Fim de semana prolongado do Dia do Trabalhador: Portugal estará entre as poeiras do Saara e uma depressão fria

Em poucos dias uma depressão fria posicionar-se-á ao largo da costa ocidental de Portugal continental. Preveem-se aguaceiros fortes e trovoada, mas também a possível chegada de ar quente carregado de poeiras do Saara. Saiba a previsão completa!
O estado do tempo em Portugal continental neste último fim de semana de abril está a ser condicionado pelo anticiclone em crista, que vai proporcionando uma grande estabilidade atmosférica e um tempo geralmente quente e seco. Espera-se que, com o estabelecimento do vento do quadrante Leste no domingo, 27 de abril, estas condições meteorológicas de céu geralmente limpo ou pouco nublado, com sol e calor, durem até à próxima terça-feira, 29 de abril.
É um sistema de baixas pressões que se descola da circulação geral da atmosfera, desenvolvendo uma tempestade à superfície com frentes e linhas de instabilidade associadas, sustentadas por ar frio em altitude.
É normalmente considerado pela maioria dos meteorologistas e climatologistas como uma etapa ou fase atingida por algumas gotas frias (também conhecidas por depressões isoladas em altitude).
Porém, como já explicamos aqui na Meteored nas mais recentes previsões, é preciso prestar atenção à formação e desenvolvimento de uma provável depressão fria isolada que se posicionará ao largo da costa ocidental de Portugal continental a partir de meados da próxima semana.
De acordo com os nossos mapas de referência, esta configuração sinóptica coincidirá com o último dia de abril e com o fim de semana prolongado de maio (envolve o feriado do Dia do Trabalhador e o Dia da Mãe), altura em que muitas pessoas irão aproveitar para tirar mini-férias e viajar pela nossa geografia.
Esta depressão vai condicionar o tempo em Portugal no fim de semana prolongado de maio
Na presente data ainda persiste uma elevada incerteza no que diz respeito à trajetória desta depressão. Contudo, é bastante provável que a mesma provoque condições meteorológicas muito diferentes consoante a zona do país em que as pessoas estiverem.

A subida em latitude de várias cristas anticiclónicas conduzirá ao estabelecimento de uma grande área de altas pressões entre os Açores e a Europa de Leste, pelo que a referida depressão ficará completamente isolada da circulação geral.
De terça (29) para quarta-feira (30) a depressão irá descolar-se da corrente de jato polar, situando-se ao largo da costa ocidental de Portugal continental. De acordo com o modelo de confiança da Meteored, a depressão fria poderá manter-se relativamente estacionária nesta zona, sem que o seu centro penetre realmente o nosso país. Com o passar dos dias, deverá encher-se, para finalmente ser reabsorvida pela circulação geral da atmosfera a partir do próximo fim de semana (dias 3 e 4 de maio).
Dependendo por onde a crista anticiclónica subir em latitude, a depressão fria aproximar-se-á mais, ou menos, da geografia do Continente. Este aspeto desempenha um papel importantíssimo para a previsão do tempo, uma vez que os seus efeitos poderão ser totalmente diferentes.
Mesmo o cenário mais provável na presente data, revela que algumas regiões do país poderão ser afetadas por aguaceiros e trovoadas localmente fortes, enquanto uma grande parte da nossa geografia estaria sob a influência de uma massa de ar quente, carregada de poeira em suspensão.
Uma depressão que poderá provocar tanto aguaceiros e trovoadas, como uma intrusão de poeiras do Saara
Os mapas de previsão mais recentes sugerem que a chuva convectiva (aguaceiros, trovoada e granizo) será mais frequente nalgumas regiões do Centro como Aveiro, Coimbra e Leiria, bem como nalguns locais a sul do Tejo e noutros do Nordeste Transmontano entre quarta-feira (30) e o próximo domingo, 4 de maio.
A precipitação convectiva seria mais fraca, dispersa e esporádica no resto do Continente, mas poderá chover em qualquer ponto do nosso país. No decurso da próxima semana também se preveem períodos de chuva e/ou aguaceiros de intensidades e durações variáveis, tanto no arquipélago dos Açores como no da Madeira.

Ao mesmo tempo, a depressão poderá impulsionar ventos do quadrante Sul ou Leste (Su-Sueste) que arrastariam consigo uma massa de ar quente carregada de poeiras do Saara em suspensão para várias regiões. A concentração destas partículas seria potencialmente mais acentuada no Algarve, Alentejo e nalgumas zonas da Região Centro.
Porém, como já foi explicado anteriormente, a incerteza na presente data ainda é muito significativa no que concerne à evolução desta depressão. O que está mais claro é que a estabilidade atmosférica não irá prevalecer nesta fase da primavera em Portugal.