Forte anticiclone previsto para a próxima semana dá sinais de ‘quebra’ e mapas da Meteored já revelam chuva em Portugal

O modelo de referência da Meteored revela sinais de ‘quebra’ de um anticiclone detentor de uma pressão extraordinariamente elevada, bem como da sua posterior movimentação para leste. Isto poderá favorecer chuva em várias zonas de Portugal continental na próxima semana. Saiba mais na previsão!

Por fim, o frio típico do inverno chegou a Portugal continental, instalando-se em força ao longo desta semana de 9 a 16 de dezembro, após uma intensa massa de ar polar proveniente de Norte. De um modo geral, as temperaturas têm sido baixas, sendo por vezes registados valores negativos nas regiões do interior.

Além disto, uma depressão isolada em altitude que surgiu na quarta-feira (11) sobre o Golfo de Cádis, irá dissipar-se gradualmente da nossa geografia nas próximas horas e dias, deixando o país à mercê das altas pressões. Assim, embora se preveja alguma instabilidade nas próximas horas e na primeira metade do dia de sábado (14), o fim de semana será maioritariamente anticiclónico - céu pouco nublado ou limpo - e com temperaturas habituais de inverno.

Para que não subsistam dúvidas, quando nos referimos ao “frio típico do inverno”, referimo-nos ao inverno climatológico, que arrancou no passado 1 de dezembro e terminará a 28 de fevereiro de 2025. O “outro” inverno - o astronómico - apenas arrancará no dia do solstício, a 21 de dezembro de 2024.

Nas próximas horas e dias prevê-se formação de geada e gelo, especialmente nas regiões do interior e em particular no período da madrugada e início da manhã. Além disto, não se exclui a possibilidade de queda de neve nos pontos mais elevados da montanhas do extremo noroeste do Continente.

Até à próxima terça-feira (17) as temperaturas mínimas continuarão relativamente baixas e tipicamente invernais. No Nordeste Transmontano, em zonas do distrito de Vila Real e nalguns locais da Beira Alta prevê-se a formação de geada.

Durante os próximos dias - principalmente no domingo (15) e na segunda-feira (16) - as temperaturas máximas serão amenas em regiões como o Algarve, Área Metropolitana de Lisboa e em algumas zonas do Alentejo. Mas, nos vales das Regiões Norte e Centro (distritos de Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda) - onde o fenómeno de inversão térmica poderá persistir - é esperado nevoeiro matinal, projetando-se ainda a possibilidade de surgirem sincelos.

O anticiclone que dominará a situação meteorológica dos próximos dias vai atingir valores de pressão atmosférica muito altos, todavia, a sua posição não será muito estável, deslocando-se gradualmente para leste. Isto favorecerá um fluxo de ventos do quadrante Sul, que provocará uma subida significativa das temperaturas a partir de terça-feira (17).

Fluxo de humidade transportado pelos ventos do quadrante Sul poderá reforçar a precipitação gerada pelas frentes. No mapa esta configuração é representada pela variável climática da água precipitável.

Dependendo da localização final do anticiclone, o estado do tempo poderá alterar-se ainda mais durante a próxima semana, com um cenário mais ameno e húmido, semelhante ao que é comum no outono climatológico.

As altas pressões serão a principal característica meteorológica do início da próxima semana, assumindo, numa fase inicial, o protagonismo do estado do tempo de uma forma muito peculiar.

Pressão atmosférica superior a 1040 hPa, está à vista um anticiclone potente

O já referido anticiclone, surpreendentemente forte mas ao mesmo tempo bastante móvel, instalar-se-á a norte e deslocar-se-á gradualmente para nordeste, fazendo com que o início da semana de 16 a 22 de dezembro seja marcada por céu pouco nublado ou limpo, inversão térmica, nevoeiro matinal e possibilidade de sincelos, especialmente no interior Norte e Centro.

anomalia de temperatura 850 hPa
Este mapa mostra o centro do potente anticiclone (1043 hPa) situado sobre a França e as anomalias térmicas na camada dos 850 hPa, isto é, a cerca de 1500 metros de altitude.

Porém, tudo indica que esta situação de estabilidade meteorológica será “sol de pouca dura”. O ar quente vai penetrar território continental pelo sul da Península Ibérica, à medida que uma depressão formada no Atlântico se for aproximando da geografia de Portugal continental, e o anticiclone continuar a sua deslocação rumo ao centro da Europa.

Deste modo, a partir de terça-feira (16), a subida das temperaturas será notável nas máximas e, nos dias seguintes também nas mínimas. A geada ficará confinada a alguns locais da Terra Fria Transmontana.

“Sol de pouca dura”. A médio prazo é provável que surjam frentes atlânticas

A incerteza na previsão aumenta significativamente a partir de meados da próxima semana. Porém, a depressão localizada sobre o Atlântico poderá continuar a sua trajetória para nordeste, permitindo que as frentes associadas se aproximem da faixa costeira ocidental de Portugal continental.

Em princípio, a primeira frente poderá atingir o Noroeste e alguns locais do interior Norte e Centro do nosso país na próxima terça-feira (17). Este padrão poderá repetir-se e intensificar-se nos dias seguintes, com frentes algo mais ativas.

chuva portugal
É possível que as frentes atlânticas regressem a Portugal continental a partir da próxima terça-feira (17).

Embora ainda não seja possível determinar com precisão a intensidade ou as zonas potencialmente mais afetadas pela precipitação, perspetiva-se que estas frentes cheguem principalmente às regiões a oeste da Barreira de Condensação (com destaque para os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto e Aveiro).

Noutras zonas do país também poderá chover, principalmente no litoral, sendo que quanto mais para o interior, mais improvável será a ocorrência de precipitação.