Mudança brusca de tempo esta sexta, 7 de março, em Portugal: os ábregos impulsionarão chuva forte vinda do Atlântico

A precipitação será o principal elemento climático desta semana, especialmente nas Regiões Centro e Sul. A partir de sexta-feira, 7 de março, o padrão sinóptico vai alterar-se e a chuva tornar-se-á mais abundante e uniforme em Portugal continental.

Como temos referido nas previsões lançadas ultimamente aqui na Meteored, a chuva e a instabilidade vão continuar a marcar o panorama meteorológico em Portugal continental.

Numa primeira fase - entre hoje (3) e quinta-feira, 6 de março - a precipitação será do tipo convectivo (aguaceiros intermitentes potencialmente acompanhados de trovoada), surgindo tendencialmente sobre o Centro e o Sul do nosso país devido a um bloqueio anticiclónico na Europa, mas, posteriormente, haverá que prestar atenção às mudanças.

Baixa pressão situada a sudoeste de Portugal continental continuará a produzir períodos de aguaceiros, potencialmente acompanhados de trovoada, até quinta-feira, 6 de março.

A partir de sexta-feira, 7 de março, a chuva poderá mudar de direção e afetar com mais intensidade as regiões a norte do Tejo e sobretudo a oeste da Barreira de Condensação, que não receberam tanta chuva ultimamente devido ao facto de o vento soprar do quadrante Leste.

Ábregos poderão impor-se a partir de quinta-feira, 6 de março

A atual situação sinóptica caracteriza-se por um padrão de bloqueio. Essencialmente, trata-se de um anticiclone localizado entre as Ilhas Britânicas e o centro da Europa que vai provocando vento do quadrante Leste no nosso país, carregado de humidade e que vai descarregando chuva nas regiões a sul do Mondego e no interior.

Os nossos mapas antecipam, de momento, uma rega abundante de norte a sul de Portugal continental até ao próximo domingo, 9 de março. Algumas localidades situadas nas regiões do Minho, Douro Litoral, Beira Alta ou Baixo Alentejo poderão vir a ultrapassar os 80 mm de precipitação acumulada durante os próximos dias.

Prevê-se que este padrão dure até quinta-feira (6), dia a partir do qual as peças do ‘puzzle’ atmosférico começarão a mudar. O vento soprará de Leste até ao final da manhã de quinta (6), mas a partir da tarde passará a soprar do quadrante Sul, sinalizando a iminente instabilidade proveniente do Atlântico. Uma nova tempestade poderá desprender-se da corrente de jato polar e provocar chuva de norte a sul de Portugal continental devido à entrada dos ábregos.

O que são os ábregos?Este é o nome dado aos ventos procedentes de Sudoeste. São normalmente temperados e húmidos, razão pela qual tendem a desencadear precipitação. Em Portugal continental, as regiões mais beneficiadas são, quase sempre, as que se situam a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e, entre estas, aquelas que se localizam a oeste da Barreira de Condensação.

De momento, os mapas preveem que a tempestade se localize ao largo da costa da Galiza - embora a posição final desta baixa pressão atlântica deva alterar-se ao longo da semana -, dado que a incerteza continua a ser muito significativa devido ao distanciamento temporal.

Os distritos que mais irão beneficiar com a chegada destes ventos

Duas das regiões que teoricamente mais precipitação poderão acumular devido ao vento procedente de Sudoeste são o Minho e o Douro Litoral, algo que faz sentido, uma vez que, por fatores como a latitude, a orientação e a orografia, são dos primeiro territórios expostos aos ábregos carregados de humidade.

No entanto, nesta ocasião, a faixa geográfica que diz respeito ao Barlavento Algarvio, ao Alentejo Litoral e à Área Metropolitana de Lisboa será também uma das primeiras a receber precipitação em função daquilo que se prevê ser a movimentação da depressão atlântica.
O modelo de confiança da Meteored prevê uma típica tempestade atlântica de inverno, com chuva do tipo frontal - contínua, persistente e com uma distribuição mais uniforme (apesar dos devidos contrastes regionais) pela nossa geografia nos dias 7, 8 e 9 de março.

Mas não é apenas o Minho (distritos de Viana do Castelo e Braga) que poderá acumular muita chuva a partir de sexta-feira, 7 de março. Também se prevê chuva abundante (entre 50 e 90 mm acumulados) nos distritos do Porto, Aveiro, Coimbra, setores ocidentais de Vila Real e Viseu e ainda algumas zonas dos distritos de Guarda, Castelo Branco, Beja e Faro.

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Deste modo, as regiões situadas a norte do Tejo e do sistema montanhoso Montejunto-Estrela e, em particular, aquelas que estão situadas a oeste da Barreira de Condensação seriam as mais beneficiadas, pois são a primeira grande barreira montanhosa que estes ventos ábregos encontram e aquelas que poderão receber uma quantidade muito elevada de precipitação. Não obstante, alguns locais mais a sul também poderão receber precipitação significativa.

Este tipo de precipitação é, geralmente, bastante benéfica

Este tipo de precipitação é, de um modo geral, muito benéfico. Apesar de, por vezes, ser bastante intensa, não costuma ter um carácter torrencial nem causar danos (exceto pequenas inundações ocasionais).

Os ábregos são excelentes para melhorar o volume total de armazenamento de água, especialmente em bacias hidrográficas como as do Arade e Ribeiras do Barlavento (as duas atualmente mais carenciadas), sendo igualmente muito proveitosas para os campos e culturas agrícolas, que precisam de muita água nesta época do ano.