Haverá alguma tempestade de grande impacto até final de janeiro?
Há um ano, a depressão Filomena deixava um nevão histórico, (mais em Espanha do que em Portugal) e um posterior episódio de frio com temperaturas muito baixas. E até final de janeiro de 2022, será que a chuva, a neve e o frio extremo vão voltar? Confira a previsão!
No ano passado, mais ou menos por esta altura, a Península Ibérica encontrava-se sob os efeitos da depressão de grande impacto denominada Filomena. Em Espanha houve fortes e persistentes nevões durante cerca de 5 dias (entre 6 e 10 de janeiro) em cotas relativamente baixas. O território de Portugal continental, apesar de se encontrar na rota da tempestade, escapou, felizmente, à parte mais violenta da depressão.
Não obstante, estivemos vários dias mergulhados sob um frio extremo, com temperaturas mínimas negativas no interior do país ou próximas aos zero graus Celsius, até mesmo nas cidades do litoral. Este episódio de tempo frio persistiu ao longo da primeira quinzena de janeiro de 2021. A neve também chegou a precipitar em sítio incomuns, a cotas baixas, nomeadamente em localidades do Alto Alentejo. O vento forte também contribuiu largamente para o agravamento da sensação térmica de frio em todo o país.
O que poderá acontecer na segunda quinzena de janeiro?
As temperaturas vão ser baixas em quase todo o país durante toda a segunda quinzena, com formação de geadas em boa parte do interior – sobretudo Nordeste Transmontano (Bragança), Beira Alta (Guarda) e Trás-os-Montes e Alto Douro (Vila Real). Poderão formar-se com menos frequência e de maneira mais pontual nos distritos de Braga, Viseu, Porto e Castelo Branco.
De facto, de acordo com as cartas do nosso modelo de confiança, o ECMWF, a Região Norte e a Região Centro (exceto Beira Baixa), registarão uma anomalia térmica negativa de -3 ºC de 17 a 24 de janeiro, isto é, as temperaturas registadas serão de até -3 ºC inferiores ao normal para esta altura do ano nestas áreas do país. A Beira Baixa, o Ribatejo, a Península de Setúbal e o Alentejo terão temperaturas até -1 ºC abaixo dos valores de referência. A única exceção térmica será o Algarve, já que esta região deverá apresentar valores dentro do habitual climatológico para a época.
Na semana seguinte, 24 a 30 de janeiro, embora as temperaturas previstas já não sejam tão frias, os termómetros ainda deverão mostrar valores inferiores ao normal, com anomalia térmica negativa (-1 ºC) na quase totalidade das Regiões Norte e Centro (exceto Nordeste Transmontano e Beira Baixa). As geadas e o gelo ainda aparecerão, mas com mais raridade. O resto do país registará valores térmicos normalizados.
Naturalmente que os Arquipélagos, especialmente o da Madeira, desfrutará de uma ambiente muito mais ameno com máximas constantemente entre os 18 e 20 ºC e mínimas em torno dos 16 a 17 ºC. Já nos Açores, as ilhas registarão um estado do tempo ligeiramente mais fresco do que a congénere madeirense, máximas de 17 ºC e mínimas de 14 ºC a 15 ºC.
E a referida tempestade, poderá formar-se?
A resposta, para já, e tendo em conta a posição projetada pelo ECMWF quanto ao anticiclone centrado nas Ilhas Britânicas é: Não. Tão cedo, dificilmente assistiremos a uma depressão de grande impacto nas nossas latitudes. Por isso mesmo, no que diz respeito à chuva, a que eventualmente surgir será sempre muito escassa. Por exemplo, neste próximo fim de semana (domingo, 16) existe a possibilidade de aguaceiros fracos na fachada ocidental do nosso país. Será neste tom que a eventual precipitação da segunda quinzena de janeiro deverá surgir, isto é, sob a forma de chuviscos dispersos, residuais e pouco intensos.
As maiores probabilidades de precipitação seriam mesmo para o arquipélago da Madeira, que ao longo da próxima semana (dias 17 a 24), vê as chances de ser atingido por um sistema de baixas pressões (chuva, vento forte e trovoada) a aumentar a cada dia que passa. Teremos de aguardar pelas próximas atualizações para verificar se este cenário se irá realmente confirmar. Também os Açores poderão ser atingidos por frentes associadas a este mesmo sistema de baixas pressões. Resta perceber se terá ou não magnitude suficiente para ser classificado de grande impacto, mas para já, tudo indica que não.