Em breve uma massa de ar ártico poderá provocar uma mudança radical do tempo em Portugal: datas e possíveis fenómenos
A partir do fim de semana do feriado da Imaculada Conceição, o estado do tempo em Portugal poderá sofrer uma viragem de 180 graus! A subida em latitude do anticiclone poderá provocar a chegada de uma forte massa de ar frio à nossa geografia.
O modelo de referência da Meteored prevê uma alteração das previsões meteorológicas dentro da primeira quinzena de dezembro. Deste modo, a partir do dia 7 (próximo sábado), o anticiclone dos Açores subirá em latitude, obrigando uma massa de ar ártico ou polar a descer rumo a Portugal. A confirmar-se, esta massa de ar frio será uma das mais contundentes registadas no nosso país desde o final do verão.
À medida que o ar frio for descendo, é possível que uma depressão cavada se forme no Golfo de Lyon, com um forte temporal de tramontana associado (vento fresco e seco procedente de Norte que sopra em vários países mediterrânicos).
Neste momento, os modelos não excluem a possibilidade de que uma depressão fria isolada se forme e que, ao fazê-lo, mobilize uma segunda massa de ar polar continental, proveniente da Europa de Leste. O prazo da previsão ainda é longo, porém, os modelos vêm insistindo há dias neste cenário para o início do inverno climatológico.
Reviravolta brutal na previsão das anomalias médias semanais da temperatura
A última atualização dos mapas semanais do modelo Europeu revelam uma ‘viragem de 180 graus’ no estado do tempo para a semana de 9 a 16 de dezembro, que será fria em quase todo o território português. Em Portugal continental, as temperaturas médias da semana poderão situar-se entre 1 e 3 ºC abaixo dos valores normais.
Sendo assim, é provável que o avanço do inverno se torne mais evidente à medida que a reta final da semana avança, tanto nas temperaturas máximas como nas mínimas. Nos Açores o calor vai manter-se acima da média (entre +1 e +3 ºC nos Grupos Ocidental e Central e até +1 ºC no Grupo Oriental). Na Madeira não se observam anomalias estatisticamente significativas.
Além disto, durante a referida semana - a segunda semana de dezembro - é provável que as anomalias de frio mais notáveis na Europa ocorram em Portugal, Espanha, França, Itália e alguns países dos Balcãs (Croácia, Bósnia-Herzegovina e Montenegro). Esta previsão confirma que a hipótese da chegada de uma massa de ar frio no fim de semana da Imaculada Conceição (7 e 8 de dezembro) está a consolidar-se nos cenários projetados pelo modelo Europeu.
Haverá possibilidade de chuva ou até mesmo neve no fim de semana da Imaculada Conceição?
Ainda é bastante precoce tirar conclusões, mas o tipo de panorama meteorológico implicaria a chegada de ventos com reduzido teor de humidade à Península Ibérica.
O modelo de confiança da Meteored antecipa chuva entre 10 e 30 mm abaixo da média de norte a sul de Portugal continental e Açores, com a anomalia negativa de precipitação a ser ainda mais acentuada nas zonas onde habitualmente chove mais: Minho e Douro Litoral registariam entre 30 e 60 mm inferiores ao normal.
Na Madeira e no Sotavento Algarvio essas anomalias seriam mais moderadas (entre 0 e 10 mm abaixo da média de referência). Estas anomalias poderão mudar em futuras atualizações, dependendo da posição das depressões à superfície.
Quanto à neve, as regiões onde a sua ocorrência seria favorecida são aquelas onde os ventos de Norte e Nordeste percorreriam o oceano, permitindo que se encham de humidade. Deste modo, é preciso prestar atenção à possibilidade de queda de neve em serras e montanhas do extremo norte e Região Centro (Peneda-Gerês; Nordeste Transmontano e ainda a Serra da Estrela).
Nestas regiões, não se exclui a possibilidade de queda de flocos de neve a cotas altas (quiçá médias) devido à combinação de ar frio e humidade. Mesmo assim, seria sempre uma quantidade relativamente residual e, atenção: o prazo da previsão é demasiado longo pelo que estamos a referir-nos a uma probabilidade muito reduzida.
De qualquer das formas, com exceção das zonas setentrionais e centrais com características montanhosas, o episódio não será marcante no que diz respeito à precipitação. O fenómeno que terá de ser monitorizado com mais cautela, esse sim, são as temperaturas máximas e mínimas baixas, isto é, o frio intenso.