Esta semana Kirk provocará uma grande mudança de tempo em Portugal: fenómenos adversos, dias-chave e distritos afetados

Temos pela frente uma semana muito adversa do ponto de vista meteorológico em Portugal, com a iminente chegada do ex-furacão Kirk, várias frentes muito ativas e a possibilidade de uma nova depressão isolada em altitude a partir de sexta-feira.

Como temos vindo a avisar na Meteored, esta semana é expectável um estado do tempo muito adverso em várias regiões de Portugal. Embora Kirk seja, sem dúvida, o principal protagonista da meteorologia nos próximos dias, prevê-se a chegada de mais frentes atlânticas ativas, como a que trouxe chuva na madrugada e manhã desta segunda-feira, 7 de outubro.

Além disto, perspetiva-se a possibilidade do nosso país ser visitado, na reta final desta semana, por uma depressão com núcleo ou bolsa de ar frio isolada em altitude.

Avisos amarelo, laranja e vermelho irão alargar-se a mais regiões

Na madrugada e até final da manhã de hoje (7) o nosso país foi atravessado por um primeiro sistema frontal ativo associado a uma depressão cavada, cujo centro se encontra nas imediações das Ilhas Britânicas.

Note-se que esta frente, que avançou lentamente pela nossa geografia ‘despejando’ chuva persistente, por vezes forte e acompanhada de trovoada, foi reforçada por um fluxo ameno e muito húmido proveniente do Atlântico (rio atmosférico), impulsionado, entre outros, por Kirk.

Até ao momento, as acumulações mais fortes ocorreram nas zonas que integram diagonalmente (orientação SO-NE) o sistema montanhoso Montejunto-Estrela. Durante o resto da tarde e ao início da noite de hoje a precipitação cairá em mais regiões do país, intensificando-se nas zonas a oeste da Barreira de Condensação e, em particular, no Minho, Douro Litoral e Região de Aveiro (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto e Aveiro - aviso amarelo em vigor neste momento).
frente chuva Portugal
Uma segunda frente atlântica, muito ativa, produzirá mais chuva em várias zonas de Portugal a partir do final da tarde e início da noite desta segunda-feira, 7 de outubro.

Até ao final desta segunda-feira (7) também deverá chover nas zonas a sul do Tejo, mas a quantidade será bastante escassa comparativamente ao resto do território. E, quanto mais para sul e para leste - Baixo Alentejo e Algarve - menor será a precipitação acumulada. Hoje o vento tem soprado fraco a moderado, com rajadas pontualmente fortes de Sudoeste e ocorreu uma ligeira descida das temperaturas, em particular das máximas.

Quanto aos arquipélagos, para hoje, os Grupos Ocidental e Central dos Açores estão sob aviso amarelo e laranja, desencadeados pela previsão de vento e precipitação pontualmente forte e acompanhada de trovoada. Além disto, a aproximação do ex-furacão Kirk também provocará um temporal marítimo agreste.

agitação marítima aviso vermelho açores
Prevê-se uma altura máxima de onda a rondar os 17-19 metros no Grupo Ocidental dos Açores na madrugada e manhã de terça-feira, 8 de outubro.

Dentro de poucas horas entrará em vigor o aviso vermelho de agitação marítima por previsão de ondas de oeste com altura máxima de 19 metros. Hoje, no arquipélago da Madeira, esteve céu nublado e precipitação fraca.

O ex-furacão Kirk vai passar muito perto de Portugal continental neste dia

Amanhã - terça-feira, 8 de outubro - começarão a ser sentidos os efeitos da aproximação de Kirk. Como já explicámos anteriormente, chegará à nossa geografia como um ciclone extratropical muito cavado.

Prevê-se um panorama muito agreste no Noroeste de Portugal continental, isto é, nas zonas que se situam a oeste da Barreira de Condensação (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, setores oeste de Vila Real e Viseu) e destas, o tempo estará particularmente gravoso e adverso no Minho e Douro Litoral.

Nestes distritos espera-se chuva localmente forte, que se estenderá a outras zonas da Região Norte e Centro durante a tarde quando o vento de Sudoeste soprar com rajadas entre 60 e 90 km/h.

Kirk passará perto de Portugal já como um ciclone extratropical muito cavado, ou seja, enquanto tempestade típica das latitudes médias. Em setembro e no início de outubro, é comum que antigos furacões cheguem à Europa transformados em tempestades.

Haverá aguaceiros fracos e dispersos, pontualmente moderados, noutras zonas das Regiões Norte, Centro, Área Metropolitana de Lisboa e Alentejo, tais como os distritos de Bragança, Guarda, Coimbra, Leiria, Lisboa, Santarém, Setúbal, Castelo Branco, Portalegre e Évora.

Nas primeiras horas da madrugada e manhã de quarta-feira (9), o centro do ex-furacão Kirk passará muito perto da Galiza - região vizinha do Norte de Portugal - produzindo uma situação meteorológica muito adversa, tanto nesta região espanhola como em grande parte do território português.

vento forte
Na manhã de quarta-feira, 9 de outubro, as rajadas de vento poderão atingir quase 120 km/h em locais montanhosos do Noroeste de Portugal continental.

De acordo com o modelo de referência da Meteored, haverá ventos sustentados de 90 km/h perto do centro de Kirk, semelhantes aos de uma tempestade tropical. A chuva atingirá Portugal continental de lés a lés e será localmente forte no Noroeste e nalgumas zonas do Centro.

Ainda na próxima quarta-feira (9), é preciso realçar que nem mesmo o efeito da orografia associado ao sistema montanhoso Montejunto-Estrela resistirá à intensidade da frente produzida pela tempestade Kirk, pelo que a chuva deverá cair nas regiões a sul do Tejo, como o Alentejo e o Algarve, ao percorrer o país de noroeste para sudeste.

Muita atenção ao vento! Soprará forte, prevendo-se rajadas entre 100 e 120 km/h em locais montanhosos do Alto Minho e Terras de Barroso e entre 80 e 100 km/h em grande parte das Regiões Norte e Centro.

Prevê-se que o período mais crítico do vendaval associado à passagem da tempestade Kirk ocorra entre as 04:00 da manhã e o meio-dia de quarta-feira, 9 de outubro.

Em toda a costa ocidental portuguesa haverá ondas de oeste com 5 a 6 metros de altura significativa, podendo atingir 12 metros de altura máxima, prevendo-se que o pico ocorra entre as 12:00 e as 20:00 de quarta-feira, dia 9.

A semana poderá terminar com acumulações superiores a 200 mm nestas zonas

Quinta-feira, 10 de outubro, representará uma jornada de transição e será um dia de tréguas na instabilidade meteorológica, embora curtas.

chuva Portugal
Até ao final desta semana, o ciclone extratropical Kirk, várias frentes atlânticas muito ativas e, talvez, uma depressão isolada em altitude deixarão mais de 200 mm de precipitação acumulada em vastas zonas de Portugal.

Isto porque, segundo os mapas da Meteored, a chuva poderá voltar a marcar presença em grande parte do país a partir de sexta-feira (11), avançando de sudoeste para nordeste. Nesse dia, deverá começar por regar primeiro as regiões a sul do Tejo. Na Madeira também haverá instabilidade logo na quinta-feira (10), que poderá intensificar na sexta (11) com aguaceiros fortes, caso este cenário se concretize.

A cartografia produzida pela Meteored antecipa que durante a semana, mais de 200 mm irão acumular-se em vastas zonas do Minho (quase 250 mm nalguns locais), enquanto que os 100 ou 150 mm serão largamente ultrapassados em grande parte do Norte e Centro do país.

Até mesmo em zonas a sul do Tejo, como o Alto Alentejo e a Península de Setúbal, o patamar dos 100 mm de precipitação acumulada poderá ser superado. Nesta semana de 7 a 14 de outubro choverá em todas as unidades territoriais portuguesas.

Temperaturas geralmente abaixo do normal, mas com algumas exceções

Até quarta-feira, 9 de outubro, as temperaturas mais elevadas registar-se-ão no Baixo Alentejo (Vale do Guadiana - distrito de Beja) e na metade oriental do distrito de Faro (Sotavento Algarvio), com valores de máxima em torno dos 25/26 ºC. Este panorama contrastará com o Norte e Centro, onde o tempo será mais desagradável devido à nebulosidade, ao vento forte e à chuva abundante.

temperatura máxima portugal
Na primeira metade da semana os locais mais quentes da unidade territorial do Continente registarão até 25/26 ºC de temperatura máxima.

Na Região Norte, as temperaturas máximas manter-se-ão abaixo dos 20 ºC durante a maior parte da semana, com um efeito de arrefecimento que se fará sentir após a passagem de Kirk, especialmente na quinta-feira (10).

Para a reta final da semana, especialmente a partir de sexta-feira (11), ainda há muita incerteza quanto à possibilidade de evolução de uma depressão que, caso se forme, se situaria a oeste de Portugal continental e começaria a condicionar o estado do tempo a partir desse mesmo dia (11 de outubro).