Inverno climatológico: o que esperar do tempo para o próximo trimestre?
O inverno é, sem sombra de dúvida, a estação do ano conhecida pelo frio, chuva e pela maior probabilidade de queda de neve. O que nos poderá reservar a atmosfera para dezembro, janeiro e fevereiro em Portugal? Consulte aqui as últimas tendências!
Para a Meteorologia e Climatologia, o inverno irá oficialmente arrancar dentro de poucos dias (1 de dezembro), terminando em 28 de fevereiro de 2023. O calendário climatológico, distinto do astronómico, foi convencionalmente definido desta forma, tendo por base a média anual da temperatura e da precipitação.
Muitas pessoas irão, naturalmente, depender do estado do tempo nos próximos meses a fim de obterem uma melhor performance nas atividades profissionais e/ou de lazer ou férias. É importante, assim, estar informado e atualizado quanto aquilo que a atmosfera poderá reservar para os próximos três meses em Portugal continental, Açores e Madeira.
Algumas observações acerca do clima no inverno
O inverno climatológico (trimestre dezembro, janeiro e fevereiro) é o período do ano no qual as noites têm uma duração maior, a temperatura apresenta valores mais baixos, sobretudo na faixa do interior e na generalidade da Região Norte, e em que a geada e a neve já surgem com maior frequência. O protagonismo do estado do tempo é, em geral, assumido pela chuva e pelo vento, embora por vezes intercalados com dias soalheiros, frios e secos.
Segundo a normal climatológica (1971-2000), a precipitação média (410,7 mm) dos invernos climatológicos em Portugal continental é consideravelmente superior comparativamente ao outono (137 mm), e é, portanto, o período mais chuvoso do ano. As regiões que acumulam mais precipitação, são, em geral, o Minho, Douro Litoral, a Região de Aveiro, pontos do Alto Tâmega, Douro, Viseu Dão-Lafões e uma pequena área do extremo norte do Nordeste Transmontano.
Em relação à temperatura média, dezembro, janeiro e fevereiro constituem, sem sombra de dúvida, o trimestre mais frio do ano, com um valor que ronda, à escala nacional, os 8 ºC.
Outro inverno com baixos índices pluviométricos?
Com base no nosso modelo de referência, o ECMWF, dezembro poderá caracterizar-se por níveis de precipitação inferiores ao normal, sobretudo na primeira semana do mês. No entanto, nas restantes três semanas, poderá chover acima do normal, sobretudo a sul do sistema montanhoso Montejunto-Estrela.
Pelo contrário, a norte de dita Cordilheira (Norte e Centro do país) poderão registar um estado do tempo mais seco e soalheiro do que é habitual, apesar de alguns dias chuvosos. Mesmo assim, com este panorama em vista, o total de precipitação acumulada em dezembro de 2022 em Portugal continental poderá ser inferior à média mensal de 150 mm.
Quanto ao Arquipélago dos Açores prevê-se um cenário dentro do habitual, e até com valores de pluviosidade inferiores ao normal para algumas ilhas do Grupo Central (São Jorge e Terceira). Para a Madeira estão previstos níveis de precipitação dentro da média climatológica de referência.
Todo o território de Portugal continental poderá registar chuva inferior aos valores standard para dezembro. Apesar disso, o Algarve seria a região com o valor menos acentuado de anomalia negativa de precipitação, ao possivelmente registar valores pluviométricos próximos ao intervalo da sua normalidade em dezembro.
Para janeiro de 2023, segundo mês do inverno climatológico, prevê-se uma situação meteorológica com contornos semelhantes à de dezembro, possivelmente com uma melhor distribuição geográfica da precipitação. Isto é, não só uma boa porção do país deverá registar valores normais de precipitação, como, além disso, o Algarve registará uma anomalia de precipitação média mensal positiva (níveis de chuva acima do normal).
Por oposição, o Noroeste e o Litoral Centro, apesar de possivelmente voltarem a registar anomalia de precipitação média mensal negativa, os valores já não serão tão inferiores à referência climatológica. A leitura espacial da distribuição de pluviosidade intui que janeiro ainda possa vir a ser mais chuvoso do que de dezembro. Em relação ao Arquipélago dos Açores espera-se um mês com precipitação dentro do habitual. Pelo contrário, na Madeira, está previsto um panorama húmido e chuvoso que poderá originar uma anomalia positiva (5 a 20 mm).
Finalmente, para fevereiro, as cartas de previsão sazonal intuem que este mês partilhe de muitas similitudes a nível espacial no que toca à distribuição e acumulação pluviométrica. Espera-se um Norte e Centro mais seco e soalheiro que o habitual (anomalia negativa de precipitação), com o Algarve, pelo segundo mês consecutivo, a poder registar mais chuva que o normal. Valores normais previstos para quase todo o Alentejo e para os distritos de Lisboa, Santarém e Setúbal.
E quanto à temperatura?
No que concerne à temperatura, as primeiras tendências para o trimestre de inverno não indicam anomalias significativamente importantes do ponto de vista estatístico em Portugal continental. Somente uma pequena área, correspondente ao Baixo Alentejo e ao nordeste algarvio, poderá registar temperatura ligeiramente superior ao habitual no mês de fevereiro.
Climatologicamente estes três meses são os mais frios do ano no nosso país. Analisando a partir da temperatura média, o mês mais frio do inverno climatológico costuma ser janeiro (7,5 ºC), seguido de fevereiro (8,0 ºC) e, por fim dezembro (8,1 ºC).
Para o inverno 2022/2023 na nossa geografia continental, o facto de não existirem anomalias térmicas significativamente estatísticas não significa que não vá estar frio. Muito pelo contrário! Estando o mapa “manchado” a cinzento, isto representa a possibilidade de que este inverno registe valores dentro da normal climatológica de referência. E, como todos sabemos, o clima na estação invernal, é, na sua essência, frio ou gélido, muitas vezes acompanhado de chuva e vento. Por vezes até neva, sobretudo nas áreas de montanha!
Para os Açores prevê-se, no geral, um trimestre mais ameno do que o normal. Quanto à Madeira, os valores de temperatura não “fugirão” ao habitual, esperando-se um panorama térmico dentro dos valores climatológicos de referência.