Depressão Garoe deixará chuva de até 175 mm nos próximos dias: Alfredo Graça alerta para esta aposta do modelo europeu

Está por horas a anunciada mudança de tempo! Como temos vindo a explicar na Meteored desde há alguns dias, a situação meteorológica vai mudar drasticamente na nossa latitude. As altas pressões a oeste de Portugal continental vão enfraquecer substancialmente nas próximas horas e já amanhã - domingo, 19 de janeiro - chegará uma primeira frente que deixará precipitação nas Regiões Norte e Centro, e nalguns locais a sul do rio Tejo.

Há que prestar atenção ao que se desenrolará nos dias seguintes! Uma tempestade atlântica, denominada Garoe pelo IPMA (delegação regional dos Açores), aproximar-se-á do Continente e impulsionará ventos quentes e muito húmidos (de Sul/Sudoeste) do Atlântico. Uma sequência de frentes muito ativas chegará devido à proximidade do centro da depressão barométrica.

Prevê-se chuva abundante logo na segunda-feira (20) graças a uma primeira frente que varrerá a nossa geografia de Sudoeste para Nordeste. Entretanto, os mapas revelam que a tempestade Garoe (o seu centro) atravessará o noroeste da Península Ibérica - Galiza e Minho - entre a segunda metade do dia de quarta-feira, dia 22 (a partir do meio-dia) e as primeiras horas de quinta-feira (23).

Por exemplo, será muito escassa nas regiões do interior Norte e Centro (Bragança, Guarda e setores orientais dos distritos de Vila Real e Viseu), por estarem situados a sotavento da Barreira de Condensação com circulações de sudoeste. Prevê-se uma acumulação inferior a 30 mm. Esta mudança de tempo também se fará sentir nos arquipélagos dos Açores e da Madeira, cuja situação analisaremos mais abaixo na notícia.

Os mapas de referência da Meteored preveem acumulações bastante consideráveis - entre 100 e 175 mm - até quinta-feira (23) à noite nas regiões situadas a oeste da Barreira de Condensação (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e setores ocidentais dos distritos de Vila Real e Viseu), naquelas zonas que se dispõem ao longo do sistema montanhoso Montejunto-Estrela (locais dos distritos de Leiria, Coimbra, Castelo Branco e Guarda), parte do distrito de Lisboa e ainda nas áreas montanhosas do Alto Alentejo (distrito de Portalegre) e Algarve (distrito de Faro).

Também será muito forte, de um modo geral, em todo o Alentejo sobretudo no litoral (parte do distrito de Beja que desemboca no mar) e no distrito de Portalegre, na Beira Baixa (distrito de Castelo Branco) e na Região Centro em geral (especialmente os distritos de Coimbra, Leiria e Santarém).

Mais de 150 mm previstos nestas regiões portuguesas

Estas regiões da unidade territorial do Continente possuem em comum o facto de estarem muito expostas à chuva e, além disso, a precipitação é frequentemente reativada e intensificada pelo efeito da orografia. Os nossos mapas mostram acumulações superiores a 100/150 mm, podendo aproximar-se de 175 mm nalguns locais do litoral Norte e Centro, da Beira Baixa, do Alto Alentejo e algumas zonas do Algarve.

Nas zonas ocidentais da ilha do Pico (Grupo Central dos Açores) e da ilha da Madeira também são esperadas acumulações iguais ou superiores a 100 mm.

Destaque-se igualmente o aumento gradual da agitação marítima no Continente, com ondas de sudoeste que poderão atingir 5 metros de altura significativa e até 8/10 metros de altura máxima nos dias 21 e 22 de janeiro.

Tudo indica que os ventos de Oeste vieram para ficar vários dias

A precipitação será menos abundante quanto mais para nordeste. A chegada destas massas de ar quente e húmido (de origem tropical marítima) fará com que ocorra uma subida das temperaturas, tanto diurnas como noturnas. O vento de sudoeste soprará com rajadas fortes de norte a sul (até 75 km/h) durante a aproximação da tempestade Garoe ao país.

Atenção ao risco de inundações nas zonas historicamente vulneráveis! E cautela também com a deslocação próxima a rios e outros cursos de água, há risco de transbordamentos naqueles em que a chuva for mais abundante.

Os principais modelos meteorológicos vislumbram a possibilidade de que, a partir do próximo fim de semana (26 e 27 de janeiro), a corrente de jato polar ‘descole’, com a circulação de oeste ou sudoeste a assumir o controlo do estado do tempo e provocando condições meteorológicas com temperaturas mais amenas e chuva tendencialmente intensa em grande parte da geografia de Portugal continental.

E nos Açores e Madeira? Foram emitidos avisos laranja e amarelo

A depressão Garoe vai começar a influenciar o estado do tempo no arquipélago dos Açores ao início da noite de hoje, 18 de janeiro. De acordo com os mapas é expectável que a depressão Garoe provoque chuva em todas as ilhas açorianas, podendo ser pontualmente forte. Espera-se o aumento da força do vento, a soprar de sudoeste rodando gradualmente para norte, com rajadas até 110 km/h no Grupo Ocidental e 100 km/h nos Grupos Central e Oriental.

No que concerne à agitação marítima, são esperadas ondas de oeste passando a norte, podendo alcançar 7 a 9 metros de altura significativa no Grupo Ocidental, 7 a 8 metros de altura significativa no Grupo Central, e 5 a 7 metros de altura significativa no Grupo Oriental.

No que diz respeito ao arquipélago da Madeira estão previstos períodos de chuva, que poderá ser pontualmente forte a partir do meio da manhã de segunda-feira, 20 de janeiro, um panorama que deverá manter-se até quarta-feira (22). Adicionalmente, prevê-se um aumento da intensidade do vento, que soprará de sudoeste, deixando rajadas de cerca de de um modo geral 75 km/h, e de até 95 km/h nas Regiões Montanhosas.

Realce-se ainda o aumento gradual da agitação marítima nas ilhas da Madeira e de Porto Santo, com ondas de noroeste que poderão atingir 6 metros de altura significativa na costa norte e ondas de sudoeste de até 5 metros de altura significativa na costa sul nos dias 21 e 22 de janeiro.