Esta semana em Portugal: calor intenso no Sul, forte nortada e regresso da chuva a algumas regiões
Não ocorrerá “domo” de calor em Portugal, mas algumas regiões rondarão os 40 ºC. Além da nortada tipicamente estival, onde se espera mais calor? E em que regiões se prevê chuva? Consulte a previsão!
Esta semana Portugal continental escapará por um triz a um “domo” de calor. Este fenómeno meteorológico estará, grosso modo, a condicionar fortemente o estado do tempo no Sul e Leste de Espanha, ao produzir calor intenso que poderá fazer com que os termómetros registem valores extremos da temperatura máxima - não estão descartados os 45 ºC, ou até mesmo mais no país vizinho!
O mecanismo atmosférico responsável por este estado do tempo em Espanha é um anticiclone isolado em camadas altas da atmosfera que ao situar-se sobre o Norte da Argélia, com temperaturas bastante elevadas em todas as camadas, impulsionará uma massa de ar em altitude proveniente do Saara e que, por subsidência, descerá às camadas mais baixas.
A forte radiação solar da época estival e uma temperatura à superfície do mar (entre 2 ºC e 3 ºC acima do habitual) contribuirá para que esta massa de ar tórrido mantenha as suas características extremas ao atingir território da Península Ibérica.
Tempo quente apenas no Algarve e pouco mais
O Aviso Amarelo para tempo quente estará em vigor até às 21:00 de quarta-feira, 12 de julho, no distrito de Faro (Algarve). O risco moderado de temperatura máxima extrema deve-se ao já mencionado anticiclone isolado em altitude e à sua massa de ar quente associada e proveniente do Saara. Tendo em conta a proveniência e a trajetória prevista deste mecanismo atmosférico, é natural que o Algarve, sendo a região mais meridional do nosso país, seja a mais afetada pelo calor intenso entre esta segunda (10) e quarta (12).
Como já foi mencionado, o calor intenso não irá atingir uma grande parte de Portugal. Aliás, nas restantes regiões, a maioria delas a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, estão previstas temperaturas dentro do normal para o verão ou inclusive abaixo da média (anomalia térmica negativa).
Um antes e um (possível) depois de quinta, 13 de julho… O que está por vir?
Esta segunda (10) registou-se uma subida generalizada da temperatura máxima e mínima. O tempo maioritariamente estável e soalheiro irá manter-se entre hoje e quinta-feira (13). Contudo, entre terça (11) e quinta-feira (13) será notória a repetição de um padrão meteorológico bem característico dos verões em Portugal continental. O primeiro dos aspetos a salientar deste típico padrão meteorológico estival, fortemente alicerçado nas altas pressões, é que haverá nevoeiros ou neblinas matinais, sobretudo junto à costa (litoral Norte, Centro e Oeste), podendo repercutir-se noutros locais do interior Norte e Centro.
O segundo dos aspetos a destacar: as nuvens que poderão persistir durante a madrugada e até final da manhã, sobretudo nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela. Aqui o papel desempenhado pela orografia é determinante na retenção de nuvens ou nebulosidade a norte do acidente geográfico mencionado. Daí o céu limpo ou pouco nublado na generalidade das regiões a sul. Pelas tardes, o céu também deverá abrir nas regiões mais setentrionais, ficando limpo ou pouco nublado.
O terceiro dos aspetos prende-se com a nortada de fraca a moderada intensidade (até 30 km/h) muito típica da época estival no nosso país. Nas tardes dos próximos dias, entre hoje e quinta-feira (13), o vento de Noroeste soprará pontualmente forte, sendo mais provável e frequente no litoral oeste a sul do Cabo da Roca e nas terras altas - até 40 km/h.
Por último, o quarto aspeto a salientar: a temperatura. Além do contraste de nebulosidade noturna e matinal norte-sul evidenciado pelo acidente geográfico Montejunto-Estrela, ocorrerá um contraste térmico bastante notório posto “a nu” pela influência da brisa atlântica. Uma maior ou menor temperatura do ar depende, em grande medida, da intensidade e trajetória da nortada: como esta possui uma procedência marítima, as temperaturas máximas no litoral ou em áreas próximas são claramente suavizadas em relação ao resto do país.
A anomalia térmica negativa que se visualiza perfeitamente no mapa animado acima exposto (anomalia de temperatura a 850 hPa) para as regiões a norte do Tejo deve-se não só ao carácter relativamente móvel das altas pressões (anticiclone não se mostra tão sólido como noutros verões), como a um vale depressionário no Atlântico Norte e ao próprio efeito da nortada. É por isso que, as temperaturas para esta semana estarão dentro do normal para o verão, ou inclusive abaixo da média nalguns dias, em algumas regiões.
Chuva de regresso a Portugal continental na próxima sexta, 14? Em que regiões?
O anticiclone responsável pela calma meteorológica da época estival está mais dinâmico do que o habitual (mais móvel e menos robusto). Com algumas depressões a circular pelo Atlântico Norte, e com uma boa parte delas a atingir a Irlanda e o Reino Unido, há pequenas frentes associadas que se “afunilam” em direção ao Noroeste da Península Ibérica (Galiza e Norte de Portugal).
O cenário meteorológico acima descrito é o que se prevê que possa acontecer na próxima sexta, dia 14, bem como no sábado, 15 de julho. A mais recente atualização dos mapas meteorológicos da nossa confiança (ECMWF) indicam provável chuva fraca no litoral a norte do Cabo Mondego a partir do início da manhã na sexta-feira (14).
Isto abrangeria os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra e possivelmente alguns pontos do interior Norte (Vila Real). Prevê-se também que o vento passe a soprar de Sul ou Sudoeste, sobretudo no Litoral Norte e Centro. No sábado (15) este panorama poderá repetir-se nestas mesmas regiões. Para domingo (16) espera-se, em princípio, céu limpo ou pouco nublado e nortada.