Depressões Kamiel e Juliette: em que regiões se prevê impactos mais fortes?
As depressões Kamiel e Juliette vão, ao longo dos próximos dias, provocar temporais de grande impacto em territórios ibéricos. Dos Açores às Baleares, espera-se vento forte, muito frio, chuva, neve e trovoada. Mas, haverá efeitos em Portugal continental? Consulte a previsão!
Uma boa parte dos territórios ibéricos, pertencentes a Portugal continental e Espanha, estarão expostos, hoje e nos próximos dias, a uma sequência de depressões, algumas de cariz atlântico e outras provenientes do Mediterrâneo. Juliette, a 10ª depressão de grande impacto da temporada 2022/2023 e Kamiel, a 11ª, foram nomeadas, no passado domingo (26) pela AEMET (Agencia Estatal de Meteorología) e pelo IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera), respetivamente.
Quanto a Juliette, deverá restringir-se ao nor-nordeste da Península Ibérica (portanto somente em Espanha), entre hoje e terça-feira (28), onde aliás já está a provocar queda de neve ao nível do mar (províncias de Barcelona e Tarragona, Ilhas Baleares e região da Cantábria Oriental) e também na alta montanha (Pirenéus). Além disso, deixará ventos fortes e precipitação. O ar polar continental em si contido, proveniente da Europa Central e Setentrional originou também uma descida acentuada da temperatura.
No resto de Espanha, e em Portugal continental, prevê-se um estado do tempo mais estável, mas mais frio, quer de dia, quer de noite. Durante a madrugada de terça-feira (28) haverá geada generalizada no interior do país, com destaque para as Regiões do Alto e Baixo Minho, Alto Tâmega e Douro, Viseu Dão-Lafões, Nordeste Transmontano e Beira Alta e, em particular, nas suas partes mais montanhosas. Também estará um ambiente igualmente gélido nas áreas do litoral, ao qual há que acrescentar o papel desempenhado pelo vento.
Quarta, dia 1: segunda bolsa de ar frio pode trazer neve ao interior Norte e Centro de Portugal
Entrados em março, isto é, a partir de quarta-feira, dia 1, o tempo em Portugal continental manter-se-á maioritariamente estável e pouco nublado ou soalheiro ao longo dos dias seguintes, embora com muito frio e com uma temperatura invulgarmente baixa para a época do ano tendo em conta que já estaremos a inaugurar a primavera climatológica.
No entanto, prevê-se que, nessa mesma quarta-feira (1), já após a retirada de Juliette em Espanha, uma segunda bolsa de ar frio isolada em altitude circule pelo Norte da Península Ibérica, chegando a penetrar de maneira muito efémera e rápida no Nordeste Transmontano e Beira Alta. Prevê-se assim a possibilidade de aguaceiros dispersos, que serão de neve acima dos 400/600 metros de altitude em pontos dos distritos de Bragança e da Guarda, além de nova descida da temperatura para valores mínimos muito baixos.
O tempo estará gélido na generalidade do território de Portugal continental, sobretudo no interior Norte e Centro (Vila Real, Viseu, Bragança, Guarda, Castelo Branco e Portalegre, entre outros) – distritos onde aliás já foi ativado o aviso amarelo – devido à chegada do ar polar continental arrastado por Juliette mais o segundo núcleo frio isolado em altitude. Isto fará com que haja persistência de temperatura mínima negativa, entre -1 e -6 ºC! em várias localidades do interior. Na quarta-feira (1) prevê-se aviso amarelo por tempo frio em 17 dos 18 distritos do nosso país!
Kamiel nos Açores: precipitação tormentosa, vento com força de furacão e agitação marítima
De acordo com o nosso modelo de referência (ECMWF), não será apenas Kamiel a única depressão responsável por deixar condições meteorológicas adversas no Arquipélago dos Açores. De facto, os mapas sugerem que poderá gerar-se uma sequência de centros de baixas pressões que passarão, ao longo da semana, ao largo das ilhas açorianas.
Voltando a Kamiel, esta depressão atlântica já está, desde esta segunda-feira (27) a provocar um temporal de grande impacto nos Açores. Estará, por volta das 21h de hoje, situada 500 km a oeste da Ilha das Flores e apresenta um mínimo de pressão de 988 hPa no seu centro. Com isto, prevê-se um poderoso vendaval nestes territórios nacionais insulares, com rajadas de vento ciclónicas (até 130 km/h) no Grupo Ocidental (Corvo e Flores), de até 100 km/h no Grupo Central (Faial, Pico, São Jorge, Graciosa e Terceira), menos intensas no Grupo Oriental (São Miguel e Santa Maria).
Como se não bastasse, espera-se chuva, que alternará entre períodos fracos e moderados, sendo por vezes forte e potencialmente acompanhada de trovoada. Espera-se que a precipitação de carácter tormentoso seja mais frequente nas ilhas dos Grupos Central e Oriental. Além disto, a agitação marítima será forte, prevendo-se um aumento da sua intensidade na quarta-feira, 1 de março. As ondas poderão atingir altura significativa de 9 metros no Grupo Ocidental, de 7 metros no Grupo Central e de 6 metros no Grupo Oriental.
Efeitos de Juliette e Kamiel em Portugal continental
Tal como já foi acima comentado, Juliette praticamente não terá efeitos em Portugal continental, a não ser um ligeiro contributo para o agravamento do tempo frio no interior da nossa geografia. Aliás, o já mencionado segundo núcleo de ar frio em altitude que surgirá na quarta-feira (1) passará ao de leve no Nordeste Transmontano e Beira Alta, e, nesse dia, espera-se que haja novo agravamento do tempo gélido e até mesmo possível queda de neve ao ser injetado em território nacional mais ar polar continental. Aí sim, o aviso amarelo por tempo frio alargar-se-á a quase todo o país, e só o Algarve deverá escapar.
Quanto a Kamiel, os efeitos em Portugal serão praticamente inexistentes. O tempo manter-se-á com um carácter anticiclónico, maioritariamente estável e com bons períodos de sol, por vezes nublados. No entanto, como consequência da circulação de Kamiel pelas águas atlânticas, a influência desta depressão será sentida nas áreas marítimas de responsabilidade nacional (ZEE de Portugal, Açores e Madeira).