Depressão Karim a caminho de Portugal: onde terá maior impacto?

Vem aí a tempestade Karim que consigo trará chuva, vento com rajadas superiores a 100 km/h em alguns locais e agitação marítima. Também há risco de “chuva de lama”. Da Madeira para Portugal continental, onde terá maior impacto esta depressão atlântica?

chuva; vento; mar agitado; depressão Karim
Esta tempestade atlântica acarreta vários riscos na passagem entre a Região Autónoma da Madeira e Portugal continental.

A depressão Karim, nomeada pelo serviço meteorológico espanhol (AEMET), é a 11 ª tempestade da temporada 2020/2021 e os sistemas frontais que lhe estão associados vão deixar muita chuva, vento forte e agitação marítima em Portugal continental, sobretudo no litoral Norte e Centro. Mais uma vez, serão as regiões do Minho e Douro Litoral as principais fustigadas pela intempérie, a par da da Madeira.

A depressão Karim chega primeiro à Madeira

Esta tempestade, cada vez mais organizada e consolidada em pleno Oceano Atlântico, está em deslocamento a oeste das Ilhas Britânicas, possui uma pressão mínima de 958 hPa no seu núcleo, apresenta rajadas de vento de até 130 km/h no seu flanco sul e está a gerar ondas de 10 metros de altura.

Entre sexta-feira e domingo, a depressão Karim, vai circular pelo arquipélago madeirense, deixando reunidas as condições para vento muito forte, com rajadas máximas superiores a 100 km/h na Costa Sul e nas Regiões Montanhosas, atingindo particularmente as localidades da Calheta, Ribeira Brava e também a capital da ilha, o Funchal.

A chuva será persistente, por vezes forte, possivelmente acompanhada de trovoada e granizo nos momentos de maior instabilidade. Já na Costa Norte, para além do aumento da agitação marítima, com as ondas de noroeste a atingirem 5 metros de altura, será registada precipitação intensa em localidades como São Vicente e Porto Moniz.

Segundo o nosso modelo de maior confiança, o ECMWF, o período crítico será na manhã do dia 20 de fevereiro, próximo sábado. Há possibilidade da formação do fenómeno conhecido como “chuva de lama” surgir, que deriva da junção da chuva com as partículas em suspensão geradas pelas poeiras africanas. A precipitação pode acumular mais de 70 l/m2 até domingo, dia em que o tempo já apresentará melhorias graduais, com o vento a mudar completamente de quadrante.

E em Portugal continental?

Esta sexta-feira ainda cairá alguma precipitação fraca associada a uma frente de reduzida intensidade, depois de uma quinta-feira muito chuvosa, sobretudo de manhã, acompanhada de vento moderado a forte em muitos pontos do território.

A depressão Karim (ou parte dela), chegará a Portugal continental na madrugada de sábado, aumentando gradualmente de intensidade. Atingirá o ponto mais crítico a meio da tarde, altura em que a chuva cairá forte e persistente. Em 48 horas, a acumulação total de precipitação poderá ser superior a 100 l/m2 na região do Minho.

O vento de sudoeste, que arrasta ar húmido e instável desde o Atlântico, vai soprar com mais força ao longo dos próximos dias, sobretudo no sábado, podendo superar os 100 km/h em alguns pontos da região Norte, destacando-se no litoral, o distrito de Viana do Castelo, e nas terras altas o distrito da Guarda. Não se descarta a possibilidade da chuva vir acompanhada de trovoada e granizo.

Tal como na Madeira, é possível que em partes de Portugal continental, devido à concentração elevada de partículas em suspensão registada hoje e amanhã, dia 19, se registe “chuva de lama” no dia 20 que limpará da atmosfera essas mesmas partículas. É possível que surjam ondas de oeste/sudoeste com 5 metros de altura.

No domingo o tempo estabiliza, mas fica mais frio

Com o vento a girar para o quadrante Norte, a instabilidade deverá dissipar-se em grande parte do país, esperando-se tempo mais estável, com raios de sol a espreitar e alguma nebulosidade.

Para domingo, apesar do tempo ficar mais estável em grande parte do território continental, está prevista uma descida significativa das temperaturas

No entanto, no interior Norte e Centro, estão previstos alguns aguaceiros, e vento de Noroeste de fraca a moderada intensidade.