Na próxima semana o tempo na Europa mudará de “padrão”: eis os efeitos que poderá ter em Portugal
Uma mudança na circulação das latitudes médias sobre a Europa trará alterações significativas nas condições meteorológicas da próxima semana, com este novo cenário a poder prolongar-se durante vários dias. Saiba que efeitos poderá ter no tempo em Portugal.
Nos últimos dias as altas pressões têm estado presentes em grande parte do continente europeu, mas sem uma crista fixa em altitude para a suportar. Este anticiclone tem flutuado constantemente em intensidade e posição, permitindo a chegada de sistemas de baixas pressões até latitudes relativamente baixas. O jato polar, fraco e ondulante, facilitou a circulação errática e irregular destas depressões em diferentes pontos da Europa.
A situação sinóptica acima descrita foi a que permitiu a formação e posterior carácter estacionário da gota fria que tem atingido fortemente a Península Ibérica (sobretudo em Valência, no levante peninsular), sendo responsável por um dos maiores desastres da história de Espanha.
Em muito menor magnitude e intensidade, esta depressão tem estado também a condicionar o estado do tempo em toda a geografia de Portugal continental desde quarta-feira (30). A sua influência agravou o tempo na noite de quinta (31) para sexta, 1 de novembro e Dia de Todos os Santos, especialmente no Sotavento Algarvio (distrito de Faro) e no interior do Baixo Alentejo (Beja).
São esperados mais períodos de aguaceiros e possibilidade de ocorrência de trovoada nas próximas horas (avisos amarelos ativos nos distritos de Guarda, Castelo Branco, Setúbal, Portalegre, Évora, Beja e Faro). Porém, esta situação terminará abruptamente este sábado, dia 2, dando lugar a partir de domingo, 3 de novembro, a um novo panorama meteorológico.
A partir de domingo (3) prevê-se que as altas pressões sobre o continente europeu sejam mais robustas, apoiadas por ar quente nos níveis médios e altos, o que permitirá tempo estável em grande parte da Europa, embora haja algumas exceções.
As anomalias positivas de temperatura serão notáveis no norte do continente europeu, prevendo-se que as massas de ar em níveis baixos atinjam valores quase 15 ºC acima da média climatológica de referência para esta altura do ano, sobretudo em torno do Báltico.
Temperaturas amenas e uma ténue concentração de poeiras do Saara
Um dos meteoros que tem estado presente sobre as nossas cabeças ultimamente e que poderá manter-se ao longo dos próximos dias - embora em concentrações pouco significativas - é a poeira em suspensão, impulsionado pela gota fria e que deverá manter-se durante domingo (3) e parte do dia de segunda-feira (4) no território de Portugal continental.
Com a continuidade das baixas pressões sobre o Atlântico (vales depressionários pronunciados), e com as altas pressões solidificadas sobre a Europa, as massas de ar continuarão a ter procedência meridional, transportando consigo parte das poeiras do Norte de África até ao norte da Europa.
Esta situação permitirá um estado do tempo bastante ameno, com temperaturas máximas a aproximarem-se dos 25 ºC nos distritos de Coimbra, Leiria, Santarém e Setúbal, em especial na quarta-feira (6). Na Região Norte os termómetros chegarão, nos locais mais quentes, aos 22 ºC.
Novo vale depressionário traz chuva a Portugal entre as últimas horas de domingo, 3 e terça-feira, 5
Com os riscos associados à gota fria afastados a partir de sábado, 2 de novembro, as tréguas na chuva e na instabilidade meteorológica durarão pouco.
De acordo com os mapas de referência da Meteored, um vale depressionário posicionado a oeste de Portugal continental produzirá uma nova vaga de precipitação que se prevê durar entre as últimas horas de domingo (3) e terça-feira, 5 de novembro. Nesse período, o regime de ventos, inicialmente de Leste, mudará gradualmente para Sul ou Sudoeste. Os ventos de Sul correspondem, quase sempre, à ocorrência de instabilidade meteorológica na nossa geografia.
O referido vale depressionário dará origem a algumas frentes de fraca a moderada atividade. Estas frentes vão traduzir-se em períodos de chuva ou aguaceiros de intensidades variáveis entre as últimas horas de domingo (3) e terça (5). Não se exclui a possibilidade de ocorrência de trovoada.
Porém, prevê-se que a partir de quarta-feira (6) a ‘batalha’ dos centros de ação atmosférica seja ganha pelas altas pressões. Deste modo, enquanto o anticiclone de bloqueio se mantiver firme na Europa Ocidental, é improvável a chegada de novas tempestades a partir de 6 de novembro a Portugal continental.
Mesmo assim, alguns cenários do nosso modelo de confiança vislumbram a possibilidade de novos vales depressionários ou sistemas de baixas pressões chegarem à Península Ibérica no final da semana de 4 a 11 de novembro, com potencial para provocar alterações significativas.