Furacão Leslie já ultrapassou Milton em intensidade e a sua trajetória aponta agora para este arquipélago europeu
Após a passagem catastrófica do Milton sobre a Flórida, todas as atenções estão viradas para o Leslie, um furacão de categoria 2 no meio do Atlântico subtropical, que se dirige para a Europa, uma trajetória recentemente seguida pelo Kirk.
O perigoso furacão Milton atingiu finalmente Siesta Key, na costa oeste da península da Flórida, há algumas horas, ainda como “major”. Rapidamente desceu para a categoria 1 à medida que se deslocava sobre terra firme, mas causou pelo menos dois mortos e danos materiais consideráveis em numerosas cidades da região.
Milton degradar-se-á rapidamente nas próximas horas, depois de ter atravessado a península da Flórida
Para além do surpreendente Beryl, o início da temporada de furacões foi anormalmente calmo em comparação com o que se esperava. E agora, Milton é o segundo furacão a atingir a Flórida em quase duas semanas, que já em 26 de setembro tinha sido atingida pelo Helene, outro poderoso furacão que deixou mais de 200 mortos em vários estados do sudeste dos EUA, tornando-se o furacão mais mortífero a atingir o país desde o Katrina.
Nas últimas horas, Milton cortou a eletricidade a 2,8 milhões de casas e empresas, obrigando ao encerramento de hospitais nos condados de Charlotte e Englewood. Nos arredores de Tampa, caíram mais de 200 mm em poucas horas e foram registados pelo menos 27 tornados na Flórida. Registaram-se tempestades significativas e inundações repentinas e foi decretado o recolher obrigatório em várias partes do estado.
No aviso 21 do NHC, informava-se que Milton estava a deslocar-se para leste, ainda com ventos sustentados de 134 km/h. Sairá para o Atlântico subtropical, onde continuará a degradar-se e a perder força, até “morrer” finalmente a sudeste das Bermudas, este fim de semana, pondo fim a um surpreendente e devastador ciclone tropical.
E agora o Leslie, será parecido com o que assolou Portugal em 2018?
Agora, os especialistas estão atentos ao furacão Leslie, que se encontra atualmente em pleno Atlântico subtropical central, longe de qualquer superfície terrestre. Este nome será familiar para algumas pessoas, pois é o mesmo nome do surpreendente furacão que se formou na primeira quinzena de outubro de 2018 no Atlântico a partir de um sistema de baixas pressões não tropical.
O Leslie causou uma grande temporal marítimo na Madeira e quase chegou a tocar terra em Portugal continental ainda como ciclone subtropical. No entanto, já como uma poderosa tempestade extratropical, deixou chuvas torrenciais, inundações, ventos com força de furacão e dezenas de feridos em Portugal, Espanha e França. No sul deste último país, 13 pessoas perderam a vida.
O atual Leslie está a comportar-se de forma mais normal do que o seu antecessor de 2018. É atualmente um furacão de categoria 2, com ventos sustentados de 165 km/h, ultrapassando em intensidade o mediático Milton nas últimas horas. No entanto, vai perder força rapidamente à medida que se desloca para norte, degradando-se para uma tempestade tropical já amanhã.
Leslie está a apontar para os Açores, poderá chegar à Península Ibérica como fez Kirk?
Deslocar-se-á para nordeste, começando a interagir com o jato polar, e durante o fim de semana sofrerá uma extratropicalização, perdendo grande parte das suas características tropicais. O curioso é que este Leslie poderá também afetar o território europeu, mais concretamente o arquipélago dos Açores, durante a madrugada de segunda-feira.
No entanto, se este cenário se mantiver, os seus restos chegariam a priori como uma baixa pós ou extratropical, mas deixaria ainda chuvas localmente intensas e ondulação muito forte em algumas ilhas, com ventos sustentados de cerca de 65 km/h no seu centro. Em todo o caso, teremos de seguir a sua evolução, pois a incerteza é bastante elevada.
Em saídas anteriores dos modelos era sugerido que os seus restos poderiam mesmo chegar à Península Ibérica, algo que neste momento parece pouco provável, uma vez que o ex-Leslie seria absorvido por um vale depressionário. Finalmente, vale a pena lembrar que no pico da temporada de furacões é comum que estes sistemas cheguem à Europa como tempestades extratropicais muito cavadas, como acabámos de ver com o ex-Kirk.