O ar polar agravará o tempo frio em Portugal, avisos amarelos ativos
Ao longo dos próximos dias vamos continuar sob o domínio do anticiclone invernal, com sol e geadas numa boa parte de Portugal. Na sexta-feira, uma entrada de ar frio polar pelo norte do país irá causar uma descida generalizada das temperaturas diurnas. Confira a previsão, e proteja-se do frio!
O tempo nos últimos dias tem estado embebido naquilo que já parece ser um “anticiclone eterno”. Com efeito, as altas pressões centradas sobre as Ilhas Britânicas não mostram sinal de enfraquecimento, resultando num panorama meteorológico incrivelmente estável, soalheiro e frio numa boa parte da Europa, sendo que Portugal continental não é exceção. Este bloqueio anticiclónico anormalmente forte e persistente, a par da movimentação do jato polar, faz com que toda a instabilidade invernal (nevões) seja canalizada apenas para países da Europa Oriental, como a Grécia e a Turquia.
Ar polar trará temperaturas gélidas
E se esta quinta-feira o arrefecimento do tempo já justificou a ativação de avisos amarelos para alguns distritos da geografia continental lusa (Braga, Vila Real, Bragança, Leiria, Santarém, Setúbal), amanhã este panorama mantém-se nestes mesmos territórios. Durante os próximos dias, o tempo frio e seco irá agravar-se em todo o país graças à entrada em cena de uma massa de ar polar pelo nordeste da Península Ibérica. Prevê-se uma descida das temperaturas de norte a sul de Portugal continental, com os termómetros a registar mínimas negativas em várias localidades do interior Norte e Centro.
Assim, para os dias que se seguem, sobretudo na sexta-feira (21) e de maneira ainda mais notória no sábado (22), o tempo manter-se-á seco e ficará ainda mais gélido. A conjugação do referido anticiclone localizado sobre as Ilhas Britânicas, com a “invasão” da já mencionada massa de ar frio polar, procedente do interior do continente europeu, justifica os avisos amarelos que estarão em vigor para quase todo o país (15 distritos) no próximo sábado (22). Só Lisboa, Beja e Faro "escapam", de momento.
Além das baixas temperaturas diurnas, o arrefecimento noturno originará a formação de gelo e geadas que cobrirão uma enorme extensão do país, como se vê no GIF abaixo. Embora os dias se antecipem soalheiros, o frio persistirá, pelo que se recomenda bons agasalhos e o reforço de equipamentos térmicos e elétricos como aquecedores e lareiras. Convém também não esquecer que esta situação meteorológica é favorável ao aparecimento, por vezes persistente, de nevoeiros e neblinas em vales e locais abrigados.
Entre sexta e sábado, as temperaturas mínimas estarão abaixo dos 0 °C em muitas capitais distritais do interior, tais como Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda, podendo inclusive baixar até aos -5 °C noutras localidades destas regiões. Na fachada atlântica, a diminuição das temperaturas não será tão acentuada, mas Porto, Coimbra e Lisboa registarão, respetivamente, mínimas de 3 °C, 1 °C e 5 °C. As máximas vão oscilar entre os 10 °C e os 15°C no Norte e Centro, alcançando até 17 °C no Baixo Alentejo e Algarve. No Nordeste Transmontano e Beira Alta não superarão os 10 °C.
No domingo (23) as temperaturas voltarão gradualmente a subir ao longo do dia, não se esperando um ambiente tão gélido. No entanto, o sol e o frio ainda irão continuar aí mais uns tempos. Por último, outro aspeto meteorológico que agravará o frio ao juntar-se a este panorama, é o vento do quadrante leste que contribuirá para um incremento do desconforto térmico. Soprará moderado a forte nas terras altas e, de forma temporária, na faixa costeira.
Agravamento da seca meteorológica
Com este potente bloqueio anticiclónico ainda em marcha, o tempo seco, estável e soalheiro parece não ter fim à vista, nem a curto nem a médio prazo. Efetivamente, a ausência quase total de chuva neste janeiro de 2022 está a contribuir imenso para o agudizar de uma situação já de si grave, graças a um outono que foi, também ele, seco. Em pleno inverno, o panorama mostra-se deveras preocupante de norte a sul de Portugal continental, estando cerca de 94% do país em situação de seca meteorológica. As regiões mais afetadas são o Alentejo e o Algarve.
Numa estação do ano em que deveria estar a precipitar de forma generalizada e abundante, o país encontra-se asfixiado pela falta de água, essencial para os solos (forragens e culturas agrícolas), lençóis freáticos, rios e barragens, nomeadamente para a produção de energia elétrica, como a hídrica e eólica. Resta esperar que em fevereiro haja suficiente movimento atmosférico para trazer a tão desejada chuva ou até mesmo que a primavera seja ‘pluviosamente’ rica.
E nos Arquipélagos?
Nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira prevê-se um estado do tempo ameno, razoavelmente variável, com nuvens, sol e aguaceiros ao longo dos próximos dias. Para além disso, destaque-se o vento, que de um modo geral, soprará forte.