Não há um “padrão claro” na meteorologia da próxima semana na Europa, mas isto é o que pode esperar do tempo em Portugal
Padrão de bloqueio perde robustez e a crista que se eleva sobre o norte da Europa vai flutuando, distribuindo as massas de ar de outras maneiras. Saiba as consequências do tempo em Portugal para a terceira semana de fevereiro.
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Nos últimos dias o padrão de bloqueio tem exercido domínio sobre a circulação atmosférica na Europa. Esta configuração sinóptica consiste num anticiclone forte que se instala sobre o continente, com sustentação nas camadas mais altas da atmosfera, e que resulta no impedimento da circulação normal de tempestades (ou depressões) típicas destas latitudes. Em vez disso, as baixas pressões são forçadas a deslocar para norte ou para sul, não tendo a capacidade de deslocar-se muito para leste.
Este panorama é bastante comum nos episódios invernais fortes e, por vezes, permite a chegada de depressões retrógradas (bolsas de ar frio ou depressões isoladas em altitude) até ao Sul do continente e de massas de ar polares continentais até à Europa Ocidental vindas das latitudes mais setentrionais ou até mesmo da Sibéria.
Embora Portugal continental raramente tenha sido atingido por este tipo de massas de ar nos últimos anos, as regiões do interior ficam sempre mais expostas a estes episódios invernais e também à chegada de depressões retrógradas.
Após o bloqueio, não há clareza quanto ao padrão que ‘tomará as rédeas’ da meteorologia na Europa
No entanto, nem sempre é esse o caso, e este último bloqueio foi um exemplo disso: as massas de ar frio permaneceram no leste da Europa, com nevões abundantes, mas um anticiclone fraco estabeleceu-se sobre o Sudoeste Europeu, com ar ameno em todas as camadas, o que garantiu uma situação bastante invernal nesta parte do continente.
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A exceção foi Portugal continental. O nosso país, sempre mais exposto aos ventos húmidos e temperados do Atlântico costuma ver os episódios de inverno agreste, com muito frio e neve, 'passar de raspão' na maioria das regiões, sobretudo nos últimos anos.
O referido anticiclone - fraco em intensidade e disposto em crista - não foi, pelas características referidas - capaz de impedir a chegada de frentes associadas a depressões e vales depressionários.
Porém, manteve as frentes mais ativas afastadas da nossa geografia, algo que poderá mudar a médio prazo, de acordo com o modelo ECMWF, aquele que a equipa da Meteored Portugal utiliza como referência. Como já foi mencionado, o padrão de bloqueio está em vias de se dissipar devido à perda de intensidade da crista nas camadas altas que sustentam o anticiclone.
Deste modo, segundo as atuais previsões, o regime de circulação para a próxima semana apresenta muito pouca definição e grande variabilidade, embora seja possível vislumbrar-se a possibilidade do estabelecimento de um novo padrão de bloqueio a médio e longo prazo.
A chuva aparecerá com mais frequência no litoral ocidental e meridional, Serra da Estrela e Arquipélagos
O simples facto de as baixas pressões poderem desenvolver-se no Atlântico, sem um anticiclone que as trave por completo, permitirá a progressão de algumas frentes até Portugal continental, com períodos de chuva fraca, por vezes moderada, e precipitação em regime de aguaceiros, que se poderão generalizar a partir de terça-feira (18).
Para esse dia prevê-se a chegada de uma frente fria associada à depressão que afetou hoje os Açores, arquipélago no qual se gerou um raro fenómeno de queda de neve.
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As frentes da próxima semana - terceira semana de fevereiro (dias 17 a 23) - vão impulsionar massas de ar tropical marítimo, que são, por norma, amenas, húmidas e instáveis. O inverno climatológico está prestes a chegar ao fim (28 de fevereiro) e tudo indica que terminará sem vagas de frio ou sequer algum episódio significativo de frio intenso.
De acordo com a atual previsão de chuva acumulada, a massa de ar tropical marítimo (e baixas associadas) voltará a produzir precipitação geralmente fraca e, na maior parte das vezes, intermitente (aguaceiros), embora seja ocasionalmente mais contínua e persistente (chuva) na faixa costeira ocidental (com destaque para os distritos de Leiria e Lisboa), no litoral meridional (distrito de Faro - Algarve) e para a zona em torno da montanha mais alta de Portugal continental (distritos da Guarda e Castelo Branco).
As massas de ar polar vão continuar distantes de Portugal
Com as tempestades atlânticas ‘estancadas’ a oeste (apenas algumas frentes mais débeis chegarão ao nosso país) e o ar frio ‘estacionado’ sobre a Europa de Leste - com um grande anticiclone no meio - torna-se muito difícil que o ar frio das latitudes mais setentrionais ou do interior do continente Europeu avance até ao nosso país. Significa isto que as temperaturas vão manter valores quase primaveris, praticamente de norte a sul e, especialmente, durante o dia.
Como referido acima, a partir do final da terceira semana de fevereiro, há sinais de que um novo padrão de bloqueio se possa reinstalar sobre a Europa. O anticiclone poderá ser um pouco mais forte, mas não há garantia de este panorama atmosférico seja intenso ou de longa duração. Estes sinais servem apenas para indicar uma maior incerteza na previsão para a reta final de fevereiro 2025, à medida que se vai instalando um padrão de circulação fraco e variável.