Grande cavado com ar polar poderá produzir uma nova depressão em Portugal
O tempo voltou a estabilizar em Portugal, mas poderá ser “sol de pouca dura”. Nos próximos dias prevê-se chuva, por vezes forte, risco de trovoada e até de inundações na Madeira e nos Açores. Irá esta instabilidade chegar ao Continente? Consulte a previsão!
Após a rápida passagem pelo território de Portugal continental de um episódio invernal atípico que deixou aguaceiros de chuva, neve e granizo entre terça (7) e quarta-feira (8), o estado do tempo voltou a estabilizar, de novo sujeito às altas pressões.
A instabilidade meteorológica registada deveu-se a uma advecção de leste carregada de ar polar continental (posteriormente misturado com humidade mediterrânica) que produziu um núcleo de ar frio em altitude que atravessou o Norte de Portugal numa trajetória Leste-Oeste, e que se juntou a uma depressão secundária situada a sul do Algarve.
Esta quinta-feira (9) ainda houve alguns aguaceiros irregulares, fracos e dispersos pelo Sul do país (sobretudo Baixo Alentejo e Algarve), mas entretanto a instabilidade dissipou-se da nossa geografia. Espera-se que a partir de amanhã, sexta-feira 10, o panorama meteorológico assuma a forma de períodos maioritariamente soalheiros, por vezes interrompidos por algumas nuvens.
As noites voltarão a ficar mais frias, intercalando-se com dias relativamente amenos. Prevê-se formação de geada e gelo, sobretudo no interior Norte e Centro (em particular em vales e áreas montanhosas do Nordeste Transmontano e Beira Alta). O fluxo também deverá manter-se predominante do quadrante Leste. No entanto esta situação meteorológica poderá ser “sol de pouca dura”. O que poderá acontecer dentro de poucos dias em Portugal?
Chuva forte e risco de cheias, inundações e trovoada na Madeira
A região depressionária complexa que foi condicionando o estado do tempo na Península Ibérica nas últimas 24 a 48 horas já se retirou em direção ao Atlântico, e, agora, prevê-se que produza instabilidade no Arquipélago da Madeira, ao ser “engolida” pela circulação do jato polar.
Ao longo dos próximos dias, para a Madeira, prevê-se períodos de chuva ou aguaceiros, que poderão ser localmente fortes e acompanhados de trovoada, com o momento mais crítico a poder surgir já nesta sexta-feira, dia 10. Não se descarta o risco de cheias e inundações repentinas devido ao carácter relativamente estacionário desta baixa. Também poderá granizar. De facto, as Regiões Montanhosas e a Costa Sul da Ilha da Madeira já estão oficialmente em aviso amarelo por risco de moderado de precipitação.
A instabilidade nos Açores poderá chegar a Portugal continental
O Arquipélago dos Açores, sobretudo os Grupos Ocidental e Central, também estará exposto à precipitação e risco de trovoada, sobretudo a partir de sábado (11) devido a uma pequena bolsa em altitude.
Além da previsão a curto prazo (até domingo 12) que indica instabilidade meteorológica para as Ilhas açorianas, com toda a variabilidade que isso pressupõe (períodos de aguaceiros, nuvens e sol), a última saída do nosso modelo de maior confiança (ECMWF) aposta num novo cenário de tempo instável, em perspetiva já para o início da próxima semana, que daria continuidade aquele vivido na geografia insular açoriana ao longo dos dias anteriores.
Durante os dias de segunda (13) e terça-feira (14) o Arquipélago dos Açores poderia estar exposto a um enorme cavado com ar polar, proveniente de latitudes setentrionais, esperando-se mais períodos de chuva ou aguaceiros. Toda esta situação ainda é relativamente incerta graças ao “jogo” de pressões e de massas de ar, aconselhando-se cautela na sua interpretação, pois as próximas atualizações ainda podem alterar a previsão.
Ainda segundo o mapa do modelo Europeu, este mesmo cavado poderá vir a produzir uma depressão, possivelmente situada a oeste/sudoeste de Portugal continental. Caso este cenário se concretize, a chuva poderá regressar ao nosso país a partir da próxima terça-feira, 14 de fevereiro e Dia de São Valentim, prevendo-se mais chuva (especialmente para as Regiões Centro e Sul, com destaque para Alentejo e Algarve), não sendo de eliminar a possibilidade de ocorrência de granizo e trovoada.