Mapas da Meteored insistem: Jana será a primeira de um “comboio” de tempestades que atingirá Portugal com chuva forte

Jana será uma das várias tempestades que irá afetar Portugal continental nos próximos dias. A configuração do jato polar será favorável à chegada de novas baixas pressões ao nosso país, com mais chuva, vento e neve.
O estado do tempo este fim de semana e até à madrugada de terça-feira, 11 de março, será bastante adverso devido à proximidade do centro da tempestade Jana, que afetará Portugal continental diretamente.
É importante referir o seguinte: Jana não é apenas composta por um único centro de baixas pressões, mas nos próximos dias apresentará várias ondulações e inclusive um centro secundário que complicará ainda mais a situação e a sua previsão.
Um bloqueio em ómega poderá instalar-se a médio prazo
Para que panoramas como o atual se desenvolvam, em que as baixas pressões conseguem chegar tão facilmente à nossa latitude, é necessário observar o padrão de circulação a uma escala maior: a corrente de jato polar está enfraquecida e apresenta grandes meandros (padrões ondulatórios).

Por outro lado, um centro de altas pressões vai instalar-se nas imediações da Islândia, conduzindo a uma situação de bloqueio com uma crista atlântica. Nesta ocasião, isto facilitará a circulação das baixas pressões para sul.
É uma configuração atmosférica em que o jato polar é forçado a contornar uma grande crista e depois a descer novamente em latitude, seguindo uma trajetória que faz lembrar a última letra do alfabeto grego.
Alguns cenários de médio prazo contemplam mesmo a possibilidade de um bloqueio persistente em ómega, algo que manteria as baixas pressões ‘estacionadas’ perto da nossa latitude durante mais tempo. Todavia, de momento, este não é o único cenário provável contemplado pelos principais modelos de confiança da Meteored para meados deste mês de março.

Em qualquer caso, os mapas sugerem que a situação mais provável, após a passagem da tempestade Jana, seja a de que novas depressões afetem de maneira considerável Portugal continental. No entanto, ainda não é possível conhecer com precisão o desenvolvimento, a trajetória e a posição final destes sistemas de baixa pressão e seus cavamentos.
Um anticiclone sobre a Islândia obrigará as tempestades a circularem para latitudes meridionais
Tendo em conta a situação sinóptica acima descrita, é bastante provável que o próximo sistema de baixas pressões, ainda não bem definido pelos modelos, afete Portugal continental a partir da próxima quarta-feira, 12 de março. Esta nova baixa pressão atlântica aumentará novamente a probabilidade de chuva, e também de queda de neve nas serras e montanhas.
De acordo com a atual previsão dos nossos mapas, a sua trajetória provável ocorrerá um pouco mais a sul do que o habitual, afetando quase toda a geografia de Portugal continental sob a forma de chuva e vento forte (ou seja, todas as regiões situadas a sul do rio Douro), sem excluir a possibilidade de a neve voltar a ser significativa nalgumas zonas montanhosas.

Neste momento, os mapas de referência da Meteored antecipam que a Região Norte será poupada por essa tempestade de quarta-feira (12), no entanto a incerteza na previsão meteorológica é bastante elevada, sobretudo pela distância temporal e por prováveis micro-alterações na trajetória da tempestade que influenciariam a sua distribuição pela nossa geografia.
A presença de massas de ar de diferentes temperaturas próximas umas das outras garante, por um lado, que o nosso país continuará exposto a uma zona do Atlântico que terá alguma atividade ciclogénica propensa a continuar a formar tempestades, inclusive já na reta final da próxima semana. Será preciso prestar atenção à chuva, aos ciclos de gelo e degelo nas zonas montanhosas e aos caudais dos rios.
Nada parece indicar que durante a próxima semana ocorra uma mudança de padrão que traga tempo estável, seco e soalheiro a esta parte da Europa (Sudoeste Europeu e Península Ibérica (Portugal continental e Espanha peninsular). Deste modo, é provável que continuem a formar-se novas tempestades, pelo menos, até meados de março.