Depressão Oscar: eis os riscos e impactos do temporal que vai atingir a Madeira
Nas próximas 48 horas os Arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias vão estar expostos à depressão Oscar, à qual estará associada um rio atmosférico. E em Portugal continental, que se prevê? Eis os possíveis impactos do iminente temporal!
Este domingo, 4 de junho, a AEMET (Agencia Estatal de Meteorología) atribuiu o nome Oscar a uma invulgar depressão atlântica, à qual está associado o arrasto de uma enorme massa de ar tropical que contém uma quantidade de vapor de água extraordinariamente elevada (rio atmosférico).
Esta é oficialmente a segunda vez que uma depressão atlântica é nomeada num mês de junho, desde que se começou com a lista conjunta de tempestades de alto impacto em vários países europeus, nos quais se inclui Portugal. A última vez ocorreu em 5 de junho de 2019 com a depressão Miguel.
Esta situação sinótica, que acarretará efeitos visíveis à escala insular nas próximas 48 horas, resultará assim no agravamento das condições meteorológicas nos arquipélagos da Madeira e das Canárias. Os avisos meteorológicos já estão oficialmente em vigor e poderão ainda sofrer alterações conforme a trajetória e intensidade da complexa depressão Oscar.
Tal como tão bem se observa no nosso mapa animado de água precipitável (tweet abaixo), uma novidade recém-lançada aqui na Meteored, a depressão Oscar, nascida perto dos Açores, arrastará consigo um extenso rio atmosférico - a dita massa de ar tropical com conteúdo em vapor de água extraordinariamente elevado.
Riscos e impactos previstos para a Madeira na segunda e na terça, 5 e 6 de junho
Como já foi mencionado anteriormente, para segunda (5) e terça-feira (6), prevê-se um substancial agravamento do estado do tempo no Arquipélago Madeirense, que, de acordo com as previsões, “levará em cheio” com o rio atmosférico associado à circulação de Oscar, isto é, será diretamente atingida.
O Aviso Vermelho já foi ativado pelo IPMA para as Regiões Montanhosas e para a Costa Sul do Arquipélago da Madeira, entre as 15:00 de 5 de junho e as 15:00 de 6 de junho. Espera-se que a chuva assuma um carácter forte e persistente, existindo um elevado risco de inundações rápidas, deslizamentos de terras e enxurradas.
A chuva forte e persistente provocará acumulações de, no mínimo, 165 mm. Como se isto não bastasse, poderá ocorrer trovoada pontualmente, bem como granizo e fortes rajadas de vento. Nas terras altas da Ilha as rajadas poderão atingir quase 100 km/h de velocidade máxima, ao passo que na vertente austral (sul) alcançariam 75 km/h.
Alguns dos possíveis impactos deste evento meteorológico severo, sobretudo na Costa Sul e nas Regiões Montanhosas da Madeira, são queda de árvores e infraestruturas, deslizamentos de terra, inundações rápidas ou repentinas, em particular em áreas historicamente vulneráveis e o arrastamento de detritos maciçamente. A Costa Norte também não se livrará do perigo, até porque já tem Aviso Laranja válido na decorrência da passagem deste episódio do tempo severo.
Recomendamos que tome as devidas medidas de salvaguarda e proteção pessoal, sempre escutando as instruções das autoridades insulares e entidades oficiais, para além de se manter constantemente atualizado connosco quanto às informações do estado do tempo.
Efeitos nos Açores e em Portugal continental
Os Açores também estarão expostos a este temporal de grande magnitude, contudo, não de forma tão severa. Das 9 ilhas que compõem este arquipélago, apenas a de São Miguel deverá tomar mais cautelas, sobretudo a metade oriental da Ilha que poderá somar quase 100 mm de precipitação em pouco mais de 48 horas.
Ainda assim, o reflexo à superfície da passagem da Depressão Oscar traduzir-se-á em precipitação distribuída um pouco por todos os Grupos de Ilhas, bem como em fortes rajadas de vento, e isto sim, poderá causar estragos nas várias ilhas dos Açores, especialmente quanto mais para leste. O risco de inundações e deslizamentos de terra, em particular em São Miguel não está totalmente descartado.
Quanto a Portugal continental, manter-se-á o tempo variável com períodos nublados e abertas (mais prováveis no litoral), e aguaceiros, trovoadas e granizo muito dispersos, irregulares mas potencialmente destrutivos de culturas agrícolas durante a tarde na segunda (5) e na terça (6) - mais prováveis no interior. Além disso, a temperatura subirá gradualmente, com algumas regiões da nossa geografia a poderem registar 30 ºC, sentindo-se um ambiente abafado e tropical devido à aproximação da depressão Oscar e do seu rio atmosférico associado.
Espera-se que a Depressão Oscar (sob a forma de frentes atlânticas) e o rio atmosférico a si conectado contribuam para um episódio de chuva relativamente abundante e generalizado em Portugal continental, com precipitação de carácter frontal e atlântico num mês de junho - algo relativamente raro e incomum para a época do ano. No entanto, a incerteza permanece relativamente elevada em relação ao tempo para o Continente.
Tudo isto devido às alterações que os modelos meteorológicos sofrem a cada saída. Nas próximas horas começarão a dissipar-se algumas dúvidas. Desse lado, mantenha-se connosco, sempre informado(a) quanto ao tempo para Portugal continental, Açores e Madeira!