Depressão Garoe vai trazer uma mudança radical de tempo a Portugal: eis os fenómenos previstos e distritos mais afetados
A sétima tempestade atlântica de grande impacto Garoe vai provocar um episódio de três dias de chuva abundante, estando previstas acumulações superiores a 100 mm em várias regiões de Portugal.
Está prestes a arrancar uma semana muito chuvosa em Portugal continental, principalmente devido à chegada da depressão Garoe, que trará vento forte entre segunda (20) e quarta-feira (22). Porém, este domingo (19) já está a chover graças a uma frente gerada por uma depressão situada a oeste das Ilhas Britânicas. Para o final da semana de 20 a 26 de janeiro, os mapas revelam a aproximação de novas frentes atlânticas.
Tudo isto provocará o episódio de precipitação mais significativo desde o início de 2025, sendo essencial para ‘alimentar’ campos, rios, albufeiras e barragens e aliviar a seca em várias regiões portuguesas.
Garoe trará chuva abundante e outros fenómenos meteorológicos adversos
A previsão das anomalias de precipitação do modelo de referência da Meteored (ECMWF) traz-nos boas notícias: a próxima semana será bastante chuvosa de norte a sul de Portugal continental. A chuva será muito abundante em toda a nossa geografia devido à influência dos ventos intensos do quadrante Sul provocados pela depressão Garoe.
As regiões que a chuva mais beneficiará serão quase todos os distritos que compõem o Norte e o Centro (Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Vila Real, Viseu, Guarda e Castelo Branco), onde se chegam a observar anomalias que estão fora da escala dos mapas, ao ultrapassarem os 90 mm acima da média climatológica de referência. Em nenhum outro país da Europa (com exceção das Serras Morena e de Gredos em Espanha) se preveem anomalias de precipitação tão pronunciadas.
De segunda (20) a quarta-feira (22) inclusive, a chuva associada a Garoe será persistente em toda a unidade territorial do Continente. No decurso deste episódio, a precipitação poderá ultrapassar os 100 mm nos distritos situados a oeste da Barreira de Condensação (Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e setores ocidentais de Vila Real e Viseu), alguns distritos do litoral Centro (Leiria) e interior Centro (Castelo Branco e Guarda), grande parte do Sotavento Algarvio (Faro).
Destaque-se ainda a cidade de Portalegre e povoações adjacentes que, situadas a oeste da serra de São Mamede, poderão ver os ventos ábregos embater na barreira montanhosa e despejar precipitação abundante de até 100/120 mm acumulados nos próximos dias. À escala local, estes valores podem mesmo vir a ser superados.
É de salientar ainda que, já durante a tarde deste domingo (19) e as primeiras horas de segunda-feira (20) poderá nevar acima dos 800 metros de altitude nas serras mais interiores do extremo norte (no Alto Minho, Terras do Barroso e Nordeste Transmontano) e acima dos 1400 metros de altitude na Serra da Estrela.
Acrescente-se ainda que poderá por vezes ocorrer trovoada localizada nalgumas zonas do país ao longo dos próximos três dias, estando ainda previsto uma forte agitação marítima em toda a faixa costeira do nosso país.
Por outro lado, como já foi explicado na Meteored, a chuva será estimulada pela presença de um rio atmosférico, que transportará vapor de água diretamente das latitudes subtropicais. O rio atmosférico afetará todo o território de Portugal continental a partir da zona que se estende desde o Cabo de São Vicente ao Golfo de Cádiz.
O vento de Sudoeste vai ficar cada vez mais forte à medida que a tempestade se for aproximando, estando a sua entrada prevista em Portugal para a próxima quarta-feira (22). São esperadas rajadas de até 75-80 km/h, sobretudo nas Regiões Centro e Sul, tanto no litoral como nas terras altas. No Norte não se espera que o vento tenha tanta influência.
As temperaturas vão subir e a amplitude térmica diária será muito baixa
A depressão Garoe vai impulsionar ventos temperados e muito húmidos vindos do Atlântico, pelo que dificilmente haverá condições para a formação de geada nas regiões do interior Norte e Centro. Adicionalmente, prevê-se ainda uma subida gradual das temperaturas, tanto diurnas como noturnas, graças à influência da massa de ar tropical marítima.
Na segunda-feira (20) ainda haverá máximas abaixo dos 10 ºC nalgumas capitais distritais do interior Norte e Centro, nomeadamente em Bragança e na Guarda, mas no resto do país serão superiores a este patamar, com a mais elevada (17 ºC) esperada para as cidades de Lisboa, Setúbal e Faro. Quanto às mínimas poderão oscilar entre 10 e 15 ºC em quase todo o país, exceto no interior Norte e Centro, na capital distrital de Braga e no Alto Alentejo - onde os valores serão inferiores.
Para terça-feira (21) prevê-se uma nova subida das temperaturas em todo o país. A amplitude térmica diária será muito reduzida, lembrando valores mais típicos de latitudes tropicais. Se excluirmos os 4 distritos do interior Norte e Centro (Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda) - onde se prevê um ambiente algo mais fresco do que no resto do país - as máximas oscilarão entre 14 ºC em Aveiro e Braga e 18 ºC em Faro e as mínimas entre 9 ºC em Braga e 15 ºC em Faro.
Para quarta-feira (22) espera-se uma pequena descida das temperaturas mínimas, mas máximas com valores amenos e mais aproximados aos que costumam surgir na estação primaveril.