O aviso de Alfredo Graça para a segunda quinzena de setembro: o verão não abandonará Portugal, pelo menos até esta data
A primeira quinzena de setembro em Portugal foi geralmente estável, seca e com alguma variabilidade nas temperaturas. O modelo de referência da Meteored acabou de atualizar a previsão para a segunda metade do mês. Saiba o que esperar do tempo!
O tempo em Portugal continental na primeira quinzena de setembro foi geralmente seco, estável e com alguma variabilidade térmica devido às origens distintas das massas de ar. O único episódio mais significativo de precipitação ocorreu nos dias 6 e 7 de setembro, tendo sido registada chuva na Região Norte e em alguns locais da zona Centro provocada por uma depressão isolada em altitude.
Nos arquipélagos dos Açores e da Madeira as condições meteorológicas têm sido relativamente constantes, imperando períodos de céu nublado ou muito nublado, boas abertas e aguaceiros fracos. Apesar da persistência do tempo seco e estável no Continente, o jato polar está a começar a apresentar ondulações mais significativas, sintoma de uma dinâmica atmosférica mais outonal.
De facto, como temos vindo a explicar na Meteored nos últimos dias, esta primeira quinzena vai despedir-se com uma mudança drástica no estado do tempo em grande parte da Europa (exceto em Portugal) devido à entrada de uma massa de ar frio (polar marítima), muito intensa para a estação, e que deixará fenómenos meteorológicos muito adversos no centro do continente europeu.
Anticiclone na Europa Central e circulação retrógrada no Mediterrâneo, o que significará isto para Portugal?
E qual é a previsão do tempo para a segunda quinzena de setembro em Portugal? Recordemos que este é um período muito variável do ponto de vista meteorológico, não só em termos de temperatura, gerada pela alternância entre períodos frescos e períodos de muito calor, como também em termos de precipitação.
De facto, o tempo tanto pode ser muito seco - influência do anticiclone - como muito chuvoso por causa das primeiras frentes e depressões atlânticas da temporada. Daí que, não seja de estranhar o famoso provérbio popular “Setembro, ou seca as fontes ou leva as pontes”.
Atualmente, a incerteza é a principal protagonista das previsões meteorológicas a médio e longo prazo, de acordo com o modelo de referência da Meteored, que propõe vários cenários. No entanto, o que parece ser muito provável é que, a partir deste fim de semana, se forme um grande bloqueio anticiclónico entre o Mar do Norte e a Europa Central ou a Escandinávia.
Em Portugal continental, em termos práticos, não haverá grandes efeitos do ponto de vista meteorológico, devido a fatores como a latitude e a orografia. A precipitação que pudesse eventualmente cá chegar a partir do Mediterrâneo seria na sua maioria bloqueada ou barrada pelas cordilheiras montanhosas espanholas.
Esta situação sinóptica irá provavelmente acompanhar-nos ao longo de toda a próxima semana. A depressão isolada em altitude muito cavada que se situará entre a Itália e os Balcãs terá tendência a ‘ocupar’ gradualmente a zona do Mediterrâneo.
Como já foi referido, em Portugal continental isto poucos efeitos terá na prática. Na Península Ibérica apenas teria influência possivelmente nas Ilhas Baleares e no leste de Espanha. Porém, o elemento climático mais chamativo na geografia portuguesa será mesmo o predomínio dos ventos de Leste (associado a mais calor) durante boa parte da semana de 16 a 23 de setembro.
De momento, os mapas apostam em precipitação inferior à média de norte a sul de Portugal continental e Madeira durante a segunda quinzena, e superior à média nos Açores. Para as duas primeiras unidades territoriais referidas, a previsão é compatível com as altas pressões dispostas em crista até à Europa Central e Escandinávia e com a circulação retrógrada mediterrânica.
Quanto às ilhas açorianas, observa-se uma anomalia de precipitação positiva, provavelmente associada à potencial aproximação de sistemas ciclónicos tropicais (ciclone ou furacão ou tempestade tropical) gerados na bacia do Atlântico.
Será que as temperaturas serão de índole estival?
No que diz respeito às temperaturas, o modelo de confiança da Meteored indica a possibilidade de valores entre 1 e 3 ºC acima da média nos Açores e em Portugal continental e até 1 ºC acima do normal no arquipélago da Madeira durante a semana de 16 a 23 de setembro.
Merecem destaque ainda as anomalias de calor mais pronunciadas (entre 3 e 6 ºC acima do normal) nalgumas regiões do Continente, nomeadamente: algumas zonas dos distritos de Coimbra, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Santarém e Portalegre e pontos montanhosos da Barreira de Condensação.
Na última semana de setembro (dias 23 a 30), as temperaturas normalizariam no litoral Oeste (Leiria e Lisboa) e no Algarve, mas com possibilidade de se manterem iguais à semana anterior no resto do território do Continente (valores entre 1 e 3 ºC acima da média). Para os Açores e Madeira também se vislumbra um cenário de continuidade nas anomalias térmicas, sendo mais acentuadas em relação à média nas ilhas açorianas e mais suaves na Madeira.
Atentos ao que poderá acontecer no Atlântico
Mais uma vez, insistimos na elevada incerteza da previsão. Há cenários que mostram que o anticiclone em crista ficará verticalmente posicionado sobre a Península Ibérica, o que resultaria num domínio do tempo estável e seco em Portugal continental. Tampouco se pode descartar a chegada de depressões isoladas em altitude vindas de oeste (ou gotas frias) e é preciso monitorizar a possível presença de ciclones tropicais no Atlântico que influenciem a previsão.
Na presente data o mais provável é, de acordo com o mapa de probabilidades de padrões meteorológicos de longo prazo do ECMWF, uma situação de bloqueio que daria lugar a uma crista atlântica ou ‘Atlantic Ridge’ nas latitudes altas.
Ao contrário de outros anos, este mês está a revelar-se bastante seco e estável em termos meteorológicos, apesar de alguma variabilidade mais marcante das massas de ar (alternância de períodos frescos com outros mais quentes).