Jato polar descontrolado a partir de quinta-feira: eis como as depressões afetarão Portugal com chuva e vendavais
A depressão Garoe marcou o regresso de chuva, vento e agitação marítima a Portugal continental, tendo desencadeado avisos amarelos e laranja. O que virá depois? Saiba o que esperar do tempo em Portugal a partir de quinta, 23 de janeiro.
A Depressão Garoe está a impulsionar ventos quentes e muito húmidos (procedentes de Sudoeste) do Atlântico. Uma sequência de frentes muito ativas continuará a chegar a Portugal continental nos próximos dias devido à proximidade do centro de Garoe. A tempestade, agora um pouco menos intensa, entrará no Noroeste da Península Ibérica - Galiza e Minho (distritos de Viana do Castelo e Braga) - entre a segunda parte de terça-feira (21) e as primeiras horas de quarta-feira, 22 de janeiro.
Com a frente de domingo, 19 de janeiro e a influência da depressão Garoe no tempo em Portugal entre os dias 20 e 22 de janeiro, a circulação atlântica, que consiste essencialmente em ventos de Oes-Sudoeste húmidos e temperados, massas de ar tropicais marítimas e precipitação gerada por frentes e depressões, ficou novamente ativa.
Em parte, isto deve-se ao ‘descontrolo’ do jato polar (observável no vídeo a 9 km de altitude), que ao ficar mais forte, acelerado e ondulante, permite o processo de ciclogénese de várias depressões muito ativas, por vezes explosivas, no Atlântico Norte. Tal como Garoe, algumas delas poderão chegar a Portugal até final de janeiro, possivelmente já a partir do próximo sábado, 25 de janeiro.
Prevê-se chuva em todo o território nacional, sendo geralmente abundante e por vezes persistente, embora, como habitualmente, sejam expectáveis diferenças à escala regional. De acordo com o modelo de confiança da Meteored, o Noroeste (Minho, distritos do Porto e Aveiro e setores ocidentais dos distritos de Vila Real e Viseu) parte significativa da Região Centro, em particular no eixo que liga a serra de Montejunto à serra da Estrela (Leiria, Castelo Branco e Guarda), e a região do Algarve (distrito de Faro).
A depressão Garoe arrastará um rio atmosférico proveniente do Atlântico
Entre a tarde de amanhã (21) e até ao meio-dia de quarta-feira (22) é expectável uma das fase mais críticas da depressão Garoe em Portugal continental, dado que um rio atmosférico que partirá praticamente das Caraíbas reforçará a chuva prevista, principalmente nas zonas bem orientadas para sudoeste, e que terminarão a semana com acumulações bastante significativas.
A chegada destas massas de ar tropical marítimo, quentes e húmidas e provenientes do Atlântico, provocará temperaturas diurnas e noturnas mais elevadas. O vento vai intensificar com a aproximação de Garoe. Entre amanhã e quarta-feira, são esperadas rajadas de mais de 70 km/h nas Regiões Centro e Sul e na principal cordilheira do país (maciço central Serra da Estrela). Adicionalmente, preveem-se ainda condições favoráveis à ocorrência de trovoada localizada e quiçá granizo.
A agitação marítima também será mais intensa amanhã e na quarta-feira (22), prevendo-se que atinja o seu ápice na faixa costeira ocidental a 22 de janeiro - dia para o qual já foi emitido aviso laranja - e são expectáveis ondas de sudoeste de 4 a 5 metros na faixa costeira ocidental, sendo de até 5,5 metros de altura significativa e de até 10 metros de altura máxima no litoral dos distritos de Leiria, Lisboa, Setúbal, Beja e Faro (litoral ocidental).
Jato polar ‘descontrolado’ a partir de quinta, dia 23. O que significa isto para o tempo no nosso país?
De acordo com o que é possível observar nos principais modelos meteorológicos para este fim de semana (sábado, 26 e domingo, 26), a incerteza na previsão ainda é significativa, mas é cada vez mais provável a continuidade do domínio dos ventos de Sudoeste (também conhecidos como ventos ábregos ou chuvosos), com altos e baixos de temperatura mas que, em termos gerais, irão permanecer com valores superiores à média climatológica de referência.
Além disto, o elemento climático que mais se destaca para este fim de semana de 25 e 26 de janeiro é a chuva abundante de norte a sul da geografia do Continente, que será provocada pela chegada abrupta de novas frentes atlânticas.
Espera-se uma melhoria considerável nas condições do estado do tempo na quinta (23) e na sexta-feira (24), apesar da persistência de aguaceiros fracos pós-frontais. Porém, segundo os mapas de referência da Meteored, prevê-se a chegada de um “comboio” de frentes atlânticas, com as primeiras a chegarem já este fim de semana (sábado e domingo, dias 25 e 26 de janeiro) e as seguintes, possivelmente, até ao fim deste mês de janeiro de 2025.
Embora as temperaturas mais amenas sejam uma das grandes novidades do estado do tempo associadas a estas condições sinóticas em perspetiva, geradas por um jato polar ‘descontrolado’ e em que são gerados “comboios” de frentes e depressões, os principais impactos do ponto de vista meteorológico esperados para este fim de semana e possivelmente para a próxima semana (a última do mês de janeiro) são: chuva abundante e por vezes persistente, forte agitação marítima e vento intenso.