Inverno climatológico em Portugal: como será?

A 1 de dezembro começa o inverno climatológico. Em novembro já tivemos um bom aperitivo sob a forma de temperaturas baixas e alguns nevões, além dos fortes ventos que incrementaram a sensação de frio. Continuará assim? Contamos-lhe aqui as previsões a longo prazo!

Será que vamos ter neve suficiente para esquiar ao longo do inverno climatológico em Portugal continental?

Deixamos para trás um outono climatológico que não ficou indiferente a praticamente ninguém no que diz respeito à meteorologia em Portugal. Da gota fria e alguns episódios chuvosos no início de setembro, a chuvas torrenciais em meados de outubro até a um mês de novembro, abundante em chuva e tempo adverso (com nevões pontualmente intensos), rajadas de vento que superaram os 100 km/h e temperaturas baixas durante a maior parte dos dias em quase todo o país, tivemos um outono muito agitado.

Muitas pessoas dependem do tempo. A seca continua a ser notícia em bastantes territórios do interior continental, com destaque para as regiões do Alentejo e do Algarve, sendo que em Espanha muitas áreas também continuam com elevado défice hídrico. O inverno (que climatologicamente inicia a 1 de dezembro) é precisamente uma das estações mais chuvosas em Portugal continental. Veremos o que o tempo reserva para as regiões mais carentes de água nos seus solos.

Inverno terá temperaturas mais altas do que a média e será seco, segundo o ECMWF

Infelizmente, não são boas as notícias para os amantes da neve, ou para aqueles que estão à espera de chuva nos territórios cuja água deixou apenas ténues vestígios nos últimos meses (localidades alentejanas e algarvias atravessam uma grave seca). De acordo com as previsões traçadas pelo European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF), o nosso modelo de maior confiança e fiabilidade, estamos prestes a entrar num inverno mais quente e seco que o habitual.

Para dezembro, janeiro e fevereiro, as previsões do modelo Europeu (ECMWF) realçam um dezembro frio e algo variável em termos meteorológicos em todo o país, enquanto que janeiro e fevereiro deverão ser mais secos e quentes que o habitual. A primeira semana de dezembro será muito fria, em resultado da entrada de uma massa de ar do Ártico que reduzirá drasticamente a temperatura, com pouca precipitação prevista.

Nas semanas seguintes de dezembro, teremos temperaturas diurnas dentro dos valores de referência e noites muito frias. O ar será seco e frio, resultado da forte influência de bloqueios anticiclónicos que impedem a chegada de frentes chuvosas ao nosso país. Ainda assim, em meados do mês poderá chover com algum expressividade na metade norte do país. Existe consenso nos diferentes modelos numéricos para o trimestre do inverno no que concerne às temperaturas, que poderão ser ligeiramente mais quentes que o ‘standard’ com anomalia positiva de 0.25 ºC a 1 ºC. No Nordeste Transmontano os termómetros podem vir a registar 3 ºC acima do padrão térmico.

Os americanos estabelecem cenário semelhante

Tal como as nossas previsões a longo prazo com base no ECMWF, também o IPMA as estabelece assim. Mas o que dizem os americanos? As previsões americanas (NOAA) para a temperatura coincidem com as europeias, com o inverno a ser mais quente que a norma, exceto na Estremadura, em partes do Alentejo (sobretudo litoral) e em quase todo o Algarve. Quanto à precipitação, os americanos apostam num cenários mais negativo. Os níveis de chuva serão escassos ao longo do trimestre, exceto no Noroeste Minhoto e em alguns pontos da região Norte.

Realce-se contudo, que estas previsões não costumam ser muito fiáveis nas nossas latitudes. Os cenários de previsão a longo prazo são muito complexos e difíceis de prever. Apesar disso, dezembro começará muito frio e com chuva fraca. De qualquer das formas, não é boa notícia que tanto o ECMWF como o NOAA coincidam para o próximo inverno.