se
A partir de quarta-feira (21), com o recuo da crista em direção aos Açores, o Sudoeste Europeu ficará exposto à chegada de frentes provenientes do Atlântico. Além disso, é importante realçar que uma grande massa de ar frio polar em camadas altas da atmosfera irá instalar-se em redor da Islândia, estendendo-se pelo Mar do Norte e até à Península Escandinava. Isto originará um forte gradiente de geopotencial sobre a Europa e, consequentemente, uma poderosa corrente de jato que fluirá de oeste para leste a uma latitude um pouco mais baixa.
Com esta situação, o cenário mais provável é que entre quarta (21) e quinta-feira (22) cheguem a Portugal continental as primeiras frentes. Primeiro o céu ficará mais cinzento devido ao aumento da nebulosidade, de seguida começará a ocorrer precipitação nas regiões do Noroeste que, nas horas e dias seguintes, se poderá estender a praticamente todas as regiões do país, sendo menos provável quanto mais para sudeste da nossa geografia.
Preveem-se também fortes rajadas de vento do quadrante Norte e uma descida geral das temperaturas. A agitação marítima também poderá assumir o protagonismo, pois a zona de vento forte sobre o Atlântico será muito extensa e gerará ondas bastante robustas.
Neve nas serras e chuva em várias regiões
Perante esta configuração sinóptica, prevê-se a possibilidade da chuva cair durante o os restantes dias da segunda metade da próxima semana, sendo mais provável e frequente nas regiões a norte do Tejo, em particular nas zonas de montanha e nas regiões a oeste da Barreira de Condensação. A sul do Tejo a precipitação será muito mais fraca e dispersa e nas regiões mais meridionais de Portugal continental - Alentejo e Algarve - o elemento climático mais chamativo será o vento, que voltará a soprar com fortes rajadas de oeste ou noroeste.
Tal como já explicámos aqui na Meteored Portugal na nossa previsão do tempo em Portugal para a segunda quinzena de fevereiro, é de salientar o facto da massa de ar ser de origem polar marítima. Assim, quando a massa de ar frio afetar o território do Continente, pode vir a facilitar a queda de neve em localidades e serras em cotas altas, não se excluindo o aparecimento do hidrometeoro branco em cotas médias.
Caso tal se concretize, poderão registar-se acumulações interessantes de neve nas serras do Norte e Centro e também nalgumas localidades situadas em elevadas altitudes. Apesar de tudo isto, há que ter em conta que a temperatura elevada da superfície oceânica atlântica poderá dificultar a chegada da neve ao nosso país.
Um grande temporal atlântico à vista?
A maioria dos cenários do nosso modelo de referência (ECMWF) insiste na chegada das típicas frentes oriundas de oeste. Porém, há também alguns cenários que consideram o desenvolvimento de um comboio de fortes depressões quase encadeadas umas nas outras, que atingiriam a Europa Ocidental, podendo potencialmente provocar um agreste temporal de vento, também em Portugal continental. No nosso país os ventos mais fortes surgiriam na Região Norte, especialmente no Noroeste (Minho e Douro Litoral).
Para já, existe um elevado grau de incerteza e o desfecho desta situação só será conhecido no início da próxima semana. No entanto, deve-se ter em conta que estas situações não são de excluir e ocorrem frequentemente com a configuração sinóptica prevista para a semana que vem.