Entre segunda e terça uma depressão atlântica poderá gerar ventos ábregos e chuva forte em Portugal: zonas mais afetadas
Em poucos dias o sol e o frio darão lugar às depressões e frentes que irão descarregar chuva abundante em Portugal continental. Também está previsto um temporal de fortes ventos ábregos. Saiba mais na previsão!
Nos últimos dias, a aproximação de uma massa de ar polar continental ao nosso país - proveniente do interior do continente Europeu - e o predomínio das altas pressões criaram as condições ideais para que as temperaturas descessem durante a noite em Portugal continental, tendo sido registados alguns dos valores térmicos mais baixos desde o início do inverno. Para esta situação também contribuiu o vento fraco e do quadrante Leste.
O temporal de chuva abundante e vento forte que ocorrerá em Portugal continental entre segunda (20) e terça (21) será reforçado por um rio atmosférico. Esse 'reforço' é representado pela variável da água precipitável, que é a quantidade de água que se obteria se todo o vapor de água contido numa determinada coluna vertical de ar se condensasse e precipitasse.
Esta situação favorece o efeito de inversão térmica em algumas áreas deprimidas, como fundos de vales ou depressões, onde a temperatura durante as primeiras horas do dia é mais alta a altitudes mais baixas do que a altitudes mais elevadas, uma vez que o ar frio e mais denso fica confinado em camadas mais baixas.
Quando o inverno manifesta estas condições tipicamente anticiclónicas, com muito frio matinal e noturno e temperaturas mínimas negativas (até -6 ºC) em várias zonas, alguns dos fenómenos meteorológicos que tendem a ser gerados em Portugal continental, especialmente nas regiões do interior Norte e Centro são a geada, o nevoeiro e o sincelo.
Este panorama de tempo estável, frio, seco e geralmente soalheiro - grosso modo - durará até sábado, 18 de janeiro, pois a partir de domingo, dia 19, espera-se o enfraquecimento do anticiclone, o que permitirá a aproximação de depressões atlânticas e a chegada das suas respetivas frentes à geografia de Portugal continental.
Circulação atlântica ‘reabre’ no próximo domingo, 19 de janeiro
Sábado (18) será o último dia condicionado pelo anticiclone. Nas últimas horas do dia começaremos a assistir às primeiras alterações nas condições meteorológicas, com a nebulosidade a adensar-se no litoral Norte e Centro devido à aproximação da frente que regará todo o país no dia seguinte, 19 de janeiro.
A partir de domingo (19) o estado do tempo em Portugal continental registará uma mudança abrupta. A aproximação de duas frentes, a primeira associada a uma depressão que estará situada a oeste das Ilhas Britânicas e a segunda associada a uma depressão que estará a circular a oeste do arquipélago dos Açores, resultará na ocorrência de precipitação de norte a sul do país neste dia, concentrando-se maioritariamente nas Regiões Norte e Centro, mas também nalguns locais a sul do rio Tejo.
Apesar da tímida subida das temperaturas prevista para esse dia, o ar frio dos dias anteriores ainda estará bem presente, pelo que, não se descarta a possibilidade de queda de neve nalguns locais montanhosos e de planalto do interior Norte e Centro, localizados no Alto Minho, Terras de Barroso, Nordeste Transmontano e Maciço Central - Serra da Estrela. Aliás, a geada ainda poderá formar-se nalguns locais do interior Norte e Centro.
O vento passará a soprar de Sul, quadrante ao qual sempre se associa a instabilidade meteorológica e a provável ocorrência de precipitação. Inicialmente soprará fraco, mas nas jornadas seguintes - segunda (20) e terça (21) - soprará moderado a forte, com rajadas intensas em muitas regiões.
Está à vista uma tempestade atlântica: mais chuva a caminho e ainda um forte temporal de vento
Boa parte do dia de segunda-feira (20) registará períodos de aguaceiros, fracos e dispersos pelo território do Continente devido à frente do dia anterior. Porém, entre o meio e final da tarde, prevê-se um agravamento do tempo por causa da aproximação de uma tempestade atlântica, cujo centro estará cada vez mais perto da faixa costeira ocidental do nosso país. Esta tempestade gerará uma frente que distribuirá chuva de sudoeste para nordeste. Espera-se precipitação fraca a moderada, que poderá ser pontualmente forte nalgumas regiões.
Quase sem tréguas na chuva, já na terça-feira, 21 de janeiro e possivelmente a partir do meio-dia, a instabilidade voltará a agravar-se graças a uma segunda frente associada à mesma tempestade (ou depressão) atlântica. Desta feita, prevê-se que a distribuição da pluviosidade ocorra de noroeste para sudeste, cobrindo novamente toda a geografia do Continente.
De acordo com os atuais mapas de precipitação acumulada, os distritos potencialmente mais afetados pela chuva serão: Castelo Branco, Leiria, Viseu e Guarda, relacionado com o efeito orográfico do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, o litoral Norte e Centro, com destaque para os de Viana do Castelo, Porto e Aveiro, por causa da capacidade de retenção e nebulosidade da Barreira de Condensação. Saliente-se ainda alguns locais do Algarve (Faro) e da Área Metropolitana de Lisboa (Lisboa e Setúbal).
Os ábregos são ventos quentes e húmidos do quadrante Sul (normalmente de Sudoeste) que provocam normalmente chuvas fortes, sobretudo na metade ocidental da Península Ibérica e com particular ênfase na sua fachada atlântica, isto é, Galiza e Portugal continental.
Adicionalmente é expectável uma gradual subida das temperaturas, tanto das máximas como das mínimas, devido às massas de ar, que serão mais amenas e de origem tropical marítima, estando associadas aos ventos húmidos e temperados do quadrante Sul.
Espera-se ainda que um rio atmosférico reforce a precipitação gerada pela frente, sobretudo nas regiões mais expostas aos fluxos de Sul. Atenção ainda ao temporal de vento: a fase mais crítica está prevista para terça-feira (21), sendo estimadas rajadas máximas de 75 km/h nas terras altas do Norte e Centro.
Se as previsões dos modelos meteorológicos se cumprirem, as tempestades atlânticas e respetivas frentes continuarão a gerar mais chuva e vento forte após a próxima terça-feira (21).
Aliás, de acordo com os mapas de referência da Meteored, a próxima semana será mais chuvosa do que o habitual para a época do ano nas três unidades territoriais portuguesas (Continente, Açores e Madeira) uma vez que se vislumbram anomalias de precipitação positivas.