Novo "comboio de frentes" trará mais chuva a Portugal em breve
Amanhã dizemos adeus às poeiras saarianas que nos invadiram nos últimos dias, esperando-se tempo estável, ameno e maioritariamente soalheiro. Contudo, será “sol de pouca dura”, porque dentro de poucos dias um novo “comboio de frentes” chegará a Portugal continental. Onde e quando choverá mais?
Os primeiros dias desta semana foram caracterizados por vários fenómenos meteorológicos em Portugal continental e Madeira, sobressaindo-se a famosa tempestade de grande impacto nomeada como Celia. Graças ao seu posicionamento no Golfo de Cádiz, Celia foi injetando desde segunda-feira uma massa de ar de enorme densidade com poeiras em suspensão.
Não foi a primeira vez, nem pouco mais ou menos, que o nosso país foi atingido por poeiras oriundas do Saara empurradas por ventos do quadrante Sul. No entanto, a magnitude deste episódio foi única, impressionando pela dimensão colossal que adquiriu em toda a Península Ibérica e boa parte da Europa.
Mesmo na Região Autónoma da Madeira, a passagem de Celia foi impressionante, especialmente em relação ao temporal de vento, neve e agitação marítima.
Além da chuva, acompanhada de trovoada e granizo, e do frio (mínimas negativas em pontos elevados da Ilha), caiu um forte nevão nas Regiões Montanhosas, com imagens inolvidáveis em pleno mês de março. Para além disso, o Arquipélago esteve em aviso vermelho devido ao temporal marítimo (risco de ondas com altura máxima de 14 metros).
Por último, saliente-se o valor da rajada máxima de vento registada na Ilha, na passada segunda-feira, dia 14, na estação meteorológica da Ponta de São Lourenço – 161 km/h, um valor de intensidade de vento equivalente ao de um furacão de Categoria 2!
Voltando ao Continente, houve acumulações pluviométricas interessantes entre segunda e quarta-feira, sobretudo no Baixo Alentejo e Algarve. Desde terça-feira até hoje, as poeiras saarianas fizeram notícia e foram a sensação das redes sociais, sobretudo quando, nos locais em que se combinaram com a precipitação, depositaram “chuva de lama” nas superfícies.
A chuva da última semana e da primeira metade desta tem beneficiado todo o país, que começa, assim, a recuperar lentamente da seca. É lógico que a precipitação acumulada na primeira quinzena é insuficiente face à seca, mas os níveis de armazenamento hídrico já subiram em várias albufeiras e bacias hidrográficas, havendo boas notícias para os campos, pastagens e produção hidroelétrica.
"Sol de pouca dura" até domingo
Esta quinta-feira as poeiras saarianas estão a dissipar-se, gradualmente, de norte para sul da nossa geografia continental. Se é amante do sol, aproveite bem o dia de amanhã, 18 de março. Além do calor, potenciado pelas temperaturas mais altas do que o normal para a época do ano e pelo fluxo forte de leste, estará céu limpo e maioritariamente soalheiro, sobretudo na faixa costeira ocidental. No interior de Portugal continental haverá períodos nublados, especialmente durante a tarde.
No sábado, o estado do tempo será bastante semelhante. O fluxo de leste dominará, soprando, por vezes forte de sudeste. Prevê-se períodos nublados, desta vez, cobrindo a totalidade do território. Espera-se também uma suave subida das temperaturas máximas na Região Norte, e uma ligeira descida térmica nas Regiões Centro e Sul, embora nalguns locais não se registe qualquer oscilação térmica.
De domingo em diante, mais chuva a caminho de Portugal continental
De acordo com as previsões do modelo Europeu, um novo “comboio de frentes” e depressões deverá condicionar e agravar o estado do tempo no nosso país dentro de poucos dias. Aliás, de momento, há uma depressão a posicionada e a circular a nor-noroeste do Arquipélago dos Açores, que vai deixando ventos muito fortes e largando frentes que estão a fustigar este território insular. Amanhã a intensidade do vento será maior, esperando-se rajadas de até 100 km/h nalgumas ilhas dos Grupos Ocidental e Central, e trovoada.
Após a sua rápida passagem pelas ilhas, uma das frentes derivada desta depressão irá, a partir de domingo, dia 20, atingir em cheio Portugal continental, esperando-se que as Regiões Centro e Sul, sobretudo entre o haff-delta de Aveiro e o Algarve, sejam as mais afetadas. Numa fase inicial o Norte do país deverá escapar à instabilidade meteorológica, mas a partir de segunda-feira, a frente expandir-se-á para o resto do país. Um aspeto parece estar evidente: o fluxo de leste ou sudeste vai manter-se forte e dominante, prevendo-se também uma gradual diminuição das temperaturas a partir de segunda-feira, dia 21.
De terça-feira em diante, a incerteza associada a este “comboio” de frentes aumenta, apesar de afigurar-se como cada vez mais provável um episódio de instabilidade e chuva generalizada e abundante, o que, caso se confirme, teremos ótimas notícias para Portugal no que toca ao progressivo desagravamento da seca. Os mapas meteorológicos insistem na possibilidade de algumas destas depressões poderem vir a ficar isoladas em altitude, o que aumenta a incerteza associada à sua trajetória, bem como às regiões onde poderá chover mais.