Modelo europeu prevê mudança radical do tempo na Semana da Páscoa: eis como afetará a distribuição da chuva em Portugal

Neste dias pré-Páscoa 2025 o tempo em Portugal será condicionado por aguaceiros e trovoadas devido à tempestade Olivier. Porém, a partir do Domingo de Ramos haverá uma alteração importante no padrão meteorológico dominante: eis a análise dos possíveis efeitos desta mudança na chuva.
A tempestade Olivier assumirá o protagonismo do estado do tempo nestes dias que precedem o período das festividades pascais. Esta quinta-feira (10) tem produzido aguaceiros no arquipélago da Madeira, esperando-se que gere instabilidade em Portugal continental nas próximas horas e dias, sob a forma de aguaceiros, trovoada e granizo.

Por vezes poderá ocorrer a chamada “chuva de lama”, um fenómeno que é originado pela combinação das poeiras do Saara com a precipitação gerada pela depressão Olivier - entre o dia de hoje e o Domingo de Ramos, 13 de abril.
O que se prevê após a dissipação da tempestade Olivier?
O padrão meteorológico atual apresenta semelhanças com aquele que prevaleceu durante grande parte do passado mês de março, um período marcado pela extraordinária quantidade de chuva, que foi intensa e abundante durante vários dias em grande parte do território de Portugal.
Como os bloqueios anticiclónicos estão situados entre a Gronelândia e o Mar do Norte, as tempestades são forçadas a deslocar-se para latitudes muito mais meridionais (a sul) do que o habitual, condicionando bastante o tempo na nossa geografia. Os remanescentes de Olivier persistirão durante o fim de semana de Ramos, sobretudo no sábado, 12 de abril, coincidindo com o arranque da semana da Páscoa. Porém, um novo padrão meteorológico pode estar à vista.

De acordo com o modelo Europeu, que é utilizado como referência pela equipa da Meteored, há uma probabilidade média ou média-alta de que o anticiclone dos Açores regresse à sua posição mais normal, localizando-se em redor do arquipélago que lhe dá o nome.
O vento vai mudar de direção, passando a soprar do quadrante Oeste (por vezes de Sudoeste ou Noroeste), e um vale depressionário e várias frentes poderão percorrer entre segunda (14) e quarta-feira (16) o nosso país, dias durante os quais se preveem mais períodos de chuva.
Mais tarde, coincidindo com a reta final da Semana da Páscoa, não há um padrão particularmente definido. Contudo, se o cenário atualmente indicado pelos mapas de previsão probabilísticos a médio/longo prazo se concretizar, a situação de crista ou bloqueio no Atlântico mudará, passando para um panorama no qual as depressões (ou tempestades) se deslocarão em latitudes mais altas do que nas últimas semanas.
No entanto, a incerteza é muito elevada. Os mapas sugerem que um novo bloqueio em ómega poderá estabelecer-se, desta vez com máximos de pressão atmosférica em redor da Gronelândia. Esta situação poderá vir a ser favorável à formação e cavamento de tempestades nas imediações das Ilhas Britânicas, deixando uma grande parte da geografia portuguesa em “terra de ninguém”.
Eis como poderá ser a reta final da Semana da Páscoa em Portugal
Caso o cenário acima descrito se concretize, a chuva seria mais intensa, provável e frequente no Noroeste de Portugal continental, isto é, teria tendência a concentrar-se, maioritariamente, nas regiões situadas a oeste da Barreira de Condensação, o que corresponde aos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e setores ocidentais dos distritos de Vila Real e Viseu a partir da Quarta-feira Santa, 16 de abril.

Tudo isto devido à possível chegada de algumas frentes de fraca a moderada atividade, que distribuiriam a precipitação pelas Regiões Norte e (parte) do Centro, sendo menos provável a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela. Isto poderá condicionar as procissões típicas da Semana da Páscoa nalgumas cidades portuguesas, como por exemplo a do Ecce Homo, em Braga.
Aquilo que acabou de ser explicado terá de ser confirmado (ou descartado) nos próximos dias pela Meteored. Nesta estação do ano é imensamente comum que o estado do tempo seja muito variável, ou não estivéssemos nós já bem adentrados na primavera.

De momento, os primeiros sinais evidenciados pelos mapas parecem sugerir que a reta final da Semana da Páscoa 2025 não será tão chuvosa como em 2024, quando a tempestade Nelson, de grande impacto, provocou chuva forte e até mesmo tornados na nossa geografia.