Depressão Oscar chega a Portugal: saiba onde se prevê mais chuva nos próximos dias

A Depressão Oscar está cada vez mais perto de Portugal continental e as suas frentes associadas vão “despejar” chuva de norte a sul nos próximos dias. Saiba quais serão as regiões mais regadas, e até quando!

Depressão Oscar; Portugal
Depressão Oscar chega a Portugal. Eis até quando irá influenciar o estado do tempo no Continente e em que regiões se prevê mais chuva.

A invulgar Depressão Oscar já perdeu uma grande parte da sua robustez após ter atingido fortemente os Arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias nos primeiros dias desta semana.

Em Portugal continental os primeiros efeitos desta depressão anómala - Oscar - e do rio atmosférico associado fizeram-se sentir ontem - terça-feira 6 de junho - por meio de um fluxo subtropical bastante temperado, proveniente de Sul e que provocou um “disparo” na temperatura, de norte a sul da nossa geografia. Várias capitais distritais atingiram ou ultrapassaram 30 ºC!

E o ambiente sentia-se “abafado”, quente e a fazer lembrar o clima das regiões tropicais. As nuvens que povoavam o céu apresentavam-se escuras e inclusive nalgumas regiões choveu.

Quinta, 7 de junho: o período mais adverso da passagem da Depressão Oscar

Esta quarta (7) já caiu alguma precipitação, mas a maior “fatia de bolo” de instabilidade meteorológica será reservada para quinta-feira, dia 7. Entretanto, o estado do tempo nas próximas horas desta quarta-feira (7) em Portugal continental continuará a ser condicionado por algumas linhas de instabilidade derivadas da Depressão Oscar, que descreverão uma trajetória litoral-interior e sul-norte, começando por afetar primeiro as regiões mais austrais do país.

Prevê-se chuva, em geral, fraca, podendo ser pontualmente moderada no período entre as 18:00 desta quarta-feira (7) e o meio-dia (12:00) de amanhã, quinta-feira 8 de junho. Há risco de trovoada na noite de quarta (7) para quinta (8).

Contudo, a fase mais crítica deste episódio meteorológico deverá ocorrer durante a tarde de quinta-feira (8). Espera-se que as Regiões Norte e Centro sejam consideravelmente mais atingidas pela precipitação do que o Sul do país. Assim, de oeste para leste, e nas regiões a norte do sistema montanhoso Montejunto-Estrela, a chuva poderia cair fraca a moderada, por vezes forte. Também na sexta, dia 9, deverá chover.

Além disto, devido ao ar muito quente junto ao solo, ao elevado conteúdo de humidade, à grande quantidade de nebulosidade e ao vento a soprar do quadrante Sul, estarão reunidas condições favoráveis à ocorrência de trovoada e queda de granizo, mais prováveis nas terras altas e nas regiões montanhosas do interior Norte e Centro.

Contudo, não se descarta que ocorram também no litoral. Consulte aqui o nosso mapa de densidade de raios para estar constantemente atualizado quanto à informação meteorológica.

De acordo com o nosso modelo de maior confiança (ECMWF), até à madrugada de sábado, 10 de junho, prevê-se uma acumulação pluviométrica ligeiramente superior a 100 mm na Região do Minho (Viana do Castelo e Braga), variando entre os 60 e os 100 mm noutras áreas geográficas do Norte e do Centro, tais como o nordeste do distrito de Vila Real, o interior do distrito de Aveiro, a metade norte do distrito de Castelo Branco e uma pequena área no sudoeste deste mesmo distrito.

Também são esperadas acumulações de chuva significativas nos distritos do Porto, Bragança, Viseu, Guarda e Coimbra, aproximadamente entre 40 e 60 mm de chuva. Por último, a sul da Nazaré as acumulações deverão situar-se abaixo do patamar dos 40 mm. Poderão atingir apenas 5 mm em grande parte do Alentejo, entre 10 e 20 mm no Algarve e até 35 mm no distrito de Lisboa.

Outros efeitos do tempo instável em Portugal continental e possíveis impactos

Além da chuva e possível ocorrência de trovoada e queda de granizo, espera-se também um aumento significativo da intensidade do vento do quadrante Sul associado à proximidade da Depressão Oscar a Portugal. As rajadas poderão atingir velocidades máximas de 65 km/h no litoral Oeste e, nas terras altas, de 75 km/h, com o sistema montanhoso Montejunto-Estrela a desempenhar um papel crucial na distribuição geográfica da precipitação e da intensidade do vento.

Os possíveis impactos causados pela Depressão Oscar prendem-se, sobretudo, com a chuva e com o vento: nos períodos de chuva mais intensa poderão ocorrer inundações rápidas e localizadas e isto, em regiões cujos solos e culturas agrícolas já foram imensamente fustigadas nas últimas semanas pelo granizo e pelo regime irregular mas intenso de precipitação, poderá trazer outra dose de problemas à escala local (em particular no interior Norte e Centro).

Apesar disto, em qualquer das áreas geográficas a norte de Montejunto-Estrela poderão ocorrer impactos decorrentes da passagem das frentes associadas à Depressão Oscar, tais como transbordamentos de rios ou ribeiras, inundações localizadas, deslizamentos de terras ou derrocadas. Considere-se também que, após uma primavera climatológica sequíssima, alguns solos podem não conseguir reter, infiltrar e absorver adequadamente a água da chuva.

O vento forte do quadrante Sul também poderá causar alguns estragos em infraestruturas ou provocar a queda de árvores. É de realçar que os efeitos da Depressão Oscar no Continente não serão, nem de perto, tão agressivos como na Madeira e no Grupo Oriental dos Açores. No entanto, todo o cuidado é pouco e a aposta numa política de prevenção, e não de reação, perante riscos meteorológicos deste calibre é sempre de louvar!