Entre amanhã e domingo estas serão as regiões de Portugal em que se prevê mais chuva, avisa a Meteored

Estamos à beira daquele que será provavelmente o mais importante episódio de chuva do ano, uma vez que a chuva que começará a chegar ao país nos próximos dias será fulcral para auxiliar os bombeiros no combate às chamas que assolam Portugal continental.

O tempo vai começar a mudar na zona em torno do Mar Mediterrâneo graças ao movimento de uma massa de ar frio associada a uma depressão isolada em altitude (gota fria) e à tempestade Boris, que, nos países da Europa Central e de Leste (Polónia, sul da Alemanha, Chéquia, Eslováquia, Áustria e Hungria) provocou inundações catastróficas.

Este movimento retrógrado provocará um aumento progressivo da instabilidade atmosférica no Mediterrâneo ocidental, que acabará por se estender a praticamente toda a Península Ibérica. Como o movimento retrógrado apresenta um rumo leste-oeste, diferente das habituais frentes e depressões das latitudes médias - daí a designação retrógrado, por ser ao invés do normal - Portugal continental, por efeito de latitude e orografia receberá pouca chuva.

Mesmo assim, numa altura em que o país se debate com uma das maiores calamidades dos últimos anos, a precipitação chegará no timing ideal, prestando um auxílio fulcral para os bombeiros que vão combatendo incansavelmente os incêndios florestais.

Como já foi referido, a precipitação não será particularmente abundante em Portugal continental, mas deverá chover de norte a sul da nossa geografia em algum momento dos próximos dias. De acordo com os mapas de referência da Meteored, o Norte e o Centro do país são as regiões para as quais se prevê mais chuva, sendo que destas se destacarão as zonas montanhosas.

Tampouco se descarta a ocorrência de algumas trovoadas. Noutras zonas do país estão previstos aguaceiros, que poderão ser pontualmente fortes, mas menos prováveis e frequentes. Além disto, já a partir de amanhã - quarta-feira, 18 de setembro - é esperada uma descida geral e acentuada das temperaturas.

incêndios imagem de satélite
Portugal despertou hoje com o céu amarelo e escurecido, repleto de fumo, cinzas e partículas provocadas pelos dantescos incêndios florestais que não param de se multiplicar pelo país. Imagem de satélite do fumo dos incêndios a entrar pelo oceano Atlântico às 16:00 desta terça-feira, dia 17.

O aviso amarelo de tempo quente manteve-se uma jornada mais em 8 distritos do Continente (Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Lisboa e Setúbal), tal como o temível vento do quadrante Leste, que com rajadas fortes tem continuado a contribuir para a propagação e progressão acelerada das chamas.

O tempo muito quente e seco (vento de Leste, temperaturas elevadas e níveis bastante reduzidos da humidade relativa do ar) têm sido fatores perniciosos para este panorama de incêndios.

Nos arquipélagos dos Açores e da Madeira o panorama meteorológico é completamente diferente. A primeira unidade territorial referida viveu períodos de céu muito nublado, com chuva e boas abertas, enquanto a segunda vai registando céu parcialmente nublado.

Mapa da humidade relativa (%) desta quarta-feira às 16:00 em Portugal continental. Apesar de um aumento dos valores, continuarão relativamente elevados em grande parte do país.

Esta quarta-feira, dia 18, o tempo já vai começar a mudar

Na quarta-feira (18) de manhã ainda subsistirá o vento forte do quadrante Leste em toda a geografia do Continente. Porém, é a partir da tarde de amanhã (18) que o estado do tempo começará gradualmente a alterar-se. Nas Regiões Norte e Centro, os ventos húmidos e frescos do Atlântico passarão a soprar de Noroeste, em particular nas regiões do litoral a norte do Cabo Carvoeiro. Também poderão soprar do quadrante Sul nalgumas zonas.

Estas condições meteorológicas de maior frescura e humidade - dado que se preveem valores ligeiramente mais elevados da humidade relativa do ar, nebulosidade e até mesmo alguma precipitação dispersa nos locais já referidos devido à aproximação da depressão isolada em altitude - serão fundamentais para o combate às chamas.

Na Região Sul o vento dominante soprará do quadrante Sul. Até ao final da manhã prevê-se uma probabilidade reduzida de ocorrência de precipitação na metade oriental do distrito de Faro (Sotavento Algarvio), já proveniente da referida depressão isolada em altitude ou gota fria.

De tarde poderá chover nalgumas regiões do interior, com destaque para a Beira Baixa (Castelo Branco). Por último e não menos importante, prevê-se uma descida geral e acentuada das temperaturas de norte a sul de Portugal continental, tanto das máximas como das mínimas.

probabilidade de chuva portugal
Este mapa de probabilidade de chuva e neve em % revela que no sábado, dia 21, a precipitação será mais provável às 16:00 na Barreira de Condensação (em torno dos 50%).

Na quinta-feira (19) as condições meteorológicas instáveis estender-se-ão a mais zonas do nosso país. As baixas pressões irão dominar o estado do tempo, pelo que a nebulosidade será abundante, especialmente no litoral Centro e Sul e em zonas montanhosas do Norte. Entre a meia-noite e o meio-dia de quinta-feira (19) os aguaceiros serão muito dispersos, mas poderão cair nos distritos da Guarda, e em várias zonas de toda a Região Norte, assim como nos distritos de Faro e Beja.

Durante a tarde a instabilidade continuará, alargando-se a outras zonas do país, tais como Setúbal, Évora, Lisboa, Leiria, Santarém, Coimbra e Portalegre. Nas zonas em que chover a precipitação, bastante dispersa e irregular, poderá ser acompanhada de trovoada. Além disto, espera-se uma nova descida das temperaturas máximas nas regiões do litoral a norte do Cabo Carvoeiro e uma ligeira subida das mínimas no interior Norte e Centro.

Sexta-feira com mais aguaceiros e com risco de trovoadas nas regiões montanhosas do Norte

Na sexta-feira (20) a referida depressão isolada em altitude irá deslocar-se para o norte da Península Ibérica, prevendo-se, pelo terceiro dia consecutivo, uma nova descida das temperaturas máximas nas Regiões Norte e Centro. Prevê-se, por isso, que os aguaceiros ocorram preferencialmente nas regiões a norte do Tejo.

Os 5 distritos onde se preveem os níveis de precipitação acumulada mais significativos

A incerteza é enorme, mas na presenta data os modelos sugerem que as acumulações de chuva mais significativas corresponderão aos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real, Porto e Aveiro. Nestes dois últimos estão atualmente ativos os Planos Distrital de Emergência e Proteção Civil devido aos incêndios florestais. Deste modo teremos excelentes notícias, caso esta previsão de chuva se concretize!

Quanto às trovoadas estimam-se que sejam mais prováveis em zonas do interior e em serras e montanhas do Norte de Portugal continental, em particular em locais pertencentes aos distritos de Viana do Castelo, Braga, Vila Real e Bragança.

Fim de semana com provável continuidade de precipitação

Para sábado, 21 de setembro, prevê-se, pelo quarto dia consecutivo, uma ligeira descida das temperaturas máximas, especialmente nas Regiões Norte e Centro e períodos de céu muito nublado. Além disto, persiste a possibilidade de nova ocorrência de aguaceiros, potencialmente acompanhados de trovoadas, sobretudo nas regiões do interior onde serão mais prováveis e frequentes.

De um modo geral, a precipitação será mais provável de tarde no dia 21, mas também deverá cair de manhã, embora com uma distribuição bastante desigual pelo território por causa da natureza errática típica das gotas frias. Quanto ao vento espera-se que sopre de oes-sudoeste, geralmente fraco e pontualmente com intensidade moderada.

chuva acumulada Portugal
Até às 22:00 de domingo, 22 de setembro, várias zonas do Norte de Portugal continental poderão registar entre 10 e 25 mm de precipitação acumulada.

No domingo (22) é expectável uma diminuição da instabilidade atmosférica, que deverá ficar remetida às Regiões Norte e Centro. Os modelos sugerem que os aguaceiros serão mais prováveis e frequentes nas regiões a norte de Montejunto-Estrela e a oeste da Barreira de Condensação devido ao efeito gerado pela orografia do território do Continente.

Nas últimas horas de domingo, 22 de setembro, o tempo começará a estabilizar na nossa geografia. Será um dia novamente marcado pela descida das temperaturas, com várias capitais de distrito a registarem temperaturas máximas inferiores a 20 ºC, tais como Viana do Castelo, Porto e Guarda.