O bloqueio anticiclónico em Portugal continua: até quando?
Por cá a estabilidade do tempo é absoluta há mais de uma semana. Contudo, Espanha permanece sob a ameaça da tempestade Blas, muito instável no leste do país e nas Ilhas Baleares. Até quando vai durar o anticiclone em Portugal continental? Confira a previsão!
E se em Espanha o tempo adverso tem marcado presença devido à tempestade Blas, sobretudo nas Ilhas Baleares, mas também na Catalunha e na Comunidade Valenciana, Portugal continental atravessa um período de absoluta estabilidade meteorológica, com tempo completamente seco e, na esmagadora maioria dos dias, soalheiro.
Aliás, apesar de ter chovido com intensidade nos últimos 4 dias de outubro de norte a sul do país, a tendência de ausência de precipitação do mês anterior prossegue no atual. Inclusive, de acordo com a análise climatológica de outubro, devido a este padrão atmosférico influenciado pelo anticiclone, a classe de seca severa voltou a aparecer no índice de monitorização de seca meteorológica, sendo a região mais afetada pela falta de chuva o Barlavento Algarvio.
A Península Ibérica, “entalada” entre o anticiclone a oeste e a tempestade Blas a leste
A grande diferença de novembro em relação a outubro prende-se justamente com as temperaturas e a sensação térmica. Isto porque outubro foi um mês muito quente em todo o país - chegou a registar 34 ºC numa localidade alentejana – e, assim que novembro arrancou, houve uma entrada de ar polar vinda de latitudes setentrionais que penetrou em força pelo país, provocando uma descida assinalável nos termómetros na primeira semana do mês.
Quanto a esta segunda semana, graças à imposição do fluxo de leste, já não se pode afirmar o mesmo. Assim, as temperaturas voltaram, de novo, a aumentar e a registar valores acima da média para um novembro.
Esta quinta-feira tivemos céu predominantemente limpo, por vezes com alguma nebulosidade alta e temperaturas máximas diurnas agradáveis na maioria do território do Continente, apenas igual ou abaixo dos 15 ºC nas capitais distritais de Bragança e da Guarda. O vento continua a soprar, em geral, de Leste, fraco a moderado, por vezes rodando para Norte ou Nordeste. O maior destaque vai para a sensação térmica, dado que nas horas sem luz solar, será evidente a descida das temperaturas – teremos um acentuado arrefecimento noturno.
Nesta sexta-feira não se antecipam grandes oscilações térmicas. Talvez alguma nebulosidade mais densa na faixa costeira ocidental entre Aveiro e Leiria. Mas, de resto, o estado do tempo será o mesmo devido ao poderoso efeito de um centro de altas pressões (anticiclone) posicionado a oeste-noroeste de Portugal continental: seco e soalheiro.
Até quando vai durar o anticiclone?
De acordo com o nosso modelo de maior confiança, o do ECMWF, o bloqueio anticiclónico que resulta nas condições de céu limpo e estabilidade a que temos estado submetidos, vai prosseguir pelo menos, até meados da próxima semana.
Este fim de semana teremos dias soalheiros, nos quais se prevê uma ligeira subida das temperaturas, quer das máximas, quer das mínimas, sendo domingo o dia mais “quente”. O vento continuará a soprar, em geral do quadrante Leste, rodando por vezes para Norte. Prevê-se máxima de 19 ºC para o Porto, Vila Real, Viseu e Portalegre, 15 ºC na Guarda, 20 ºC em Lisboa, 21 ºC em Coimbra e em Faro.
O mês apresenta perspetivas de ser incrivelmente seco, tratando-se de algo bastante anómalo - apesar de não ser inédito – para um novembro. Isto poderá ter consequências perniciosas, em especial para o setor da agricultura, sempre muito dependente de água e cuja carência nas principais bacias hidrográficas e campos já começa a surtir efeitos.
E nas Regiões Autónomas?
Nos Açores o panorama meteorológico mantém-se instável, com imposição de um fluxo tempestuoso de Sul/Sudoeste, de moderada a forte intensidade e rajadas máximas de 70 km/h. Desde hoje até domingo, prevê-se que a situação se mantenha, com períodos de chuva fraca a moderada, ocasionalmente acompanhada de trovoada, especialmente nas ilhas dos Grupos Ocidental e Central.
A fase mais crítica e gravosa do tempo adverso será durante os dias de amanhã e sábado. Apesar disso, espera-se um vendaval a partir de domingo no Corvo e nas Flores, com as nortadas a imperarem vigorosamente. Em certos momentos do dia, as rajadas máximas poderão alcançar ou superar os 85 km/h.
Na Madeira mantém-se um estado do tempo relativamente variável. O fluxo de norte é dominante e os períodos nublados a soalheiros vão alternando com chuviscos fracos. Aliás, sábado e domingo o tempo estabilizará, não se prevendo precipitação no Arquipélago – exceto na Calheta e na Ribeira Brava.